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REVISTA DA ARMADA | 554
SUBECO
SISTEMA DE VIGILÂNCIA ACÚSTICA
SUBMARINA
Boia mulƟparamétrica da rede MONIZEE (operada pelo IH), equipada com diferentes sensores meteorológicos e oceanográfi cos.
Portugal exerce jurisdição sob um vasto espaço oceânico, cujo domínio submerso é ainda pouco conhecido apesar de consƟ tuir a
maior reserva do país, em recursos minerais, biológicos, energéƟcos e turísƟcos. Ainda assim, é a sua dimensão maríƟ ma (superİ cie
do mar) que é massivamente explorada como principal via do transporte comercial à escala global. Esta aƟvidade humana, desen-
freada e conơnua, imprime uma pressão ambiental, que ameaça a subsistência do ecossistema oceano e coloca em risco a salva-
guarda dos seus recursos. Este impacto negaƟvo não deriva apenas da poluição química e İsica resultante do derrame de combusơ -
veis, da acumulação de lixo ou da libertação de produtos químicos. Acresce a estas fontes, a geração de ruído submarino produzido
pelos sistemas de propulsão, produção de energia, sondagem, sonar e exploração geoİsica. É neste contexto que corremos o risco de
perder este valor estratégico nacional antes, ainda, de o verdadeiramente conhecer, na sua plenitude.
CONTRIBUTO NA ESTRATÉGIA transportes, dos abastecimentos, da ali- cienơficos e militares, que visam o estudo e a
PARA O MAR mentação e da saúde”. caracterização do ruído submarino. Foi neste
A região submersa do oceano é vasta, pro- contexto, e com o objeƟvo de contribuir
Conceito Estratégico de Defesa Nacio- funda e opaca, de diİcil acesso, ocupação e para a materialização do CEDN2013, que o
O nal, aprovado por Resolução do Con- controlo. Estas caracterísƟcas também ocul- IH estabeleceu um protocolo de invesƟ ga-
selho de Ministros em 2013 (CEDN2013), tam a real taxa de degradação deste ecossis- ção e desenvolvimento com o Ministério da
enfaƟzou a necessidade de desenvolver tema, resultante de uma pressão humana Defesa Nacional, visando a edificação de um
as capacidades cienơficas e tecnológicas cada vez mais intrusiva e “stressante”. No sistema de vigilância acúsƟca submarina ao
do país, apoiando núcleos de invesƟ gação oceano, o ruído antropogénico (gerado pela longo da margem conƟ nental portuguesa.
e apostando na aproximação das universi- aƟvidade humana) aumenta de dia para dia, Este protocolo foi assinado na forma de
dades, laboratórios, centros de excelência e há muito que superou os níveis do ruído um projeto de capacitação, de duplo uso
e empresas, visando o desenvolvimento natural produzidos pela fauna marinha, (militar e cienơfico), nas áreas dos “sen-
económico e social de Portugal. Segundo sismos, agitação maríƟma, vento e chuva sores”, da “modelação e simulação” e do
o CEDN2013, o mar e a centralidade no à superİcie do mar. Mas, por ser um meio “ambiente operacional”. O projeto foi deno-
espaço atlânƟ co são aƟ vos nacionais que conơnuo, o oceano é um excelente condutor minado por SUBECO (“Eco Submarino”) e
importa valorizar e salvaguardar, pois do som, pelo que a sua uƟ lização torna-se procurou agregar a academia, a indústria
consƟtuem, pela sua definição, um ele- também a forma mais eficaz de lhe aceder, e as Forças Armadas, no reforço do desen-
mento mulƟplicador do potencial estra- bem como dele obter o conhecimento que volvimento tecnológico e do conhecimento
tégico do país. Na defesa da soberania e hoje dispomos da sua estrutura. A infor- cienơfico aplicado à Defesa. Para além do IH
da independência nacional, o CEDN3013 mação acúsƟca pode viajar muito longe no e do Comando Naval (Esquadrilha de Sub-
definiu, entre outros, como objeƟ vo per- oceano, permiƟndo escutar e monitorizar marinos e Centro de Análise e Gestão de
manente, a necessidade de se “garanƟ r diferentes fontes sonoras a grande distância. Dados Operacionais da Marinha), o SUBECO
a capacidade de vigilância e controlo do juntou, como parceiros, a Esquadra 601 –
território nacional e do espaço inter-ter- CONCEITO E PARCEIROS DE I&D Patrulhamento MaríƟmo (Força Aérea), o
ritorial, incluindo a fiscalização do espaço Centro de Informações e Segurança Milita-
aéreo e maríƟmo”, bem como “assegu- Há mais de 30 anos que o InsƟ tuto Hidro- res (CISMIL, EMGFA), o Centro de InvesƟ -
rar reservas estratégicas indispensáveis à gráfico (IH), órgão da Marinha e Laboratório gação Tecnológica do Algarve (CINTAL, Uni-
segurança do país, nomeadamente nos de Estado para as ciências e técnicas do mar, versidade do Algarve) e a empresa nacional
planos da energia, das comunicações, dos promove e parƟ cipa em diferentes projetos MARSENSING (PME – tecnologia de defesa).
22 AGOSTO 2020