Page 27 - Revista da Armada
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– Nobre, Eduardo: “As Armas e Os Barões”, Editora        lâmina direita, com gravados a àcido: as armas Reais      cerca de 1960. O primeiro Oficial à esquerda, com o
Quimera, 2004, Lisboa.                                   Inglesas e a legenda “Dieu et mon droit”, certificando o  posto de Segundo-tenente da Armada, é José Manuel
– Salgado, Augusto: “O Armamento Naval”, em: “Na-        fabrico Victoriano. No talão, nota-se um aferimento de    Catalão Oliveira e Carmo (Colecção Particular).
vios, Marinheiros e Arte de Navegar, 1669-1823”, em      prova inglês. A braçadeira superior da bainha (bocal) é   Notas:
História da Marinha Portuguesa, Malhão Pereira, José     tipicamente inglesa, não tendo âncora gravada (Museu
António (Coordenador), Academia de Marinha, Lis-         de Marinha).                                               1 Em 1901, a Coroa Saint Edward foi substituída no
boa, 2012.                                               Espada nº 3: Espada de qualidade superior, com pu-        copo das espadas Regulamentares da "Royal Navy",
– Soares da Costa e Sousa, Hermínio: “Monografia         nho forrado a lixa. Foi encomendada para Portugal,        por uma Coroa Tudor.
sobre a Industria da Cutelaria”; em Boletim do Traba-    em Soligen conforme vem invulgarmente referido
lho Industrial, nº114, Ministério do Trabalho, Direcção  em português na lâmina: “Fábrica de Solingen”, com         2 Além da "Royal Navy" e das Marinhas do Países
Geral do Trabalho, Lisboa, Imprensa Nacional, 1918.      a data de fabrico, “Anno 1903”. A ficha descritiva do     do Comonwealth, é usada também nas Marinhas de
– “Tesouros do Museu de Marinha”: Comissão Cultural      Museu de Marinha indica que pertenceu ao Almirante        Espanha, Brasil e Grécia.
de Marinha, Lisboa, 2012.                                Meireles (Museu de Marinha).
– Tuite, Peter: “British Naval Edged Weapons, an Over-   Espada nº 4: Espada de Oficial de Marinha, copo com        3 O Infante Dom Luís ingressou na Escola Naval
view”, Article, ASAC, American Association of Arms       Coroa afagada, (Fabrico Português (?)). Apresenta um      como Guarda-Marinha em 1846. Tinha então 8 anos.
Collectors, Bulletin, nº 86, 2002.                       copo profusamente cinzelado, com motivos vegetais.
– Viterbo, Sousa: “A Armaria em Portugal”, Academia      A Coroa que encimava a âncora foi afagada. Indica a        4 Instrumento de ferro ou de madeira para levanta-
Real das Ciências de Lisboa, 1907.                       ficha descritriva que pertenceu ao Sargento-Ajudante      mento de pesos e de cargas. Existia uma muito célebre,
                                                         Jerónimo Pedro Vilarinho (Museu de Marinha).              colocada num dos pontões do Arsenal da Marinha,
  Os vários Regulamentos e Ordens da Armada men-         Espada nº 5: Espada de Oficial de Marinha, copo           em Lisboa.
cionados no texto.                                       com Coroa afagada, substituída por uma Estrela, (fa-
                                                         brico espanhol, Fabrica de Toledo). Tem marca e data       5 Comando exercido de 1858 a 1861.
Créditos Fotográficos (Documentos/Fotogra-               de fabrico na lâmina: 1890. Encontram-se com algu-         6 Jorge e Santos ("Sirgueiria Bello"), Fornecedor da
fias, cedidos por):                                      ma frequência espadas da Marinha Portuguesa, com          Casa Real, com loja sita no nº 103, Praça Dom Pedro
                                                         esta origem e esta data, tendo provavelmente havido       IV (vulgo Rossio). As lâminas fabricadas tinham por
Espada nº 1: Espada de Aspirante de Marinha de           importantes encomendas nesse ano. Neste modelo, é         marca F.A.J. Bello, no talão da lâmina.
pequenas dimensões, com 0,55m de comprimento,            notável a grande dimensão da Estrela Republicana de        7Um dos mais célebres espadeiros ingleses, que che-
que pertenceu ao Infante Dom Luís. Cerca de 1846.        5 Bicos (Museu de Marinha).                               gou até aos nossos dias.
