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REVISTA DA ARMADA | 551



























         paradas e desfi les, e a Carta de Fornos e Moinho de Maré de Valle   A Brigada Real de Marinha (BRM) tem área evocaƟ va de relevo,
         de Zebro, de 1835.                                   com uma réplica do estandarte da BRM – que em 1808 acompa-
           Tudo aqui começou com o biscoito que é recordado em área   nhou a família real na viagem para o Brasil – e o estandarte do
         onde se reconhecem vesơ gios dos anƟ gos fornos – pode-se ver   atual Corpo de Fuzileiros Navais do Brasil, enviados pela Marinha
         uma forma de barro da cozedura do biscoito, e uma mostra de   do país irmão. Pode ainda ver-se uma espingarda de pederneira,
         arƟ gos relacionados com o labor de uma olaria e forno cerâmico,   mais conhecida por “Miquelete à Portuguesa”, e um quadro repre-
         encontrados na Mata da Machada. Todo este espaço é comple-  sentaƟ vo do aƟ rador especial de vergas, para além de dois mane-
         mentado com sete placards explicaƟ vos do Complexo de Vale de   quins com fardamentos e equipamentos da época.
         Zebro desde o séc. XV.
           No meio da ala principal destaca-se um amplo planisfério que   PERCURSO PELO MUSEU  DAS CAMPANHAS
         assinala as acções dos fuzileiros desde a sua fundação, nas costas
         e no interior, de Espanha às Terras do Fim do Mundo, do Brasil a   DE ÁFRICA À ZONA NOBRE
         Timor, do Mediterrâneo à China, no mar imenso, onde elevaram   Várias personagens e factos são aqui recordadas pelas suas via-
         bem alto o seu valor em inúmeros combates navais travados no   gens e campanhas em África como Roberto Ivens e Hermenegildo
         AtlânƟ co e Índico, e nas novas missões de apoio à paz.   Capelo, Augusto CasƟ lho, Mouzinho de Albuquerque e Azevedo
                                                              CouƟ nho, bem como as acções dos Batalhões Expedicionários em
           O NASCIMENTO DO MUSEU DO FUZILEIRO                 África. As vitrinas comportam importante espólio, onde se desta-
                                                              cam fac-similes de noơ cias, relatórios de campanhas, documentos
            A RA foi falar com o CMG FZE Carreiro e Silva, ex-coman-  relevantes, armamento individual, fotografi as da época. No meio
           dante da Escola de Fuzileiros, a quem se deve a iniciaƟ va e   da sala imperam duas peças Hotchkiss, de 47 mm e de 37 mm, esta
           realização da futura, Sala-Museu do Fuzileiro – mais tarde   desƟ nada a lanchas e canhoneiras.
           Museu do Fuzileiro – que na altura transmiƟ u o seu sonho ao   De belo efeito o enquadramento do trípƟ co relaƟ vo ao Bata-
           CMG Alpoim Calvão, tendo este oferecido o seu apoio fi nan-  lhão Expedicionário da Marinha, rodeado por peças de arƟ lharia
           ceiro à futura obra, e pago todas as despesas da mesma.   e armamento individual.
            Foi então escolhido um ediİ cio de traça pombalina, que em   Numa justa homenagem às guarnições das Lanchas de Desem-
           tempos idos albergou a Fábrica do Biscoito, conơ guo a uma   barque que corajosamente apoiaram as unidades de fuzileiros, o
           praceta, conferindo-lhe assim um enquadramento nobre   museu exibe uma ponte (recuperada) de uma Lancha de Desem-
           adequado. Em 1984, recorrendo-se à mão de obra da casa,   barque Média (LDM), e respecƟ vo manequim do patrão ao leme.
           iniciaram-se os trabalhos, deixando o aparelho construƟ vo à   A Zona Nobre acolhe ainda dois memoriais alusivos à Guerra do
           vista, preservando-se os anƟ gos Ɵ jolos e abóbadas. Realce   Ultramar: militares mortos em combate, e militares que foram
           para o exemplar trabalho de arquitetura, decoração e con-  condecorados por serviços prestados em campanha. Neste espaço
           ceito museológico que esteve a cargo do CMG FZE Vidal de
           Resende. Os apoios vieram de várias origens: do Estado-                     MEMÓRIAS DE VALE DE ZEBRO E DOS
           -Maior da Armada, que contribuiu para a recolha de arƟ gos
           de uniforme e equipamentos de vários países, e do Museu                    VALE DE ZEBRO
           de Marinha, donde veio valioso espólio. De referir igual-  Sec. XV        Complexo de Valle de Zebro
           mente a importante quanƟ dade de peças-memória ofereci-  1653           Almoxarifado de Valle de Zebro
           das à Escola de Fuzileiros por personalidades militares e civis,   1755  Companhia de Comércio de Grão-Pará e Maranhão
           sobretudo fuzileiros.                               1762   Junta da Administração Geral do Fornecimento de Munições de Boca
            A inauguração ocorreu em 30 de junho de 1986, com a pre-  1835            Intendência da Marinha
           sença do Ministro da Defesa, Dr. Leonardo Ribeiro de Almeida,   1836  Marquês de Sá da Bandeira manda plantar árvores exóƟ cas
           do CEMGFA, GEN Lemos Pires, e do CEMA, ALM Sousa Leitão,   1843         Acolhe os Inválidos da Marinha
           tendo o “portaló” da Sala-Museu do Fuzileiro sido aberto sim-  1850   Possível exƟ nção do fabrico do biscoito
           bolicamente pelo VALM Roboredo e Silva, “pai” dos Fuzileiros,
           e VALM Melo CrisƟ no, primeiro Diretor de Instrução da Escola   1902  Recebe a Escola PráƟ ca do Serviço de Torpedos Navais
           de Fuzileiros e Comandante das Instalações de Vale de Zebro.  1905  Montagem do 1º posto de TSF da Marinha
                                                               1961                Instalação da Escola de Fuzileiros


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