Page 15 - Revista da Armada
P. 15
REVISTA DA ARMADA | 548
a presença de um ofi cial português no staff do COMSPMARFOR, CFR
Calhau Algarvio (N3 – Mari me Ops AWW), que teve um relevante
papel no planeamento e execução do DYMR/FL19, possibilitando,
simultaneamente, uma ligação diferenciada aos meios nacionais que
parƟ ciparam no exercício.
A “força de desembarque” parƟ cipou no exercício integrada no
Segundo Batalhão Reforçado de Desembarque, edifi cado a parƟ r da
Brigada de Infanteria de Marina da Armada Espanhola, perfazendo
um total de 350 militares. Os fuzileiros portugueses embarcaram na
Base Naval de Rota, nos navios de projeção anİ bia, porta-aviões ESPS
Juan Carlos I e navio de assalto anİ bio ESPS Galicia.
PLANO TERRESTRE
Na fase CET-FIT foi dado parƟ cular ênfase ao incremento do poten- séries foram muitas e exigentes, permiƟ ndo à guarnição treinar: (1)
cial de combate e aos processos de integração entre as diversas a mulƟ plicidade das vertentes de ASW; e (2) a oposição por unidades
forças militares parƟ cipantes. Num cenário de mulƟ ameaça assimé- navais, por aeronaves de patrulha maríƟ ma, por um outro subma-
trica e de operações convencionais na Sierra del Re n, a “força de rino ou por uma força aeronaval de luta anƟ ssubmarina. A comple-
desembarque” parƟ cipou nas seguintes ações: xidade derivou da mulƟ plicidade de meios da força opositora – até
• Escolta de transportes logísƟ cos, com realce nos processos defen- doze escoltas e três aeronaves na mesma série.
sivos em relação a engenhos explosivos improvisados; Se, inicialmente, as ORANGE FORCES apenas “provocavam” as BLUE
• Operações de Intelligence, Surveillance e Reconnaissance – patru- FORCES, de forma a recolher informação das várias unidades integran-
lhas de reconhecimento e operações com veículos aéreos não tes, avaliando as suas reações e fraquezas, na “escalada do confl ito”
tripulados; que se seguiu, as ORANGE FORCES levaram a cabo ações sucessiva-
• Treino de Ɵ ro real; mente mais agressivas, e.g. ataques às unidades BLUE mais valiosas,
• Operações ofensivas – emboscadas, ataques e abertura de bre- contando sempre com o fator surpresa e com a capacidade de empre-
chas com recurso a explosivos; gar várias armas em alvos disƟ ntos com a máxima discrição.
• Operações defensivas – controlo de área e patrulhas de segu-
rança; OPERAÇÃO BRAVE GUARDIAN
• Apoio de fogos – morteiros, arƟ lharia e fogo naval; e
• Apoio próximo de aeronaves. Após uma fase de estabelecimento das forças no teatro de ope-
Esta fase terminou com uma demonstração de capacidades de toda rações, o opositor (ORANGE FORCES) , simulado por meios navais
a força anİ bia aos representantes dos países NATO. Na fase seguinte, e aéreos espanhóis e pelo NRP Tridente, aumentou o seu nível de
de cariz predominantemente operacional, foi treinada a execução de agressividade, tendo ocupado parte do território de um país aliado.
uma operação de resposta a crise, tendo a “força de desembarque” Para legiƟ mar a intervenção da NATO, foi simulada a invocação do
parƟ cipado na execução de uma incursão anİ bia. De salientar que a arƟ go 5.º do Tratado de Washington, levando assim os países aliados
“força de desembarque” reagia a eventos executados por uma força a apoiar esta intervenção.
de oposição, desconhecendo por completo quais os eventos que Era, pois, necessário desembarcar uma força para apoiar na recon-
seriam criados, bem como a sequência dos mesmos. Tratou-se, por- quista do controlo desse território. A operação Brave Guardian teve
tanto, de um Ɵ po de treino num cenário bastante realista. início com a relocalização das forças no Golfo de Cádis, a parƟ r do
Estreito de Gibraltar (simulando a entrada no Mar BálƟ co).
Para garanƟ r a segurança do desembarque, foram realizadas opera-
PLANO NAVAL DE SUPERFÍCIE E AÉREO
ções de rocega de minas na área do desembarque, e foi assegurado o
O NRP D. Francisco de Almeida e o NRP Corte-Real integraram, res- controlo do mar e do espaço aéreo na zona circundante, garanƟ ndo a
peƟ vamente, as TG 445.04 (SNMG1) e TG 445.05 (SNMG2), consƟ - segurança do grupo de navios de desembarque.
tuindo-se como os grupos de escolta da “força de desembarque”. De realçar a elevada agressividade por parte das ORANGE FORCES
Durante o DYMR/FL19 ocorreu a aproximação e passagem pela área nesta fase do DYMR/FL19, nos três ambientes (aéreo, superİ cie
maríƟ ma onde se desenrolava o exercício, de um Grupo-Tarefa estra- e sub-superİ cie), tendo isso resultado em ações de elevada inten-
nho ao mesmo. Tal obrigou a ações No Play, ou seja, a uma alteração sidade, proporcionando um treino realista, que permiƟ u elevar a
de planos, nomeadamente a que o CTF designasse a SNMG1 e em pronƟ dão e a integração das forças e unidades dos vários países alia-
parƟ cular a D. Francisco de Almeida para intercetar e monitorizar esta dos. Após a estabilização no território reconquistado, iniciaram-se as
força durante o seu trânsito. Recebida a ordem, o NRP D. Francisco manobras de retração da força de desembarque e desmobilização
de Almeida atuou por forma a efetuar a interceção, tendo esta sido dos meios parƟ cipantes no exercício.
consumada num esforço conjunto das Forças Armadas Portuguesas, O DYMR/FL19 consƟ tuiu-se, assim, como o grande ensaio para
a norte do Cabo de S. Vicente. Esta missão, que teve a duração de uma eventual operação aliada no BálƟ co; foi um exercício desafi ante
dois dias, visou monitorizar a aƟ vidade do Grupo-Tarefa, proporcionar pela quanƟ dade de meios e capacidades diversifi cadas das forças –
aviso antecipado às áreas de exercício e recolher informação opera- aéreas, de superİ cie e de sub-superİ cie – envolvidas. Para as unida-
cional, ações que terminaram já em pleno Mediterrâneo Ocidental. des portuguesas parƟ cipantes, foi uma oportunidade excecional de
treino (no caso do NRP Tridente, também para os futuros submari-
PLANO NAVAL DE SUBSUPERFÍCIE nistas – alunos do Centro de Instrução de Submarinos, em estágio),
num ambiente muito realista e exigente, do qual resultaram muitas
Durante a fase de seriado, o NRP Tridente, como é ơ pico dos subma- lições idenƟ fi cadas.
rinos, parƟ cipou maioritariamente como força opositora (integrando
as ORANGE FORCES), a par do outro submarino – o ESPS Mistral. As Colaboração dos NRP D. FRANCISCO DE ALMEIDA, NRP TRIDENTE e CCF
FEVEREIRO 2020 15