Page 19 - Revista da Armada
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REVISTA DA ARMADA | 539


          coletiva,  gestão  de  crises  e  segurança   AS OPÇÕES DE RESPOSTA   responder, de forma eficaz, a situações de
          cooperativa.  No  flanco  leste,  a  Aliança   MILITAR               crise que se manifestem simultaneamente
          tem  vindo  a  atuar  predominantemente                              em diferentes quadrantes geográficos.
          segundo o vetor da defesa coletiva. Neste   Para  enfrentar  os  desafios  do  atual   Por último, é ainda de registar a intenção
          domínio,  a  dissuasão  militar  assume-  ambiente  estratégico,  a  NATO  tem  vindo   de reforçar a capacidade da componente
          -se  como  uma  componente  fundamen-  a adotar uma abordagem abrangente das   naval da Aliança, de modo a fazer face a
          tal,  sendo  esta  materializada  através  do   situações de crise, que compreende a uti-  oponentes com capacidade para provocar
          pré-posicionamento  de  forças  com  uma   lização  dos  instrumentos  político,  civil  e   a  disrupção  das  linhas  de  comunicação
          elevada  prontidão,  na  região  leste  do   militar.                marítimas, fundamentais para o desenvol-
          território da Aliança. Com esta presença   Restringindo  a  análise  ao  instrumento   vimento  económico  da  sociedade  global.
          avançada  no  flanco  leste,  a  NATO  pre-  militar, para responder de uma forma efi-  Neste âmbito, recorde-se a oportunidade
          tende reafirmar o compromisso de defen-  caz  aos  desafios  de  índole  securitária,  a   que constitui o acordo firmado na cimeira
          der os seus membros e de preservar a sua   Aliança  mantém  permanentemente  atua-  de Gales, concretamente, o compromisso
          integridade territorial.          lizados  três  tipos  de  planos:  os  Planos  de   dos Aliados investirem 2% do seu PIB na
           Os  desafios  no  flanco  sul  são  funda-  Defesa Permanentes, para lidar com amea-  Defesa. Deste compromisso poderá resul-
          mentalmente  diferentes  daqueles  que   ças que se perpetuam no tempo e que se   tar uma maior capacidade financeira para
          se  fazem  sentir  a  leste,  tendo  a  Aliança   podem  manifestar  sem  pré-aviso  ou  com   promover a edificação/renovação de capa-
          vindo  a  desenvolver  os  seus  esforços   um pré-aviso muito curto, como é o caso   cidades navais fundamentais para o reforço
          segundo os vetores da gestão de crises e   do Sistema Integrado de Defesa Aéreo; os   da postura marítima da Aliança.
          da  segurança  cooperativa.  No  flanco  sul   Planos  de  Contingência  Genéricos,  para   Em jeito de conclusão, num contexto em
          os  problemas  são  consequência  direta   a  eventualidade  da  Aliança  ter  necessi-  que a edificação das capacidades militares
          da  situação  de  fragilidade  revelada  por   dade de desenvolver uma operação numa   da Aliança Atlântica se mantém como um
          alguns  Estados,  que  têm  dificuldade  em   região  não  especificada;  e,  por  último,  os   dos desafios a curto prazo, não podemos
          proporcionar aos seus cidadãos bens fun-  Planos de Contingência, para enfrentar as   deixar  de  recordar  as  palavras  sábias  do
          damentais como a segurança, o desenvol-  ameaças  identificadas  numa  determinada   Professor Adriano Moreira de que o exer-
          vimento  socioeconómico  e  o  bem-estar,   região. Dentro deste último tipo de planos,   cício  de  defesa  não  é  uma  despesa  que
          levando em última análise ao crescimento   nos  tempos  mais  recentes,  a  Aliança  tem   carrega o produto, mas antes um investi-
          exponencial  do  fenómeno  da  migração,   dado  uma  grande  atenção  aos  Planos  de   mento que o garante.
          que  afeta  a  Europa  desde  2015.  Neste   Resposta Graduada. Estes planos procuram               
          cenário, a capacitação militar dos Estados   encontrar  as  melhores  respostas  para  as   Ferreira da Silva
          da região assume um papel primacial na   ameaças  identificadas  nos  flancos  leste  e            CFR
          criação das condições adequadas para a   sul, desde o momento em que se manifes-           Rodrigues Pedra
                                                                                                             CFR
          segurança regional. Neste âmbito, merece   tam os primeiros indicadores de que uma
          referência o esforço que tem vindo a ser   ameaça latente se poderá vir a tornar efe-
          desenvolvido por Portugal, destacando-se   tiva, até à situação antes da crise se encon-  Nota
          particularmente a missão de longa dura-  trar reposta. Neste domínio, perante o atual   1   A  definição  de  movimentos  terroristas  é,  ela
          ção de capacitação da Guarda Costeira de   ambiente estratégico, o grande desafio da   própria, motivo de discórdia e de cisão no seio da
                                                                                 Aliança.
          S. Tomé e Príncipe.               Aliança passa por possuir capacidade para




























                                                                                                                 Foto SAJ A Ferreira Dias








                                                                                                     ABRIL 2019  19
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