Page 6 - Revista da Armada
P. 6
REVISTA DA ARMADA | 527
de apoio a Timor-Leste, após o fi m da ocu-
pação Indonésia, e na missão na Ilha do
Fogo (Cabo Verde), em 2014, após a erup-
ção do vulcão do Pico do Fogo.
SALVAGUARDA DA VIDA
HUMANA NO MAR
Finalmente, jusƟ fi ca-se uma breve refe-
rência ao contributo dos helicópteros
embarcados para a salvaguarda da vida
humana no mar. Mesmo não sendo essa
a sua missão principal, os helicópteros
orgânicos podem cumprir este Ɵ po de
tarefa, quer em proveito das forças navais
onde se integram, quer potenciando as
capacidades do navio-mãe, contribuindo
para uma busca mais rápida e efi caz, e
Exercício de salvamento maríƟ mo para um salvamento mais célere e seguro.
A este propósito, cabe referir que uma das
pação na operação de resgate de cidadãos fas, os desenvolvimentos nos sistemas e soluções adotada por nações ribeirinhas
nacionais e estrangeiros na Guiné-Bissau sensores já acima mencionados, revelam- para assegurar um disposiƟ vo efi ciente, ao
(Operação CROCODILO, 1998), em missões -se diferenciadores e mulƟ plicadores de nível de helicópteros de busca e salvamento,
das Nações Unidas de apoio a Timor-Leste capacidade, podendo ser usados para a para grandes áreas de responsabilidade, foi
após o fi m da ocupação Indonésia, na ope- execução de ações no senƟ do de explorar embarcar helicópteros orgânicos nos navios
ração de combate à proliferação de armas ao máximo o fator surpresa e/ou de reco- que asseguram esse serviço. Deste modo,
de destruição maciça e ao terrorismo lher provas de crimes ou ilícitos. Prova- desonera-se o disposiƟ vo de helicópte-
transnacional no mar Mediterrâneo (Ope- velmente, o melhor exemplo da uƟ lidade ros em bases aéreas, complementando-o
rações ACTIVE ENDEAVOUR e SEA GUAR- dos Lynx Mk95 neste quadro de atuação com a disponibilidade de helicópteros que
DIAN, desde 2001) e nas várias operações tem sido o seu bem-sucedido empenha- usufruem das caracterísƟ cas inerentes aos
de combate à pirataria ao largo da costa da mento, em conjunto com equipas do Des- meios de superİ cie (nomeadamente em
Somália, desde 2009. tacamento de Ações Especiais do Corpo termos de sustentação e de Comando e
JusƟ fi ca-se destacar a parƟ cipação na de Fuzileiros, em operações cooperaƟ vas Controlo). Esta solução é praƟ cada, a ơ tulo
Operação CROCODILO, em que a versaƟ li- com a Polícia Judiciária, no combate ao de exemplo, pela guarda costeira dos Esta-
dade dos helicópteros Lynx Mk95 da Mari- tráfi co de droga no domínio maríƟ mo. dos Unidos e pela Marinha Francesa nos
nha lhes permiƟ u efetuar a evacuação seus territórios ultramarinos.
de civis, o transporte de delegações de Neste âmbito, cabe aqui referir o resgate
ambas as partes em confronto para nego- ASSISTÊNCIA HUMANITÁRIA dos náufragos da embarcação de pesca
ciações e o abastecimento dos fuzileiros Na atualidade, a assistência humanitária Sinamar, acidentada junto a Sines, em
desembarcados, tudo isto num ambiente é uma missão cada vez mais importante 2004, em que foi empenhado um navio
altamente instável, com frequentes viola- no rol de funções das marinhas, até por- da Marinha Portuguesa com helicóptero
ções de cessar-fogo. que as alterações climáƟ cas têm vindo a orgânico embarcado, o qual complemen-
provocar um aumento na frequência e na tou a atuação dos helicópteros Puma da
severidade dos desastres naturais, com Força Aérea Portuguesa.
SEGURANÇA MARÍTIMA
parƟ cular incidência no litoral, sendo que
Esta função estratégica das marinhas as forças navais possuem caracterísƟ cas
está relacionada com a capacidade para disƟ nƟ vas (como a pronƟ dão, a mobi- CONSIDERAÇÕES FINAIS
garanƟ r a segurança das linhas de comu- lidade e a fl exibilidade), que as tornam Podemos concluir que a disponibilidade
nicação maríƟ mas, a proteção dos recur- extremamente úteis nessas situações. de meios aéreos orgânicos embarcados
sos marinhos e a repressão dos ilícitos no Neste quadro, os helicópteros orgâni- em unidades navais representa, pelos
mar. Tradicionalmente, estas tarefas são cos potenciam de forma parƟ cularmente seus atributos diferenciados e pelo efeito
concreƟ zadas através de patrulhas dos vantajosa as capacidades do navio-mãe mulƟ plicador que estes meios exercem
espaços maríƟ mos nacionais, com o obje- nas zonas litorais, como fi cou bem evi- sobre as capacidades navais de superİ -
Ɵ vo de exercer a vigilância (prevenƟ va e dente, por exemplo, no apoio às popula- cie, uma valência não abdicável para uma
correƟ va) e, em caso de necessidade, a ções na sequência do aluvião ocorrido na Marinha que se quer dissuasora, atuante,
autoridade do Estado mediante ações Madeira, em 2010. efi caz e efi ciente, num País que tem nos
coercivas. Paralelamente, Portugal tem, em diver- espaços maríƟ mos um aƟ vo estratégico e
Nesta linha, os helicópteros demons- sos momentos, disponibilizado as capa- de segurança inalienável.
tram ser plataformas preferenciais – e, cidades da sua Marinha para o alívio do
em determinadas circunstâncias, essen- sofrimento de outras populações, alvo de Sardinha Monteiro
ciais – para o exercício efi ciente do patru- situações humanitárias de grande sensibi- CMG
lhamento, da vigilância e do controlo das lidade, com os helicópteros Lynx a desem- Rodrigues Pedra
CFR
aƟ vidades que se desenrolam nos espa- penharem um papel muito aƟ vo, como (com a colaboração da Esquadrilha
ços maríƟ mos. Nesta Ɵ pologia de tare- aconteceu nas missões das Nações Unidas de Helicópteros)
6 MARÇO 2018