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REVISTA DA ARMADA | 551
planeamento e de estratégia, aquilo que se verifi ca é que a con- Na 3ª fase operacionalizam-se as acções. Para isso, põem-se
creƟ zação dos seus interesses de desenvolvimento e de segu- em práƟ ca o plano de acção estratégica e as políƟ cas sectoriais,
rança é tentada, sobretudo, à custa da adopção do improviso através das etapas do desenvolvimento de iniciaƟ vas (progra-
como estado de espírito e do desenrascanço como aƟ tude! Esta mas, projectos ou acƟ vidades) de orçamentos e de procedimen-
forma simplista, mas muito comum, de pensar no que fazer e tos. Estes são sistemas sequenciais de passos ou técnicas, que
de operar o como fazer, leva a que, sob o efeito das pressões desenvolvem, em detalhe, como deve ser feita uma determinada
ambientais, seja baixo o grau de concreƟ zação daqueles interes- tarefa ou trabalho, no âmbito da execução das iniciaƟ vas.
ses, o que leva um actor social a progredir da situação actual para Na 4ª fase avaliam-se os resultados. Para isso, monitorizam-se
um futuro forçado, quase sempre com menos desenvolvimento as iniciaƟ vas e controlam-se os indicadores de desempenho do
e segurança. actor social, comparando-os com os desejados, de forma a que
Estando o improviso e o desenrascanço tão generalizados na os decisores, a todos os níveis da estrutura do actor social, com
maioria dos actores sociais, importa referir que não são uma fata- base na informação obƟ da, possam tomar acções correcƟ vas e
lidade intransponível e perene na sua vida, desde que, de forma resolver problemas, melhorando conƟ nuamente os resultados
estruturada e arƟ culada, os governos promovam: o ensino, nos do processo estratégico. Com essa fi nalidade, e em simultâneo
diferentes níveis de escolaridade e com disƟ ntos graus de com- com todas as fases e etapas, existe um processo de retroacção
plexidade, das regras básicas e das técnicas do planeamento da informação resultante do controlo, de forma a corrigir even-
estratégico aplicáveis a todas as acƟ vidades humanas; a uƟ li- tuais desvios da análise do ambiente, bem como difi culdades
zação, na resolução dos problemas de desenvolvimento e de ou erros na formulação de medidas, ou na operacionalização
segurança que confrontam todo e qualquer actor das acções.
social, do método cienơ fi co do planeamento Para que, pela aplicação do método cienơ fi co
estratégico, a seguir enunciado, nas suas do planeamento estratégico à resolução
quatro fases. de problemas de desenvolvimento
Na 1ª fase analisa-se o ambiente. e de segurança que confrontam
Para isso, consideram-se os prin- todo e qualquer actor social, se
cipais factores dos ambientes obtenham os resultados mais
externo e interno do actor efi cazes e efi cientes, importa
social. A etapa de análise que o planeador estratégico
do ambiente externo visa esteja dotado de dois Ɵ pos
idenƟ fi car ameaças e de competências essen-
oportunidades. Pode ser ciais que, ao proporciona-
feita, relaƟ vamente ao rem arte ao processo de
ambiente global externo, planeamento, conferem
com recurso a várias fer- genialidade à análise do
ramentas, como a análise ambiente, à formulação
PESTAL, que considera os das medidas, à operacio-
factores políƟ cos, econó- nalização das acções e à
micos, sociais, tecnológi- avaliação dos resultados.
cos, ambientais e legais, que, São elas: as competências
no tempo presente, devem técnicas associadas à gestão
dar relevância aos aspectos éƟ - e à liderança, que garantem
cos e demográfi cos. São factores o estabelecimento do rumo, o
gerais que, embora não afectem planeamento, a organização, o ali-
directamente as acƟ vidades de curto nhamento, a direcção, a moƟ vação e o
prazo do actor social, podem, e normal- controlo; as competências comportamen-
mente conseguem, infl uenciar as decisões tais resultantes da práƟ ca, como a inteligência
de longo prazo. Esta análise considera, ainda, no emocional, a capacidade de adaptação e de trabalho
ambiente tarefa externo, os principais actores com quem se inte- em equipa, que exercitam a gestão e a liderança, ao mesmo tempo
rage, isto é, os que afectam directamente, ou são afectados, pelas que facultam o conhecimento do passado, desenvolvem processos
nossas acƟ vidades. A análise ao ambiente interno visa idenƟ fi car as e permitem divulgar os conhecimentos. Se as competências com-
potencialidades e as vulnerabilidades do actor social. Pode ser feita portamentais só se adquirem e incrementam pelo exercício de
recorrendo a ferramentas que consideram a estrutura, a cultura e os funções, as competências técnicas de gestão e de liderança podem
recursos caracterísƟ cos de cada actor social, factores sobre os quais ser obƟ das e desenvolvidas através do ensino e da aprendizagem.
não existe um controlo de curto prazo, embora confi ram forma ao Como tal, devem fazer parte dos currículos de quem estuda planea-
contexto interno, no qual as acções estratégicas são realizadas. mento estratégico.
Na 2ª fase formulam-se as medidas. Para isso, desenvolvem-se É pela incorporação das competências essenciais dos pla-
os planos de longo prazo, desƟ nados à gestão efecƟ va das amea- neadores estratégicos, nos trabalhos de cada fase e etapa do
ças e oportunidades do ambiente externo, face às potencialida- método cienơ fi co do planeamento estratégico, que resultam os
des e vulnerabilidades do actor social. Esta fase inclui as etapas melhores planos de acção estratégica para a concreƟ zação dos
de defi nição/revisão da missão, de idenƟ fi cação dos objecƟ vos, interesses de desenvolvimento e segurança de cada país, orga-
de elaboração do plano de acção estratégica e da defi nição das nização ou pessoa.
políƟ cas sectoriais. Estas aplicam-se, sobretudo, a organizações
ou países e consistem em orientações para a tomada de deci- António Silva Ribeiro
são e alinhamento, a todos os níveis da estrutura do actor social, Almirante
ligando a formulação à operacionalização da estratégia. N.R. O autor não adota o novo acordo ortográfi co
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