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REVISTA DA ARMADA | 517

































          quena entre a salla azul e a salla de mármore, estava e ainda
          está,  um  bonito  quadro  de  Pedroso  representando  a  chegada   Notas
          ao Tejo da corveta Bartholomeu Dias  em 5 d`outubro de 1862   1 2  Sobrinho Trineto
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                                                                  Memórias do Professor D. Thomaz de Mello Breyner, 4º Conde de Mafra, 1869-
          conduzindo a nova soberana. Herculano gostava de contemplar   1880, Parceria António Maria Pereira-Livraria Editora – Rua Augusta, 1930
          esse quadro e mostrar os navios da esquadra portuguesa (…). É   3   Descendente de um ramo colateral dos Correias de Sá (família ligada à fundação –
          uma linda pintura deante da qual o bom médico-marinheiro se   1565-1567 – e governação do Rio de Janeiro), presumivelmente de Tomé Corrêa
                                                                de Sá que veio para Lisboa cerca de 1760, que sendo de varonia Correia, começou
          enternecia. (…)                                       a usar indevidamente, no início do século XVIII, o apelido Sá que não lhes perten-
           O Dr. Herculano era bem nascido, tinha raça. Não sei porque   cia mas sim apenas aos descendentes do 1º casamento de Gonçalo Correia da
                                                                Costa (com D. Filipa de Sá). D. Tomás de Mello Breyner, Médico e Conde de Mafra,
          motivo  elle  assignava  Sá Correia   quando  os  parentes  d`elle   que com ele conviveu no Paço, refere, nas suas Memórias, que não sabia porque
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                                                                assinava Sá Correia quando os seus parentes eram e são Correia de Sá
          eram e são Correias de Sá .                          4    Presume-se que o seu pai, Theodoro José Correia, e os irmãos deste, moradores
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           Herculano não jogava as cartas. Sentava-se n`um canto e de   e com funções na Casa Real, tenham acompanhado a Família Real na sua retirada
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          vez em quando levantava-se e pedia licença para fumar um ci-  5   Foi encarregado da regência das “1ª e 2ª Cadeiras” (29/06/1851 a 21/12/1852)
          garro que elle próprio enrolava. Fumavam todos à vontade quasi   6   Ectyima syphilitico foi a “moléstia” especificada no Mapa da Junta de Saúde Naval
          sempre charutos e Magalhães Coutinho fumava cachimbo.   7   Na realidade, D. Pedro V e D. Luís distinguiram, com esta condecoração, personali-
                                                                dades que se destacaram no combate a surtos de febre amarela e cólera
           E D. Thomaz rematou: Tenho presentes estas scenas como se   8, 9  Já em itálico no original
          as estivesse vendo agora. Só não tenho memória para saber onde   10   Da  análise  dos  registos  biográficos  resulta  a  impossibilidade  de  Herculano  ter
                                                                 acompanhado  a  Rainha  D.  Maria  Pia  (aparentemente,  entre  18/05/1861  e
          ponho os oculos, o lenço e até às vezes um jornal que acabei de   12/05/1863 esteve numa missão a Moçambique e Goa, embarcado na Fragata D.
          lêr! Isto, em 1930…                                    Fernando. O facto da nomeação para Cirurgião Permanente da Real Câmara datar
                                                                 de 20/04/1863 levantaria dúvidas e a eventualidade de erro dos registos do Livro
           Herculano faleceu em Setembro de 1898 (eufemisticamente   Mestre, pois não é crível ser nomeado estando no Ultramar. A verdade é que, nos
          foi a sepultar a 02/11/1898, conforme consta na comunicação   registos da Mordomia Mor da Casa Real, consta a data de 21/05/1863 e há uma
                                                                 informação da Junta de Saúde Naval, datada de 12/11/1864, referindo que no re-
          de sua prima Augusta Corrêa de Sá; na realidade, essa foi a data   gresso da Fragata D. Fernando de Moçambique para Lisboa, em 1863, curou de
          em que foi exumado e trasladado): tudo aponta solteirão e sem   huma epidemia de febre amarela e de escorbuto). Terá D. Thomaz de Mello Brey-
                                                                 ner, no seu então juvenil julgamento, assumido essa circunstância, quando ouvia
          geração. Segundo consta também nos registos do Livro nº 1 do   Herculano falar embevecido da Bartolomeu Dias e das Augustas Pessoas?
          Cemitério do Lumiar, vivia na Quinta das Conchas, vendida em   11, 12, 13   Já em itálico no original
                                                                 Fonte: Wikipédia
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          Fevereiro de 1899  ao Capitalista, Proprietário de Roças de Café
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          em S. Tomé e Príncipe, Francisco Mantero.
           Termino  homenageando  os  Facultativos  da  Armada  daquele
          período, que exerciam a sua missão em circunstâncias difíceis e   Fontes e Bibliografia
          com todas as limitações da época, e os Amanuenses de então,   –  BORREGO,  Nuno  Gonçalo  Pereia  –  Mordomia  da  Casa Real  –  Foros  e Ofícios,
                                                                1755-1910 – Tribuna, 2007
          pelos completíssimos assentos biográficos que ombreiam, se não   –  BREYNER, D. Thomaz de Mello – Memórias do Professor D. Thomaz de Mello
          ultrapassam, os do presente.                          Breyner, 4º Conde de Mafra, 1869-1880, Parceria António Maria Pereira-Livraria
                                                                Editora – Rua Augusta, 1930
                                                               –  ESTRELA, Paulo Jorge – Medalha da Febre Amarela; Lisboa Agradecida à Devoção
                                                                Humanitária – Lusíada. História, Volume 2, nº 3 , 2006
                                             Rui Pires de Carvalho  –  NEVES, Dr Rui Manuel Ramalho Ortigão, 1º TEN REF - D. Luís e a Escola do Mar -
                                                TCOR MED (EXE)  Revista da Armada, nº 326, Ano XXIX, Dezembro 1999
                                                               –   SANTOS, Dr. Paulo – As corvetas mistas nas obras de João Pedroso – Revista da
                                                                Armada nº 484, Ano XLIII, Abril 2014
                                                               –  Arquivo Histórico da Marinha (Livro Mestre – Médicos Navais nº 1 e documentos
                                                                diversos – Cx. 795)
          Declaração                                           –  Cemitério do Lumiar (Livro de registos nº 1)
          O autor segue a ortografia anterior ao novo Acordo Ortográfico e agradece a revisão do   –  Wikipédia
          texto e sugestões ao Exmo. Sr. COM MN Jesus Silva.
                                                                                                     ABRIL 2017  15
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