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REVISTA DA ARMADA | 510
TOPS 2016 e cooperar com os aliados e nações amigas da zona mar grosso pelo través de bombordo que se fez a passagem entre
do mar Báltico. os Países Baixos e o norte da Dinamarca, até às águas calmas e
abrigadas do Skagerak.
Aguardavam-nos mais de 2500 milhas náuticas de trânsito até
ao porto de Muuga, na longínqua Estónia, ponto de partida para Aqui, entre a Noruega e a Dinamarca, esperava-nos o submari-
mais de duas semanas de exercícios navais numa área de opera- no U-34, parente próximo do nosso Tridente e em treino com as
ções totalmente nova para esta classe de navios. A zona norte do novas gerações de submarinistas da Deutsch Marine, ávido por
Báltico e o golfo da Finlândia, com as suas baixas temperaturas mais um embate entre as fabulosas plataformas de construção
da água do mar, muito baixa salinidade e fundos na ordem dos alemã. Apesar de limitado pela necessidade de cumprir o plano
100 metros, representam vários desafios para uma plataforma de navegação à risca e sem perder um minuto, sobrou tempo
submarina: tornam o navio muito pesado, complicando sobre- para relembrar ao submarino germânico que um submarino por-
maneira os cálculos de regulação, afetam a propagação do som tuguês em trânsito não perde capacidade de resposta.
na água, criando pronunciados canais de som e zonas de som-
bra acústica, e confinam o submarino a uma reduzida coluna de Já à superfície, navegando de boia para boia no Great Belt di-
água, retirando parte da vantagem tática ao serem negadas as namarquês até às já familiares águas alemãs, fomo-nos prepa-
grandes profundidades. rando para entrar na zona de operação da Esquadra do Báltico da
Federação Russa, então em plena atividade de verão na baía de
Tendo largado com bons ventos e mar de feição, passado o es- Gdansk ou em missões de recolha de informação junto dos meios
tranhamente calmo mar do golfo da Biscaia e atravessado com NATO já presentes na área.
bom tempo o geralmente chuvoso canal da Mancha, foi final-
mente o mar do Norte que nos trouxe o desconforto da tormen- Dezoito dias depois de deixar para trás Lisboa avistámos a bela
ta. Limitados pelos baixos fundos e pela necessidade de cumprir e medieval cidade de Tallinn, ponto de reunião para os meios
em tempo a chegada à área de operações, foi à superfície e com participantes no exercício e cidade hospedeira da conferência
pré-largada do BALTOPS 2016. Atracados em Muuga, porto co-
mercial da capital estoniana, intensificaram-se os preparativos
para os dias vindouros, intercalados com o merecido descanso
pela longa viagem, em grande parte feita à pouco familiar condi-
ção de navegação à superfície.
Já sob o controlo Operacional do CTF 102, SUBOPAUTH Alemão,
iniciámos a componente de integração de forças do exercício en-
tre a Suécia, a norte da ilha de Götland, e o golfo da Finlândia,
plena de oportunidades para testar a plataforma contra alguns
dos mais avançados meios ASW ao dispor das nações aliadas. Ao
seu melhor estilo, o NRP Tridente soube explorar as ímpares ca-
racterísticas furtivas de que é dotado conseguindo por duas vezes
levar a melhor contra o silencioso HSWMS Halland, submarino da
classe Götland da marinha Sueca, tendo o resultado sido suficien-
temente expressivo a nosso favor para permitir uma despedida
aos simpáticos suecos com divertido “Mamma Mia” dos seus con-
terrâneos ABBA a tocar bem alto no telefone submarino.
A coroar o final da primeira parte do exercício, em poucas
horas e a mais de cem milhas de atingirem o objetivo, todas as
14 AGOSTO 2016