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REVISTA DA ARMADA | 543
VIGIA DA HISTÓRIA 111
O VALOR DOS
CONHECIMENTOS
HIDROGRÁFICOS
esde há muito que a componente hidrográfi ca é reconhecida
Dcomo preponderante para o planeamento e execução da
navegação e das operações navais, consƟ tuindo uma mais-valia
para os detentores desse conhecimento.
O episódio que seguidamente se refere demonstra claramente
que tais conhecimentos podem signifi car a diferença entre a
perda total e o salvamento.
Em carta datada de 20 de Abril de 1765, o Governador do Pará
comunicava para a Corte que, naquele dia, havia entrado no Pará
a charrua S. José a qual, na véspera, esƟ vera em risco de ser
tomada por um corsário francês.
Dera-se o caso que quando a charrua se encontrava a cerca de
3 léguas dos baixos da Tigioca, local onde normalmente ocor-
riam naufrágios pelo desconhecimento de tais baixos, se aproxi-
mara um navio que, embora arvorando bandeira holandesa, fora
idenƟ fi cado como sendo francês, por causa dos chapéus que os
marinheiros usavam, chapéus esses unicamente uƟ lizados pelos
franceses.
Numa reacção que nada leva a crer Ɵ vesse sido premeditada, o
práƟ co do navio, Francisco Lopes da Costa, profundo conhecedor
dos baixos terá rumado por entre eles, indo fundear numa das
suas pontas, impedindo assim ser perseguido e, eventualmente,
tomado pelo corsário francês, o qual, veio a saber-se mais tarde,
havia já tentado efectuar o levantamento daquela zona.
Só na manhã seguinte, após o desaparecimento do navio alega-
damente francês, a S. José suspendeu e se fez à vela para entrar
no porto.
Cmdt. E. Gomes
Fonte: Arquivo Histórico Ultramarino doc. 5205 Pará
N.R. O autor não adota o novo acordo ortográfi co
26 AGOSTO 2019
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