Page 6 - Revista da Armada

A nível cultural, protocolar e promocional, para naturalmente as guarnições dos navios, mercê de
além da participação nas Comemorações do Dia da
Marinha de 2011, em Setúbal, foram profusas as
colaborações em iniciativas civis ligadas ao mar, de marinheiros e enquanto cidadãos, sendo poucas as
que apenas refiro a missão do Creoula no âmbito
da Universidade Itinerante do Mar e a costumeira
presença de unidades do dispositivo nas tradicio-
nais festas das comunidades ribeirinhas, tendo os
nossos navios recebido largas dezenas de milhar de
visitantes ao longo do ano.
Importará ainda referir o envolvimento dos
mergulhadores no REP11, evento de experimen-
tação de veículos autónomos submarinos, em cola-
boração com universidades nacionais e organismos
estrangeiros, afirmando a valia da contribuição da
Marinha em projectos de I&D.
No campo do treino e do aprontamento os ní-
veis de actividade estiveram no limiar da aceitabi-
lidade.
Na esfera dos Planos de Treino houve uma es-
forçada e profícua acção do DTA, com particular
relevo para o PTO do Viana do Castelo e para o
OST da Vasco da Gama, uma vez mais com re-
sultados que continuam a enaltecer-nos no cotejo
com outras marinhas. Porém, apenas executámos
dois exercícios a nível de Força Naval, um Prontex
e um Contex/Phibex, ambos encurtados na sua
duração, ainda que não menos exigentes na sua
execução.
Ante a escassez de recursos para a realização de
mais actividades que garantissem o aprontamen-
to das unidades nucleares da FRI e de reserva à
Operação Ocean Shield, recorreu-se à sua partici-
pação no exercício NOBLE MARINER (exercício
para certificação da NRF), tendo na ocasião sido
embarcado um Mobile Training Team do DTA,
maximizando assim esta oportunidade de treino.
Por sua vez o Tridente participou no exercício Bold
Monarch, que lhe proporcionou o ensejo de certifi-
car os nossos submarinos nas técnicas e métodos de
salvamento das suas guarnições.
Realizámos as viagens de instrução da EN,
em moldes menos ambiciosos do que os tradicio-
nais, é certo, mas onde o embarque em unidades
com missão atribuída, designadamente no Contex/
Phibex, não deixou de acrescentar valor à formação
dos cadetes; os fuzileiros, ainda que com alguns
ajustamentos impostos pela contenção financeira,
cumpriram o seu planeamento de actividades para
manutenção dos padrões de prontidão, satisfize-
ram os embarques previstos nas unidades navais,
garantiram as missões de segurança e apoiaram a
contento a DGAM no período estival; os destaca-
mentos de mergulhadores, a par das suas habituais
missões de embarque, de protecção de força e de
inactivação de engenhos explosivos, continuaram
a desenvolver as suas capacidades no âmbito do
mergulho profundo e da guerra de minas, tendo
neste âmbito acrescentado e integrado os veículos
SEACON ao seu inventário.
Embora de cariz um pouco diferente do ante-
riormente relatado, não posso deixar de sublinhar
duas outras actividades de extrema importância
ocorridas durante o período em apreço. Refiro-me
à integração na Esquadra dos dois submarinos da
classe Tridente e do Viana do Castelo. Quanto aos
primeiros, o esforço desenvolvido pelo pessoal afec-
to à Esquadrilha de Submarinos, nele incluindo
6 DEZEMBRO 2011 • REVISTA DA ARMADA
cimento. (...)
uma liderança lúcida e determinada, é digno dos
maiores encómios da parte de todos nós enquanto
Marinhas que se poderão ufanar de terem conse-
guido tal desiderato em tão curto espaço de tempo,
a que ainda acrescem os significativos proveitos
conseguidos da estreita colaboração havida com o
consórcio alemão, bem evidente pela sua proposta
de que sejamos “parent nation” na evolução deste
tipo de submarinos. Quanto ao Viana do Castelo,
pese embora as vicissitudes por que passou, devo
confessar que as minhas melhores expectativas fo-
ram excedidas, pois o navio tem revelado possuir
excelentes características para o tipo de missões a
que se destina, a sua guarnição satisfez os padrões
de operação exigidos, constituindo-se presente-
mente como um meio que veio trazer um novo
fôlego à gestão do dispositivo, assim se consiga ga-
rantir a sua sustentação logística.
