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REVISTA DA ARMADA | 517








          MÉDICOS







          MARINHEIROS







          NO SÉCULO XIX












          A propósito de Herculano de Sá Correia





             a sequência de investigações genealógicas, graças aos regis-
         Ntos pormenorizados do Arquivo Histórico da Marinha (AHM),
          o autor  teve oportunidade de se inteirar da carreira de um mé-
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          dico naval na Marinha de Guerra Portuguesa do século XIX. Quer
          pelas múltiplas missões e longa carreira, com as inerentes con-
          sequências na vida pessoal, quer por testemunhos da sua perso-
          nalidade e carácter , afigura-se interessante divulgar a biografia
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          desta, de outro modo, desconhecida personagem, seguramente
          espelho da carreira de outros facultativos da Armada daquele
          período.
           Herculano de Sá Correia  terminou a Escola Médico-Cirúrgica
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          em Lisboa, a 26/01/1843, com 25 anos (nasceu em 1818, no Ma-
          ranhão ), sendo admitido na Marinha de Guerra Portuguesa a
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          25/02/1843, como Cirurgião Extranumerário, e terminado a car-
          reira em 23/01/1890, como 1º Inspector de Saúde Naval. Foram,
          assim, 46 anos dedicados à Marinha.
           Embarcou em numerosos navios, entre eles o D. Fernando e a
          primeira Corveta movida a vapor da Marinha de Guerra – a Cor-
          veta Bartolomeu Dias. Neste navio (bem como, anteriormente,
          no Brigue Pedro Nunes) navegou e foi distinguido com a amizade
          duradoura de D. Luís I.
           Do registo biográfico (Livro Mestre dos Oficiais de Saúde Naval
          nº 1) constam, se não falharam as contas, 36 “embarques”, de
          maior ou menor duração, entre 1843 e 1863, com destinos dís-  da Fragata D. Maria II, em Macau, por miraculosamente estar
          pares, de Inglaterra à Bélgica, passando por Marrocos, Angola,   em terra (este navio explodiu, a 29/10/1850, ao largo da Ilha da
          Moçambique, até Goa e Macau.                        Taipa, quando salvava pelo aniversário do Rei, levando à morte
           No  início  da  sua  carreira  prestou  serviço  em  Angola  (numa   188 tripulantes). Quer fruto destas estadias prolongadas, como
          das missões, mais de 3 anos – 1845 a 1848). Posteriormente,   era frequente no meio castrense, quer por contacto com lesões
          entre 1849 e 1853, esteve em Goa e Macau lecionando na Es-  contagiosas, veio a contrair o famigerado “Mal Gálico”  (que não
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          cola  Médico-Cirúrgica   da  primeira,  e  escapando  ao  desastre   o impediu de uma longa carreira…). Baixou ao Hospital da Ma-
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