Page 20 - Revista da Armada
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sença de mareantes e artífices das coisas do    tando todos os esclarecimentos necessários
mar – mar de onde lhe vinha o pescado e o       no que diz respeito ao respectivo empenho
comércio, mas também a guerra e o desassos-     operacional. No mesmo piso de entrada, a
sego, se andava “moiro pela costa”. Daí que     Direcção do Serviço de Saúde instalou um
os algarvios tanto se tenham preocupado com     posto para “acção, promoção e rastreio de
a situação portuguesa no Norte de África, te-   saúde” que convidava os visitantes a efec-
mendo o abandono de praças que resultavam       tuar, de forma gratuita, testes de diagnósti-
no enfraquecimento da vigilância e no desen-    co de saúde. Num dos sectores do andar
volvimento de outros tantos coios de piratas.   inferior do teatro, estavam representados a
Foi destas terras que saiu muita gente para as  Escola Naval, com a presença do recém-
armadas de guarda costa e guarnições além-      criado Centro de Investigação Naval (CI-
-mar; e foram eles também que sempre protes-    NAV) apresentando alguns dos projectos
taram contra a retirada de Arzila, propondo-se  que decorrem no âmbito do seu trabalho;
acudir com navios, soldados e dinheiro, sem-    e a Escola de tecnologias Navais, com um
pre que sabiam que Mazagão tinha sido cerca-    pequeno posto do Departamento de For-
da, queTânger estava em perigo, ou que Ceuta    mação Geral, onde permanentemente se
precisava de ajuda. Andaram pela Índia e pelo   faziam pequenos artefactos em “arte de
Brasil como todos os outros portugueses, mas    marinheiro”. Esta actividade atrai sempre
estiveram muito mais ligados a uma vertente     um grande número de pessoas, fascinadas
menos espectacular da actividade marítima       pela forma como podem trabalhar-se os
portuguesa que foi a defesa da costa, a vigi-   pequenos cordões e linhas de algodão, ha-
lância do Mediterrâneo e a prevenção e luta     vendo sempre uns mais curiosos que, ime-
contra o flagelo do corso, que tiveram uma im-  diatamente, querem aprender a fazer uns
portância enorme na segurança do país, des-     quantos nós e voltas menos complicadas.
de que completou as suas fronteiras a sul, em   Numa vasta área deste piso estavam ainda
meados do século XIII.                          expostas actividades da Comissão Cultural
As comemorAções do diA dA mArinhA               de Marinha, com representações do Museu
                                                de Marinha, do AquárioVasco da Gama, do
  Os portimonenses sabem espreitar o mar e      Planetário e do Arquivo e Biblioteca, onde
ouvir todos os seus gritos e murmúrios, desde   era possível ver alguns documentos antigos
há séculos. Eles foram os homens do infante     relacionados com a cidade de Portimão.
D. Henrique e de Vasco da Gama, como são        Estavam presentes, também, a Academia
os que hoje continuam a cruzar o Oceano, em     de Marinha, com algumas das obras por si
navios cinzentos com bandeira portuguesa,       editadas, e o Comando da Zona Marítima
desempenhando missões na Somália ou em          do Sul, cuja jurisdição abrange o porto de
Timor. E a cidade recebeu-nos com o carinho     Portimão. Visitaram esta parte da exposi-
de quem recebe gente amiga e familiar, mos-     ção da Marinha cerca de 2000 pessoas, de
trando-nos que esta nossa Marinha é também      que algumas centenas fizeram o teste de
a sua Marinha.                                  rastreio de saúde, recebendo o respectivo
                                                boletim de registo, para sua própria infor-
  E foi com esse entusiasmo que acorreram a     mação e para tomarem as medidas que
todas as realizações que tiveram lugar durante  lhe eram aconselhadas pelo pessoal téc-
a semana de 15 a 23 de Maio último, desde       nico presente.
que foram inaugurados os diferentes pólos da
exposição pública das actividades da Armada,      O outro pólo expositivo envolvia outro
abrindo-se a visitas algumas da unidades na-    tipo de actividades, encaradas como mais
vais presentes e facultando-se a possibilidade  “radicais” ou, pelo menos, mais emocionan-
de sair para o mar embarcando nos nossos na-    tes para quem as observava podendo expe-
vios e experimentando um pouco da vivência      rimentar algumas delas. Estavam instaladas
quotidiana a bordo.                             junto ao Ponto de Apoio Naval de Portimão,
                                                junto à foz do Arade e perto da Marina, num
  O núcleo mais abrangente da exposição         local bastante aprazível e adequado para
ficou instalado no Teatro Municipal de Porti-   este tipo de experiências que atraem, sobre-
mão, dividido em várias secções. Uma delas,     tudo, a juventude. Os NRP “Hidra”, “Cen-
com grande visibilidade e representação, era    tauro” e “Orion” saíram diversas vezes para
a que dizia respeito à Direcção-Geral da Au-    o mar com pessoal civil embarcado, com
toridade Marítima (DGAM) e ao Comando           a ideia básica de fazer o baptismo de mar
Naval, com todas as unidades dele depen-        de quem nunca tinha navegado. Estou em
dentes, apresentando o seu material e pres-

20 juNho 2010 • Revista da aRmada
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