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REVISTA DA ARMADA | 484
As Corvetas Mistas
na Obra de João Pedroso
Imagem 1. ferro, novas tecnologias ligadas aos meca- inicialmente concebido como «clipper»,
nismos movidos a vapor e à formação de foi transformado em navio de guerra, do
Este ano a Marinha comemora os 150 mão-de-obra especializada, que trabalha- tipo corveta, misto, à vela e a vapor. Na-
anos do lançamento à água das Cor- va em Lisboa, principalmente no Arsenal vio Almirante da Armada Real Portuguesa,
vetas Mistas, dos Programas de Moder- da Marinha. foi comandada, de 1858 a 1861, pelo In-
nização da Armada, conduzidos pelos mi- fante Dom Luís, Duque do Porto e Oficial
nistros Sá da Bandeira e Mendes Leal nas Um dos navios mais emblemáticos da da Armada e participou em importantes
décadas de 1850 e de 1860. Estes progra- obra de João Pedroso é a corveta mista eventos de Estado. Navio muito popular,
mas permitiram apetrechar a Marinha de Bartolomeu Dias, um dos primeiros navios foi seguramente a esse título que teve o
Guerra Portuguesa com sete novas Corve- do Programa Sá da Bandeira. Construído privilégio de ser um tema central na obra
tas e várias Canhoneiras destinadas a Áfri- em Blackwall, no Rio Tamisa, em 1858, e
ca. Todos esses navios eram dotados de
hélice que, nessa década, já tinha substi- Imagem 2.
tuído em todas as Marinhas Europeias as
rodas e as pás.
João Pedroso (1825-1890), importante
gravador e pintor de Marinhas de Lisboa,
retratou na sua obra de pintura e de gra-
vura os principais navios desses progra-
mas: as corvetas mistas Bartolomeu Dias,
Sagres e Estefânia, construídas em Ingla-
terra. Também as corvetas, Duque de Pal-
mela e Sá da Bandeira, navios construídos
no Arsenal da Marinha de Lisboa, foram
alvo da paleta do artista.
Existe assim uma relação muito clara
entre a obra de João Pedroso e os esfor-
ços notórios de modernização da Marinha
de Guerra Portuguesa, nomeadamente
pela introdução do hélice e dos cascos de
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