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REVISTA DA ARMADA | 547


                           GLOBAL MARITIME SECURITY


                           CONFERENCE 2019


              A Marinha Portuguesa esteve presente, a convite da Marinha nigeriana, na Global MariƟ me Security Conference 2019 (GMSC) que
              decorreu em Abuja, Nigéria, de 7 a 9 de outubro de 2019. Também representaram Portugal o Embaixador acreditado em Abuja, Dr.
              Luís de Barros, e um representante da Direção-Geral de PolíƟ ca Externa do Ministério dos Negócios Estrangeiros.



              PARTICIPAÇÃO
                 parƟ cipação na GMSC está em con-
              A  sonância com a linha orientadora da
              políƟ ca externa portuguesa, segundo a
              qual Portugal deve ter um papel visível
              e aƟ vo e contribuir para a resposta da
              comunidade internacional às ameaças
              à segurança maríƟ ma quer globalmente
              enquanto elemento fundamental para a
              sustentabilidade das nossas sociedades
              quer, em parƟ cular, na área do Golfo da
              Guiné (GoG).
               Portugal, nos úlƟ mos anos, tem vindo
              a incrementar a sua presença em todos
              os eventos relacionados com o desenvol-
              vimento da capacitação dos Estados cos-
              teiros do GoG. A situação da segurança
              maríƟ ma no GoG e o impacto da mesma
              no desenvolvimento da economia azul
              na região foram de facto o principal obje-
              Ɵ vo do debate na GMSC.                               Da Conferência resultou um conjunto de 17 recomendações que
               Na GMSC parƟ ciparam representantes de 18 Marinhas, entre   serão agora trabalhadas, indo dar, tentaƟ vamente, origem a obje-
              as quais cinco europeias - Portugal, Espanha, Itália, França, Reino   Ɵ vos e linhas de ação, dos quais se destacam: atenção prioritária
              Unido e Dinamarca –, duas americanas - Brasil e Estados Unidos da   ao treino e à capacitação das enƟ dades envolvidas na segurança
              América – e as restantes africanas – incluindo duas da Comunidade   maríƟ ma; harmonização de procedimentos operacionais, padrões
              de Países de Língua Portuguesa (CPLP) - Angola e Guiné Equatorial.  de treino e promovendo a interoperabilidade; criação de tribunais
                                                                  maríƟ mos para garanƟ r uma atuação célere; a necessária raƟ fi ca-
              DEBATES, APRESENTAÇÕES E RECOMENDAÇÕES              ção e integração no ordenamento jurídico nacional das conven-
               Com um nível de conferencistas reconhecido internacional-  ções internacionais; e a importância de incrementar a parƟ lha e
              mente, debateu-se ao longo dos onze painéis questões relacio-  coordenação de informação entre os Centros regionais.
              nadas, entre outras, com os mecanismos de coordenação e par-
              Ɵ lha de informação entre Estados, os desafi os de se operar num   BALANÇO
              ambiente de interagência e mulƟ agência, as questões da sobe-  Dos contactos desenvolvidos ao longo desses dias, releva-se o
              rania e jurisdição num contexto de presumíveis ilícitos de cariz   interesse de Marinhas parceiras e amigas em incrementar a sua
              transnacional e os desafi os daí decorrentes no ordenamento jurí-  presença na região e em encontrar um mecanismo que permita
              dico interno e internacional, assim como os desafi os colocados   potenciar e arƟ cular esta vontade. Houve ainda oportunidade de
              à recolha de prova em situações de crimes de pirataria, roubo à   divulgar a missão IniciaƟ va Mar Aberto 19.2, solicitando o apoio
              mão armada e pesca ilegal.                          das Marinha e Guardas Costeiras da região do GoG para esta ini-
               Na GMSC foram nomeadamente abordados os seguintes proje-  ciaƟ va.
              tos e iniciaƟ vas:                                    Tendo em vista a fragilidade idenƟ fi cada em alguns dos estados
               – Projeto Zaire, desenvolvido por Portugal - sucessos alcançados   costeiros da região e a proliferação de incidentes maríƟ mos no
              com esta nova abordagem no âmbito da Cooperação no Domínio   GoG, resulta da GMSC a importância de:
              da Defesa;                                            – Manter a presença numa área geográfi ca onde se colocam
               – Projeto  Support West Africa Integrated MariƟ me  Security   importantes desafi os à segurança maríƟ ma internacional, ten-
              (SWAIMS), gerido pela União Europeia (EU) e no qual Portugal tem   tando assim combater o crime transnacional no mar e prover ao
              vindo a parƟ cipar.                                 desenvolvimento económico da região.
               – Projeto Gulf of Guinea Inter-Regional Network (GoGIN), tam-  – Criar a capacidade dos estados costeiros da região para
              bém gerido pela UE e com a parƟ cipação de especialistas portu-  enfrentar os desafi os elencados, i.e., desenvolver uma segurança
              gueses já na fase de execução.                      maríƟ ma sustentável.
               – Exercícios da série Express e NEMO, de nível internacional,
              desenvolvidos na região do GoG e nos quais a Marinha tem mar-                             Noronha Bragança
              cado presença nos úlƟ mos anos.                                                                    COM


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