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paradas e desfi les, e a Carta de Fornos e Moinho de Maré de Valle A Brigada Real de Marinha (BRM) tem área evocaƟ va de relevo,
de Zebro, de 1835. com uma réplica do estandarte da BRM – que em 1808 acompa-
Tudo aqui começou com o biscoito que é recordado em área nhou a família real na viagem para o Brasil – e o estandarte do
onde se reconhecem vesơ gios dos anƟ gos fornos – pode-se ver atual Corpo de Fuzileiros Navais do Brasil, enviados pela Marinha
uma forma de barro da cozedura do biscoito, e uma mostra de do país irmão. Pode ainda ver-se uma espingarda de pederneira,
arƟ gos relacionados com o labor de uma olaria e forno cerâmico, mais conhecida por “Miquelete à Portuguesa”, e um quadro repre-
encontrados na Mata da Machada. Todo este espaço é comple- sentaƟ vo do aƟ rador especial de vergas, para além de dois mane-
mentado com sete placards explicaƟ vos do Complexo de Vale de quins com fardamentos e equipamentos da época.
Zebro desde o séc. XV.
No meio da ala principal destaca-se um amplo planisfério que PERCURSO PELO MUSEU DAS CAMPANHAS
assinala as acções dos fuzileiros desde a sua fundação, nas costas
e no interior, de Espanha às Terras do Fim do Mundo, do Brasil a DE ÁFRICA À ZONA NOBRE
Timor, do Mediterrâneo à China, no mar imenso, onde elevaram Várias personagens e factos são aqui recordadas pelas suas via-
bem alto o seu valor em inúmeros combates navais travados no gens e campanhas em África como Roberto Ivens e Hermenegildo
AtlânƟ co e Índico, e nas novas missões de apoio à paz. Capelo, Augusto CasƟ lho, Mouzinho de Albuquerque e Azevedo
CouƟ nho, bem como as acções dos Batalhões Expedicionários em
O NASCIMENTO DO MUSEU DO FUZILEIRO África. As vitrinas comportam importante espólio, onde se desta-
cam fac-similes de noơ cias, relatórios de campanhas, documentos
A RA foi falar com o CMG FZE Carreiro e Silva, ex-coman- relevantes, armamento individual, fotografi as da época. No meio
dante da Escola de Fuzileiros, a quem se deve a iniciaƟ va e da sala imperam duas peças Hotchkiss, de 47 mm e de 37 mm, esta
realização da futura, Sala-Museu do Fuzileiro – mais tarde desƟ nada a lanchas e canhoneiras.
Museu do Fuzileiro – que na altura transmiƟ u o seu sonho ao De belo efeito o enquadramento do trípƟ co relaƟ vo ao Bata-
CMG Alpoim Calvão, tendo este oferecido o seu apoio fi nan- lhão Expedicionário da Marinha, rodeado por peças de arƟ lharia
ceiro à futura obra, e pago todas as despesas da mesma. e armamento individual.
Foi então escolhido um ediİ cio de traça pombalina, que em Numa justa homenagem às guarnições das Lanchas de Desem-
tempos idos albergou a Fábrica do Biscoito, conơ guo a uma barque que corajosamente apoiaram as unidades de fuzileiros, o
praceta, conferindo-lhe assim um enquadramento nobre museu exibe uma ponte (recuperada) de uma Lancha de Desem-
adequado. Em 1984, recorrendo-se à mão de obra da casa, barque Média (LDM), e respecƟ vo manequim do patrão ao leme.
iniciaram-se os trabalhos, deixando o aparelho construƟ vo à A Zona Nobre acolhe ainda dois memoriais alusivos à Guerra do
vista, preservando-se os anƟ gos Ɵ jolos e abóbadas. Realce Ultramar: militares mortos em combate, e militares que foram
para o exemplar trabalho de arquitetura, decoração e con- condecorados por serviços prestados em campanha. Neste espaço
ceito museológico que esteve a cargo do CMG FZE Vidal de
Resende. Os apoios vieram de várias origens: do Estado- MEMÓRIAS DE VALE DE ZEBRO E DOS
-Maior da Armada, que contribuiu para a recolha de arƟ gos
de uniforme e equipamentos de vários países, e do Museu VALE DE ZEBRO
de Marinha, donde veio valioso espólio. De referir igual- Sec. XV Complexo de Valle de Zebro
mente a importante quanƟ dade de peças-memória ofereci- 1653 Almoxarifado de Valle de Zebro
das à Escola de Fuzileiros por personalidades militares e civis, 1755 Companhia de Comércio de Grão-Pará e Maranhão
sobretudo fuzileiros. 1762 Junta da Administração Geral do Fornecimento de Munições de Boca
A inauguração ocorreu em 30 de junho de 1986, com a pre- 1835 Intendência da Marinha
sença do Ministro da Defesa, Dr. Leonardo Ribeiro de Almeida, 1836 Marquês de Sá da Bandeira manda plantar árvores exóƟ cas
do CEMGFA, GEN Lemos Pires, e do CEMA, ALM Sousa Leitão, 1843 Acolhe os Inválidos da Marinha
tendo o “portaló” da Sala-Museu do Fuzileiro sido aberto sim- 1850 Possível exƟ nção do fabrico do biscoito
bolicamente pelo VALM Roboredo e Silva, “pai” dos Fuzileiros,
e VALM Melo CrisƟ no, primeiro Diretor de Instrução da Escola 1902 Recebe a Escola PráƟ ca do Serviço de Torpedos Navais
de Fuzileiros e Comandante das Instalações de Vale de Zebro. 1905 Montagem do 1º posto de TSF da Marinha
1961 Instalação da Escola de Fuzileiros
28 MAIO 2020