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ABERTURA DO ANO OPERACIONAL 2011/12
Decorreu no passado dia 4 de No- demos de todos, é replicável nesta nau em que todos lhor indicador de desempenho pode ser retirado dos
vembro, no CITAN, a Abertura do voluntariamente embarcámos, e que dá pelo nome comentários altamente elogiosos para o profissiona-
Ano Operacional 2011/2012. de Marinha. lismo do nosso pessoal tecidos pelos comandantes
Um dos objectivos desta cerimónia con- dos contingentes nacionais; concluiu-se a viagem
siste em fazer o balanço anual da actividade O ano operacional que hoje simbolicamente de circum-navegação da Sagres, numa demonstra-
realizada e daí tirar lições, traçar metas e pers- cessa, ainda que podendo perder em intensidade ção exemplar da importância da Marinha no apoio
pectivar o futuro. É o momento de reconhe- por comparação com anos anteriores, saldou-se por à política externa e que nos transportou para níveis
cer publicamente o trabalho efectuado pelos uma maior eficácia em boa parte da actividade exe- inusitados de mediatismo positivo; finalmente, foi
que – no mar, a partir do mar, no litoral e nos cutada e, importa salientá-lo, com níveis de segu- assegurada a prontidão e o dispositivo que constitui
serviços em terra – dão o melhor do seu esfor- rança de que nos podemos orgulhar. Atentas as cir- a Componente Naval da FRI.
ço e dedicação ao País e à Marinha. cunstâncias do presente, não me coíbo de qualificar
como muito satisfatórios os desempenhos havidos, De salientar também a participação da Jacinto
Este ano a abertura formal do ano ope- mercê não só de um emprego exigente e racional Cândido na NEAFC/NAFO, tendo os inspectores
racional teve um formato dife- dos recursos humanos, materiais e financeiros ao
rente, uma vez que não houve dispor, mas também, fundamentalmente, fruto dos embarcados manifestado grande apre-
a tradicional cerimónia militar resultados obtidos. ço pelo profissionalismo patenteado
e revista naval, tendo-se optado pela guarnição do navio.
por um formato mais sóbrio e Admito que poderá ser fastidioso enunciar as
parcimonioso, valores que, nas actividades operacionais desenvolvidas durante o No âmbito das actuações em
circunstâncias actuais, são muito ano transacto; porém, admito também que não o sede da função de Segurança e Au-
importantes. fazer, poderá não retratar todos aqueles que deram toridade do Estado, o produto opera-
o seu melhor para o cumprimento das missões que cional da Esquadra, caracterizou-se
Falou em primeiro lugar o lhes foram cometidas; ao fim e ao cabo, todos gosta- mais do que pela tipologia e número
VALM J. Monteiro Montenegro, mos de aparecer nos retratos, especialmente quan- de empenhamentos, pela apresenta-
Comandante Naval que afirmou: do eles contribuem para fazer a crónica do que se ção de indicadores particularmente
fez bem. Por isso, ainda que o mais telegraficamente significativos.
Congratulo-me, na sequência de possível, não resisto a uma breve enunciação da ac-
sugestão de V. Exa, Senhor Almiran- tividade mais emblemática que foi realizada. Na Busca e Salvamento Maríti-
te CEMA que com entusiasmo agar- mo, registaram-se níveis de desem-
rei, com o formato este ano adoptado Assim, começando pela função de Defesa Mi- penho que merecem o nosso orgulho,
para marcar simbolicamente o início litar e Apoio à Política Externa, foi completado o expressos pelas taxas de eficácia do
de mais um ano operacional. Podere- período de dois anos em que assegurámos o coman- Serviço de Busca e Salvamento Ma-
mos perder em pompa e circunstância, poderemos do da EUROMARFOR, ao qual emprestámos rítimo e do Sistema Nacional de Bus-
não chegar a outros sectores da sociedade que habi- uma dinâmica unanimemente reconhecida pelos ca e Salvamento Marítimo,os quais, em termos
tualmente nos acompanham nestas ocasiões, mas nossos parceiros; assumimos o comando da Ope- de benchmarking, ombreiam com indicadores
estou absolutamente convicto de que ganharemos ração Atalanta, considerando que a melhor forma homólogos de referência, para o que contribuíram
muito mais com esta oportunidade para, em con- de mensurar o seu sucesso é referir o insucesso dos sobremaneira a acção de coordenação dos MRCC
junto, libertos do estigma do politicamente correcto, actos de pirataria nos quatro meses de liderança e das estruturas afins da DGAM.