O copo da espada é de metal dourado e denota uma         Espada nº 6: Espada de Oficial de Marinha do Padrão        8 Em Toledo, onde se fabricavam espadas e facas
influência inglesa, inspirado do modelo Regulamen-       actual da República (fabrico alemão, Casa WKC de          desde pelo menos a ocupação árabe, o Rei de Es-
tar de 1827, da “Royal Navy”. Tem bainha de couro        Solingen) (Direcção de Abastecimento da Marinha).         panha Carlos III fundou, em 1771, a Real Fabrica de
com as iniciais IDLF (Infante Dom Luís Filipe) gravadas  Imagem nº 1: Regulamento de Uniformes dos Milita-         Espadas, que começou a operar de forma industrial
numa das duas braçadeiras de latão profusamente de-      res da Marinha - RUMM, 1995. Estampa com porme-           a partir de 1783, fabricando espadas e sabres para o
coradas. Nesses anos, os Aspirantes não usavam espa-     nor da Espada Regulamentar: copo, lâmina e bainhas,       Exército e para a Marinha de Espanha, mas também
da, mas sim espadim. O porte desta espada terá sido,     com as respectivas dimensões (Colecção Particular).       em grandes quantidades para países estrangeiros.
porventura, apanágio do Infante (Palácio Nacional da     Imagem nº 2: Cerimónia de Juramento de Bandeira,           9 Comissão criada para esse efeito em 1910. Em Ar-
Ajuda – DGPC/ADE, Inv.43408; Fotografia de Manuel        entrega das Espadas e dum exemplar dos Lusíadas aos       quivo Geral de Marinha, Documentação Avulsa, Cai-
Silveira Ramos).                                         novos Aspirantes, pelo Chefe do Estado-Maior da Ar-       xa nº 1344, Uniformes/Fardamento.
Espada nº 2: Espada de fabrico inglês, da Casa Wil-      mada (Revista da Armada).                                  10 Idem.
son, de Londres, segundo modelo regulamentar da          Imagem nº 3: O Chefe do Estado-Maior da Armada,
“Royal Navy”, de 1827, que pertenceu ao Vice-Almi-       Almirante Saldanha Lopes, passa revista aos Cadetes,                                     Dr. Paulo Santos
rante da Armada, Visconde de Soares Branco. O Copo       na Escola Naval.
apresenta uma Coroa Real Inglesa de 3 hastes. Tem        Imagem nº 4: Cerimonial do Arco de Espadas em Ca-         N.R.
                                                         samento de Oficial da Armada. Fotografia datada de        O autor não adota o novo acordo ortográfico.

VIGIA DA HISTÓRIA                                                                                                  60

No decurso das lutas liberais muito pou-                 LUTAS LIBERAIS                                            Liberal. Em Novembro desse ano, assumiu o
         cos foram os oficiais da Armada Real                                                                      comando da corveta Constituição, tendo sido,
         que tomaram partido por Dª Maria II.            gro da tentativa de restauração, no Algarve,              para o efeito, promovido a Capitão-Tenente.
  A fazer fé no Duque de Palmela, represen-              do poder de Dª Maria, o Ten.  Auffdiener em-              Apesar da oposição da artilharia miguelista
 tante de Dª Maria e exilado na Grã-Bretanha,            barcou, no navio sob o seu comando, grande                conseguiu sair do Porto, participando, com
 o 2º Ten. Francisco Xavier Auffdiener fora o            número de oficiais e soldados do Regimento                o navio sob o seu comando,  na batalha do
 único oficial da Armada Real que lealmente              nº 2 de Artilharia bem como refugiados polí-              Cabo de S. Vicente. Em Janeiro de 1834 foi no-
 cumprira o seu dever para com a Rainha.                 ticos, transportando-os para Gibraltar. Em Gi-            meado Intendente Geral da Marinha, na pro-
                                                         braltar, aproveitando a estadia do comandante             víncia oriental dos Açores, cargo que ocupou
  O 2º Ten. Francisco Xavier havia assentado             em terra, o piloto do navio conseguiu aliciar a           durante pouco tempo, já que veio a falecer em
 praça em 1811 e prestara serviço em várias              guarnição voltando para Faro em 20 de Junho.              Abril do mesmo ano.
 unidades navais, em Portugal e no Brasil. En-           Auffdiener, não podendo cumprir as ordens re-
 quanto no Brasil participara nas campanhas              cebidas, que o mandavam seguir com o navio                                              Com.  E. Gomes
 de Pernambuco, Sª Catarina, Maldonado e                 a reforçar a defesa da Madeira, seguiu para a
 Rio da Prata, altura em que exerceu o coman-            Grã-Bretanha e dali para a ilha Terceira, onde            Fonte:
 do de uma canhoneira e da escuna Luís de                só chegou em Dezembro do ano seguinte. Na
 Camões. Regressado ao Continente, foi nome-             ilha Terceira, em Janeiro de 1831, perante a              Documentos para a História das Cortes Gerais
 ado, em 11 de Outubro de 1824, comandante               iminência de ataque da esquadra miguelista,               da Nação Portuguesa.
 da escuna Ninfa, enviada em reforço para o              foi nomeado comandante do lugre Boa Es-
 Algarve. Em Junho de 1828, perante o malo-              perança. Participou, em 1832, na expedição                  REVISTA DA ARMADA • DEZEMBRO 2013 27
                                                         liberal ao Porto, como comandante da escuna
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