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rinha, por ordem da Junta de Saúde Naval, entre Janeiro e Abril Teve as seguintes distinções honoríficas e condecorações: Ca-
de 1855, com sucesso terapêutico (na sessão de 22 de Março, valeiro da Ordem de Cristo (1855), Cavaleiro de Albertus Animo-
da dita Junta, lê-se: … que continue por um espaço de um mêz, sus – Ordem Honorífica do Reino da Saxónia (1860), Medalha de
a fazer o tratamento, de que já tirou muito proveito, porque Expedição de Angola (1862), Cavaleiro da Ordem de Avis (1864),
precisa de respirar ar mais puro e fazer um exercício modera- Cavaleiro da Ordem de Torre e Espada – provável relação com a
do). Igualmente, esteve de licença da Junta entre 02/06/1857 e epidemia de escorbuto e febre amarela, na D. Fernando, ao re-
12/07/1857 (ver adiante). gressar de Moçambique (1864), Comendador da Ordem de Avis
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Entre 30/06/1856 e 10/09/1856 dirigiu, no Hospital da Mari- (1868) e Medalha de Prata de Bons Serviços e Comportamento
nha, a Enfermaria dos Choléricos. Exemplar (1868).
Cirurgião da Real Câmara honorário, sem vencimento algum, O seu Registo invoca dois louvores: Bons Serviços prestados em
a partir de 11/04/1861, foi indigitado Cirurgião de Serviço Per- Goa, por funções de que foi encarregado e das quais não recebeu
manente no Paço a 20/04/1863 (em Setembro desse ano, foi dis- remuneração alguma da Fazenda, e pelos serviços prestados no
pensado da escala de Serviço da Armada, por Ofício da Secretaria Hospital de Angola (1848), sem receber igualmente gratificação
da Marinha, por ter de cumprir outras obrigações como Cirurgião pecuniária alguma.
da Real Câmara) . Dos arquivos biográficos, constam documentos assinados por
Foi nomeado Membro da Junta Consultiva de Saúde Naval em personagens ilustres como o Dr. Inácio António Fonseca Bene-
1869 e em 1884 foi nomeado para um Jury criado para proceder vides (insigne médico e Presidente da Junta de Saúde Naval até
a nova classificação para pharmacêuticos navais. 1857), o Barão de Lazarim, o Visconde de Athougia e o Marquês
Terminou a carreira em 1890, como Médico-Inspector (a de Sá da Bandeira (que o nomeia, a 27 de Novembro de 1857,
22/11/89, após o falecimento de El-Rei D.Luís, a quem votava para acompanhar um contingente de tropas para a Índia).
grande dedicação, tendo-se aposentado das funções de Médico Destaco, pela sua curiosidade, os seguintes documentos: I) Re-
Efectivo da Real Câmara, com ordenado por inteiro). Em sessão querimento, datado de 02/09/1853, em que explica que, embora
da Junta de Saúde Naval, a 10 de Janeiro de 1890, é confirmada tenha escapado à catástrofe da fragata D. Maria II, por estar em
a sua incapacidade para o serviço por rheumatismo e dyspepsia terra, perdeu tudo o que possuía, achando-se em igualdade de
chrónica. Em 1890 é exarado documento que lhe confere gra- circunstâncias com os restantes náufragos, pedindo adiantamen-
duação em Vice-Almirante, com aumento em 20% do soldo de to de parte do soldo que venceu durante a viagem; II) Resposta a
Contra-Almirante. reclamação (1855), por embarcar em navio de guerra em que o
comandante era mais moderno, indeferida (Visconde de Athou-
guia) por se considerar que estando em serviço não se poderia
eximir às ordens do comandante do navio; III) Missiva, datada de
29/05/1857, ao Comandante do patacho S. Pedro, onde estava
apresentado, referindo agravamento do padecimento de pelle de
que estava sofrendo, e de que havia sido tratado no Hospital da
Marinha, e que resultou da sua missão em Angola, bem como
de padecimentos de fígado e baço, que adquiriu nas estações de
África e Ásia, solicitando ser presente à Junta de Saúde Naval e,
se preciso fôr, recolher ao Hospital; e IV) Correspondência em
que Sua Majestade faz expressar a sua estranheza por não ter
embarcado, em tempo, em Navio de Guerra, no Porto de Setú-
bal, que seguia em missão para Cádis, e consequente anulação
desse ofício por ter apresentado a devida justificação (Janeiro e
Fevereiro de 1860) .
Sobre a sua pessoa e carácter, registou D. Thomaz de Mello
Breyner:
Navegara em companhia d`EL Rei D. Luiz que muito o estimava
e tratava sempre por camarada ou por Herculaninho . Este dimi-
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nutivo era uma expressão amigável pois o camarada era mais de-
pressa um Herculanão . Alto, forte, espadaúdo. Tinha muito bom
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ar e era cheio d`atenções para todos. Cabelleira muito branca e
farta com uma poupa levantada por cima da testa.
Não fazia clínica e sempre estava prompto a substituir os cole-
gas na Real Camara. Por isso era frequente vel-o no Paço ordina-
riamente fardado.
Como médico de bordo acompanhou A Rainha A Senhora Ma-
ria Pia de Genova a Lisboa . No Paço d`Ajuda, n`uma salla pe-
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14 ABRIL 2017