reflectirmos sobre os desafios do presente e equacio- nacional; completámos o período de integração na Na Fiscalização Marítima, e não obstante
narmos as perspectivas do futuro. Operação Ocean Shield, em que pela primeira vez a sensível redução da Actividade Operacional,
empenhámos uma fragata da classe Bartolomeu aumentaram-se, em termos relativos, os níveis de
A presença de Vossa Excelência neste evento, a Dias, testando a nossa capacidade para aprontar eficácia e de eficiência, pelo acréscimo tendencial,
par da dos responsáveis máximos das outras áreas e sustentar logisticamente esta classe de navios em de detecções de Presumíveis Infractores. Tal facto
funcionais da Marinha, e tendo por assistência os operações reais e num teatro de operações cujas ca- radica na exploração de sistemas de C2 existen-
comandantes das unidades da Esquadra e repre- racterísticas ambientais suscitavam algumas dúvi- tes no COMAR e entretanto já disponibilizados
sentantes dos sargentos, praças, militarizados e das quanto à prontidão e fiabilidade dos sistemas de aos Postos de Comando dos CZMA e CZMS,
agentes da estrutura operacional, é a confirmação bordo; mantivemos o empenhamento do Corpo de especialmente do SADAP, o qual, ao oferecer um
de que todos reconhecemos que a relevância da Ma- Fuzileiros no Afeganistão, ainda que condicionado mais completo conhecimento situacional, empres-
rinha só consegue afirmação externa pela eficácia no número de efectivos destacados, em que o me- ta acrescida capacidade de direccionamento do
e pela eficiência demonstradas no exercício da sua esforço de fiscalização e, por consequência, maior
actividade operacional. Cabe aqui uma especial efectividade.
referência aos camaradas que neste momento, do Na protecção de força, compreendendo a vigi-
Mar Vermelho ao Afeganistão, no Continente ou lância e segurança a instalações militares, é bem
nas Regiões Autónomas, não nos podem acompa- expressiva a taxa de esforço imposta aos meios do
nhar por ausência em missão, referência tão mais CCF, tal como aos recursos afectos ao Dispositivo
pertinente pelas condições meteorológicas que se Especial de Combate a Incêndios Florestais, em
fazem sentir, numa demonstração clara do sentido apoio da ANPC.
do dever e do primado da nossa cultura de missão. Passando à função de Desenvolvimento Econó-
mico, Científico e Cultural, as unidades hidro-oce-
A ênfase nos que desenvolvem a sua acção no anográficas, embora tendo reduzido os níveis de
mar não significa qualquer apoucamento aos de- empenhamento por comparação com o passado re-
mais sectores, sendo o primeiro a reconhecer que a cente, em que estiveram envolvidos no Projecto de
prontidão da Esquadra depende fundamentalmen- extensão da Plataforma Continental, continuaram
te dos apoios técnico, logístico, financeiro, formati- a apoiar com as suas insubstituíveis capacidades,
vo, entre outros, que lhe estão a montante. Com eles quer a actividade própria da Marinha em geral, e a
temos contado, e com eles continuaremos a contar, actividade operacional em particular, quer diversos
pois, quem uniformiza de azul ferrete sabe que, o outros projectos da comunidade científica nacional;
que se aplica na vida de bordo, em que todos depen-
5REVISTA DA ARMADA • DEZEMBRO 2011