Em traços gerais isto foi o que de mais relevante do balanço, do afastamento familiar ou das noites
fizemos no âmbito da actividade operacional, fican-
do ainda muito por referir do que foi realizado por
outras unidades, da Bacamarte às Aladoras, dos
fuzileiros aos mergulhadores com participações em
exercícios internacionais, das cooperações com os
demais sectores da Marinha, do IH à DGAM, ou
das colaborações externas com os outros ramos, em
especial a FAP, e com outros organismos e agên-
cias públicas, nacionais e internacionais. Também,
não posso deixar de mencionar o trabalho desenvol-
vido em prol da Esquadra por outras unidades tu-
teladas pelo Comando Naval, nomeadamente pela
Flotilha, Comandos de Zona Marítima, Coman-
dos Administrativos, BNL, CITAN, CADOP
e CCDCM. O que de bem se fez, tem também o
seu cunho, o que de mal ocorreu foi por culpa do
Comandante Naval.
Esta descrição poderá ter sido excessivamente
exaustiva, mas não ficaria tranquilo com a minha
consciência se o não fizesse, pois sei que todos os
que protagonizaram estas missões procuraram
fazer o seu melhor em prol da missão do Comando
Naval, merecendo por isso o meu público reconhe-
Contando com a indulgência de V. Exa. vou
terminar, não sem antes deixar uma mensagem de
exortação ao pessoal aqui presente que serve no Co-
mando Naval, em especial aos Comandantes das
unidades, e de confiança no futuro.
Por alguma coisa concluí com o pessoal. Con-
sidero, com plena convicção, que o marinheiro
português em nada desmerece dos melhores que se
conhecem. Sob uma liderança que prime pela justi-
ça, pelo exemplo, pela lealdade, pela disciplina, pelo
respeito e pelo sentido do humano, o nosso pessoal é
de uma entrega e de uma generosidade do tamanho
do mundo. Repito, digo isto com toda a convicção
e não para adornar o final desta intervenção. (...)
(...) É que, afinal, o sal faz toda a diferença. O sal
tempera e conserva. Tempera a alma quando o cor-
po vive e supera as agruras do perigo, do incómodo,
sem dormir; conserva os valores da camaradagem
eda solidariedademarinheira,econservaossaberes
e experiências velhas de séculos.
Poucos serão os que ostentaram o botão de
âncora, que usaram o alcaxe, ou que têm azul da
Marinha por seu uniforme, que não sintam orgu-
lho e vaidade por nela terem servido. É assim por
este país fora, desde tempos imemoriais. Unidos e
coesos seremos suficientemente fortes para atraves-
sar a intempérie que ora prevalece, cientes de que à
tempestade seguir-se-á a bonança.
Por isso Senhor Almirante, sabedor de que
V.Exa. terá nos da linha da frente os destinatários
das suas prioridades, conhecedor da valia do nosso
pessoal, imbuído do espírito de parceria e coopera-
ção expresso na sua visão, só posso estar confiante
de que, a despeito das dificuldades do presente, o
Comando Naval cumprirá com o que dele se espera
para o cumprimento da missão da Marinha.
Após o discurso do Comandante Naval,
o ALM Chefe do Estado-Maior da Armada
e Autoridade Marítima Nacional (CEMA-
-AMN) usou a oportunidade para se dirigir a
todos os que servem na Marinha, centrando
o discurso nas suas preocupações para o ano
de 2012 e ainda nos assuntos resultantes de
decisões anteriores, ainda não totalmente re-
solvidos, mas que afectam a condição militar
e também os militarizados da Marinha.
O ALM CEMA-AMN aproveitou ainda
a ocasião para dirigir uma palavra de sau-
dação, agradecimento e incentivo a todos os
que se encontram em missão, especialmente
aos que estão no mar e em teatros de opera-
ção longínquos, ao serviço de Portugal.
De seguida, efectuou um ponto de si-
tuação sobre as principais preocupações
da Marinha, tendo começado por se refe-
rir à primeira e mais importante, que é o
congelamento das promoções. Este é um
problema que preocupa os chefes militares
e que materializa uma vontade de tratar de
forma homogénea aquilo que, por nature-
za, é diferente.
Não escondendo as dificuldades em fazer
passar uma solução de princípio num quadro
de austeridade, o ALM CEMA-AMN preco-
niza a adopção de um plano que, dentro de