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REVISTA DA ARMADA | 484
Imagem 3.
de João Pedroso. A pintura «Chegada a menores dimensões e importância, no- desfeito, de panos ferrados, observando-
Lisboa de S.M. Maria Pia de Saboia», a 5 meadamente várias gravuras abertas em -se as vagas excepcionalmente altas com
de Outubro de 1862 (Colecção do Palácio madeira. A título de exemplo, apuramos cristas compridas. Do ponto de vista téc-
Nacional da Ajuda – Imagem 1), retrata uma das mais interessantes: «As Corvetas nico, a pintura é executada à maneira da
aquele acontecimento histórico, vendo-se Bartolomeu Dias e Sagres, largando para tradição iconográfica dos clássicos ex-vo-
a Esquadra Portuguesa (constituída pelas Tanger» (Imagem 3). Nesta belíssima gra- tos marítimos, de que se conhecem exem-
corvetas Bartolomeu Dias, Sagres e Este- vura, cujo cenário é constituído pelo Tejo plares na pintura holandesa, desde o séc.
fânia), fundeada no Tejo, após uma via- e pela Torre de Belém, é reconhecível, XVII. Esse tipo de pintura proliferava ainda
gem realizada desde Génova em compa- em primeiro plano a «Bartolomeu Dias» no séc. XIX na Europa, de Portugal a In-
nhia de navios de guerra italianos. Aliás, e pela sua alheta de bombordo a corveta glaterra, passando pelo Mediterrâneo, em
esta obra constitui um dos três quadros mista Sagres. especial por Itália. Num registo da pintu-
monumentais de João Pedroso, da colec- ra popular votiva, esta tela conta-nos, de
ção do Palácio da Ajuda. As duas outras Existe, em matéria de representação da facto, a dramática viagem efectuada em
telas de grandes dimensões são intitula- corveta Bartolomeu Dias, uma obra mais Novembro de 1858, quando uma esqua-
das: «A Chegada a Lisboa da Rainha Dona singular de Pedroso: «A Corveta Bartolo- dra portuguesa largou precipitadamen-
Estefânia» (quadro pintado retrospectiva- meu Dias, Debaixo de Temporal» (Colec- te dos Açores para Lisboa, no contexto
mente) e a «Partida para França da Famí- ção do Palácio Nacional da Ajuda) (Ima- duma crise diplomática com a França (ori-
lia Real», em 1865 (Imagem 2). Nesses gem 4). É um quadro a óleo onde figu- ginada pelo célebre caso da barca Char-
dois últimos quadros também são reco- ra o navio, mostrado em alto mar, num les et Georges). Como se pode avaliar pela
nhecíveis as corvetas Bartolomeu Dias, Es- momento em que enfrenta um temporal
tefânia e Sagres. A pintura dos três acon-
tecimentos históricos marcantes (vulgo Imagem 4.
«Pintura Histórica») foi encomendada a
João Pedroso pelo Rei Dom Luís.
Na Pintura «Chegada a Lisboa de
S.M. Maria Pia de Saboia», a Bartolomeu
Dias está fundeada no Tejo com as corve-
tas Sagres e Estefânia, em frente a Belém
(avistando-se o Palácio Real da Ajuda).
Está acompanhada por uma esquadra da
Marinha de Guerra Italiana, com a qual os
navios portugueses tinham viajado de Gé-
nova para Lisboa. A Bartolomeu Dias é re-
conhecível por hastear o distintivo verme-
lho da Casa Real no tope do mastro gran-
de, sinal de que o Rei Dom Luís e a Rainha
Dona Maria Pia se encontravam, nesse
preciso momento, a bordo.
Além de representada nesses impor-
tantes três quadros da obra de João Pe-
droso, a Bartolomeu Dias é também tema
de obras do mesmo autor, embora de
22 ABRIL 2014