Page 7 - Revista da Armada
P. 7
critérios de necessidade, equidade e trans- competências, ao treino, à aderência a rigoro- nificativa da procura nesta área, colocará
parência, permita assegurar um conjunto de sos padrões de desempenho e ao respeito por em sérias dificuldades o próprio Arsenal,
promoções adequado, exequível e aceitável apertados critérios de segurança, elementos o que, em contrapartida, resulta na per-
para o normal funcionamento da instituição, essenciais do crescimento sustentável das da de uma capacidade que não tem hoje
e que responda às expectativas individuais, e organizações e a única forma de garantir, no paralelo no tecido industrial português.
colectivas, de progressão harmoniosa e equili- tempo, a qualidade do produto institucional. Impõe-se, por isso, encontrar uma solução
brada nas carreiras. com pragmatismo e visão estratégica, que
Neste contexto, é extremamente impor- seja exequível no decurso do próximo ano.
Já relativamente ao processo de transição tante dispor de meios prontos e dos recursos A solução deste problema é agravada pe-
para o novo sistema remuneratório, o ALM para os operar, manter e sustentar. Este as- las restrições orçamentais para 2012, pese
CEMA-AMN referiu que acompanha o as- pecto levou o ALM CEMA-AMN a referir- embora estejam garantidas todas as ver-
sunto com muita atenção, acreditando que -se a mais uma das suas preocupações, que é bas para remunerações para Pessoal, uma
estão a ser criadas as condições para que a o plano de renovação da esquadra, de modo vez que foram reduzidas drasticamente as
situação seja em breve totalmente resolvida, a que se possa substituir os navios que se
designadamente, ao que tudo indica, res- aproximam cada vez mais do fim do seu verbas para Manutenção e Operação, o
peitando os princípios da antiguidade e ciclo de vida operacional, evitando assim o que é altamente preocupante.
da hierarquia. Não estando em causa a aumento continuado dos custos de opera-
necessidade de repor valores pecuniários ção e manutenção, bem como a dificuldade Pesadas as restrições que nos são im-
já pagos, poderão ocorrer alguns ajusta- em garantir a sustentação logística por obso- postas e os constrangimentos resultantes
mentos resultantes da nova interpretação lescência do material. da reduzida flexibilidade das opções
da legislação relativa ao sistema retribu- próprias, existirão riscos acrescidos com
tivo decorrente da auditoria efectuada Um desenvolvimento favorável da ques- incidência operacional, os quais podem
pela IGF. tão dos estaleiros de Viana do Castelo, além obstar à consecução dos resultados de-
de poder vir a dinamizar a indústria de cons- sejados. São de realçar, entre outros, os
Um outro assunto que o ALM CE- trução naval nacional, garantiria a continui- riscos da desadequação do treino e da
MA-AMN abordou foi a reforma da dade de um programa que é absolutamente avaliação às necessidades operacionais,
saúde militar e o futuro Hospital das For- fundamental para a Marinha. da degradação da interoperabilidade
ças Armadas (HFAR). Como se sabe, foi entre as unidades e meios do dispositivo
recentemente decidido que o HFAR seria Foi também referido que é premente de referência, da indisponibilidade de
uma unidade hospitalar única no Lu- revisitar a singularidade do modelo de ma- unidades navais e meios afectos ao Dis-
miar, local onde hoje se situa o Hospital nutenção que recorre ao Arsenal do Alfeite, positivo Padrão Integrado, da redução
da Força Aérea. Há muito que a Marinha para que num ano de grande austeridade das taxas de missão e de navegação, da
vinha a defender que, se não fosse pos- como o que se avizinha, a Marinha possa degradação da capacidade de combate e
sível edificar o futuro HFAR num Hos- continuar a manter a operacionalidade dos das limitações em determinadas opções
pital civil de raiz e a opção recaísse num seus meios. De facto, este modelo faz de- de resposta militar.
Hospital Militar, o Lumiar seria aquele pender a sobrevivência do estaleiro da ca-
que melhores condições reuniria para se pacidade financeira da Marinha, em sede Apesar do futuro por vezes não
constituir como embrião da futura uni- dos montantes disponíveis para a manu- parecer de feição, está nas nossas
dade de saúde. A solução encontrada, tenção de terceiro escalão. Embora seja por mãos conseguir que ele seja melhor.
considerando a impossibilidade de criar todos reconhecido que ao longo dos últi- Por isso, as respostas aos problemas
um HFAR num Hospital civil de raiz, vai ao mos anos as verbas para a manutenção têm que hoje nos preocupam devem ser
encontro do que a Marinha sempre conside- sido insuficientes, tal não tem obstado a procuradas dentro da Marinha e pelos
rou como a melhor alternativa para o País e que se tenha feito um significativo trabalho marinheiros, fugindo-se à tentação fácil
para as Forças Armadas, sobretudo porque de recuperação dos meios e de adaptação de projectar para o exterior aquilo que nos
tal não coloca em causa, antes pelo contrário, às abordagens e aos processos de manuten- diz respeito solucionar.
salvaguarda nos Ramos, a saúde operacional. ção que nos distinguem. Uma redução sig- Para isso, desde o início do seu manda-
to que o ALM CEMA-AMN tem procura-
O mais importante agora será garantir do incentivar a comunicação ascendente e
que a transição se faz obedecendo a um pla- descendente através da cadeia hierárqui-
neamento adequado, coordenado pelo CE- ca, de modo a que todas as pessoas que
MGFA, que terá a sua tutela, devendo ser servem a Marinha sintam que as suas
criadas as condições para que a transferência expectativas, apreensões e preocupações
não resulte em quebras na qualidade dos estão a ser devidamente tratadas.
cuidados e serviços prestados aos utentes, Sabendo muito bem do que seremos
designadamente mantendo a capacidade de capazes se interiorizarmos e professarmos
resposta que hoje a Marinha detém para sus- os valores próprios da instituição, man-
tentar a actividade operacional, bem como o tendo-nos unidos, coesos e com esperança
nível de apoio a toda a família naval. no amanhã, o ALM CEMA-AMN não tem
dúvidas que as dificuldades serão trans-
O rumo da Marinha terá que ser sempre postas e que todos saberemos continuar a
o seu produto institucional, ou seja, tendo construir uma Marinha de futuro, em que
como enfoque a sua missão e respectivas fun- Portugal e os Portugueses acreditem, e de
ções. Se caminhamos seguros e sem perder o que se continuarão a orgulhar.
rumo, taldeve-se sobretudo a umconjunto de Finalmente, no final da alocução, o
elementos estruturantes que teremos, a todo ALM CEMA-AMN anunciou que o dia
o custo, de preservar, sob pena de afectarmos da Marinha de 2012 será comemorado em
não só o produto operacional no curto prazo, Almada e referiu uma vez mais que é para
mas também de empenharmos a nossa pró- si uma honra comandar a Marinha e ser a
pria capacidade de actuar com eficácia no mé- Autoridade Marítima Nacional.
dio e no longo prazo. A este propósito o ALM Fotos: Júlio Tito
CEMA-AMN referia-se à formação dos re-
cursos humanos, à certificação das respectivas 7REVISTA DA ARMADA • DEZEMBRO 2011
