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COMISSÃO CULTURAL DA MARINHA
MUSEU DE MARINHA – 150 ANOS
O MUSEU DE MARINHA NO ARQUIVO HISTÓRICO
Muito já se disse e se escreveu sobre um Museu de Marinha até à sua fundação precário, no Palácio do Conde Farrobo, na
o Museu de Marinha e os seus 150 formal em 1863, com outras que ordenam Estrada das Laranjeiras, propriedade do Mi-
anos, meditando sobre qual seria o a sua organização, ficando anexo à Escola nistério das Finanças, ficando logo com es-
melhor contributo que poderíamos dar para Naval e que determina que a Inspecção do paço insuficiente (a instalação incluiu, mes-
a sua história e divulgação, sendo arquivista, Arsenal da Marinha coloque à disposição mo as mansardas do Palácio) quer por não
optámos por falar sobre os diferentes fundos do Director da Escola Naval a Sala da Re- ser o adequado para albergar as colecções.
relacionados com o nosso Museu, as séries partição da Capitania do Porto de Lisboa Obras, planos e projectos de ampliação, ex-
documentais e o tipo de trabalhos de inves- para estabelecer o Museu, outra, também de pansão, incluindo a instalação de uma sec-
tigação que se poderão levar a cabo, salien- 1863, autorizando que seis carpinteiros de ção do Museu de Marinha no Porto.
tando alguns aspectos menos conhecidos branco procedam às alterações necessárias
ou relevantes. na sala da Capitania para a sua instalação e As questões práticas e burocráticas:
o Decreto de 1909 criando um Museu Na- assinatura do contrato para o fornecimento
A documentação cional de Marinha.
relacionada com o de energia eléctrica
Museu é constituí- As diferentes Comissões criadas para es- em alta tensão às
da por séries docu- tudarem a sua instalação e constituição, instalações na Praça
mentais manuscritas, caso da Portaria de 1923 nomeando o Co- do Império, em De-
dactilografadas e im- mandante Henrique Quirino da Fonseca zembro de 1962; di-
pressas de correspon- para, em relatórios documentados, indicar ferentes orçamentos;
dência (recebida e os objectos existentes nos estabelecimentos a preocupação com
expedida), o respecti- do Estado ou noutras situações que mere- a segurança, visando
vo registo, relatórios, cessem fazer parte do referido Museu, da a protecção contra o
actas, propostas, in- Portaria de 1930 nomeando uma Comissão roubo do património
formações, estudos, organizadora do Museu e do Parecer desta e contra o vanda-
orçamentos, docu- Comissão sobre o edifício em que deveria lismo, bem como a
mentos de despesas, ser instalado. prevenção, detecção
autorizações de pa- e combate a incên-
gamentos, amostras, Os diferentes projectos e locais para a dios e aplicação de
circulares, legislação sua instalação (em 1933 referência à verba medidas concretas.
pertencentes, por um para instalação nos Jerónimos e peças para
lado, a diferentes fun- o seu acervo), o Plano apresentado pelo seu Não podemos dei-
dos orgânicos, com director, Tenente Eduardo Lupi, em Outubro xar de salientar que
especial realce para de 1946, as dificuldades que surgiram, quer a par da história do
o do próprio Museu pela falta de espaço, como aconteceu, em Museu, acompanha-
(com cerca de 71 1948, quando da oferta da rica “Colecção mos, também, a da
unidades de instalação), o do Gabinete do Seixas”, tornando-se necessário procurar Biblioteca Central da
Adjunto do Almirante CEMA, o da Majoria um local para a instalar, o que se fez, a título Marinha (B.C.M.), as
General da Armada e o do Gabinete do Al- suas obras, os espólios, caso de Wenceslau
mirante CEMA (Ex-Gabinete do Ministro da de Moraes, os projectos de instalação que
Marinha) e, por outro, a colecções de docu- implicaram, em 1948, a deslocação do
mentação avulsa organizada tematicamente director a diferentes bibliotecas, munindo-
e cronologicamente, destacando-se: Escola -se de planos de implantação de estantes.
Naval; Estado-Maior da Armada; Legisla- O Museu e a BCM, juntas desde 1835, auto-
ção; Liga Naval Portuguesa; Majoria Gene- nomizaram-se em 1960, reconhecendo-se a
ral da Armada; Ministérios; Museus (Mari- impossibilidade de uma única entidade os
nha, Naval, Museu Marítimo Pedro Nunes); poder dirigir, passando cada um destes or-
documentação encadernada (códices), não ganismos a ter direcção própria.
esquecendo, também, a secção fotográfica Das várias denominações, como, entre
e fílmica, bem como a pequena biblioteca outras, Museu de Marinha, Biblioteca de
de apoio ao Arquivo Histórico. Marinha, Museu Marítimo, Museu Nacional
de Marinha, Museu Naval, os seus regula-
Esta documentação permite acompanhar mentos, as suas normas.
a sua evolução ao longo do tempo, desde Da constituição do seu acervo, quase
a sua criação (mesmo antes da data formal) que conseguimos acompanhar a entrada
até à década de noventa do século XX, nos diária das peças, as institucionais e as priva-
seguintes aspectos: das, as primeiras peças (por exemplo, dois
modelos de embarcações que a Rainha D.
Da cronologia da sua criação, das di- Carlota Joaquina exigiu para navegarem no
ferentes unidades a que esteve ligado lago da Quinta da Bemposta e que foram
e dos locais físicos que ocupou – das adquiridos em 1863). As peças mais valiosas
suas bases, com Portaria de 1836 que cria e os seguros efectuados, como os que foram
22 DEZEMBRO 2013 • REVISTA DA ARMADA