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REVISTA DA ARMADA | 546
RECONHECIMENTO, VALIDAÇÃO E CERTIFICAÇÃO
DE COMPETÊNCIAS
CONCLUSÃO DO ENSINO SECUNDÁRIO
Pessoas mais qualifi cadas transformam as organizações e
organizações mais qualifi cadas podem transformar o país 1
APRENDER MAIS
aposta na qualifi cação dos portugueses é um desígnio nacio-
A nal ao qual rapidamente a Marinha disse: Pronto! Cerca de
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52% dos adultos portugueses (entre os 25 e os 64 anos) não
completou o ensino secundário e, na Marinha, cerca de 21% das
Praças em Regime de Contrato (RC) encontram-se na mesma
situação.
Na realidade, desde sempre a Marinha reconheceu que as qualifi -
cações escolares e técnico-profi ssionais de todos os que nela pres- Foto MDN
tam serviço, são fundamentais para o cumprimento da missão. A
conclusão do ensino secundário vai além de proporcionar o cumpri-
mento de um dos requisitos para o ingresso na categoria de praças COMENTÁRIOS DOS DISCENTES
dos quadros permanentes, procura também valorizar e moƟ var Para quem Ɵ nha deixado a sala de aula há, sensivelmente, 30 anos,
todos os que queiram aprender mais! como é o caso do CAB CCT Cerqueira, acresceu o desafi o de voltar
Desta forma, e no cumprimento da DireƟ va Estratégica da Marinha a estudar e a ter de conciliar os estudos com uma vida pessoal e
e da DireƟ va Setorial de Recursos Humanos, a Direção de Formação profi ssional preenchida. Para o CAB V Fonseca e para o ASS OP Luís
(DF) tem vindo a desenvolver esforços a fi m de garanƟ r a possibili- Garcia há a destacar a possibilidade, conferida pela Marinha, em fre-
dade de obtenção do curso do ensino secundário, não só ao grupo quentar as sessões durante as horas de serviço, aliada ao apoio da
prioritário – os militares em RC –, mas também a todos os elemen- família, dos camaradas mais próximos e dos formadores, que foram
tos pertencentes à Marinha. essenciais para chegar a bom porto.
São várias as possibilidades para a conclusão do ensino secundá- Alguns têm vontade de chegar mais longe. É o caso do CAB A Mar-
rio; no entanto, aquela que melhor serve os interesses e as necessi- Ɵ ns que pondera prosseguir os estudos para o ensino superior ou
dades dos próprios e da organização é pela via do Reconhecimento, fazer uma especialização tecnológica.
Validação e CerƟ fi cação de Competências (RVCC) . Para a maioria, a realização pessoal sobrepõe-se à profi ssional. Na
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verdade, muito para além da validação de competências, é posta à
RVCC prova a sua capacidade de resiliência e autodisciplina, havendo que
Em abril de 2018, teve início o primeiro RVCC com parƟ cipação de demonstrar empenho e dedicação para se alcançar os objeƟ vos pro-
5 elementos da Marinha – 3 praças e 2 civis. Foi uma iniciaƟ va iné- postos. Por isso, são unânimes quanto a aconselharem os camara-
dita que, em parceria com a Secretaria Geral do Ministério da Defesa das e os colegas a frequentar o RVCC e a acreditarem neles próprios.
Nacional (MDN) e com o InsƟ tuto do Emprego e Formação Profi s- O segredo está no trabalho e na dedicação, como diz o ASS OP Rui
sional /Centro Qualifi ca de Alverca, proporcionou a estes elemen- Custódio: Não desistam, vale a pena!
tos, pelo reconhecimento e validação dos saberes e competências
escolares e profi ssionais adquiridos ao longo da vida e em diferentes DESAFIO
contextos, uma cerƟ fi cação de nível secundário. Em setembro, terminou, na ETNA, mais uma turma de RVCC que
As sessões foram presenciais, decorreram nas instalações do MDN, integrou também elementos da Força Aérea, traduzindo a coopera-
Ɵ veram a duração de 3 horas semanais, durante aproximadamente ção entre os Ramos e o esforço conjunto no aumento da qualifi ca-
um ano. Foi, de facto, uma navegação longa, nem sempre “à bolina”, ção dos portugueses.
mas graças à arte e perícia de marinheiro culminou com a entrega Caso tenha interesse em aumentar as suas qualifi cações, contacte
de diplomas de ensino secundário, no dia 19 de julho, aos 5 elemen- a DF de modo a ter acesso a toda a informação e procedimentos
tos da Marinha que iniciaram esta jornada. disponíveis.
A cerimónia decorreu nas instalações do MDN e contou com a
presença dos Secretário-Geral do MDN, VALM Vice-Chefe do Esta- Colaboração da DIREÇÃO DE FORMAÇÃO
do-Maior da Armada, VALM Superintendente do Pessoal e CALM
Sub-Chefe do Estado-Maior da Armada, entre outros convidados e
familiares, que muito dignifi caram o evento. Notas
Desengane-se quem pensa que o RVCC é fácil, não é! Que o 1 Gonçalves, F. (2009) Guia da qualifi cação: instrumentos para qualifi car a sua orga-
digam estes formandos. A maior difi culdade que senƟ ram foi nização. Lisboa: Agência Nacional para a Qualifi cação, I.P.
Grandes Opções do Plano para 2019.
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entender a dinâmica do RVCC, as avaliações e o que se pretendia 3 DesƟ na-se a maiores de 24 anos (poderão ser admiƟ dos a parƟ r dos 22 anos que
com os “DR” e “NG”, que, na gíria de quem passa por esta expe- comprovem pelo menos 3 anos de descontos realizados à Segurança Social) que
riência, signifi cam “Domínios de Referência” e “Núcleos Gerado- não completaram o percurso escolar obrigatório e reconhece e valida os saberes e
as competências adquiridos ao longo da vida, atribuindo uma cerƟ fi cação de nível
res”, que mais não são do que contextos e temas para validação básico ou secundário.
dos conhecimentos.
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