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REVISTA DA ARMADA | 554
UM MUNDO DE DESCOBERTAS
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FUNNDAÇÃO E INNSTTALAÇÇÃO Será, portanto, natural que se sublinhe a importante função que
o Museu de Marinha (MM) tem como instrumento de divulgação
posicionamento geográfico de um país consƟtui-se como um da nossa história e cultura, contribuindo para o fortalecimento
O fator determinante para a sua evolução histórica, indepen- da idenƟ dade maríƟma do povo português e da sua ligação ao
dência e relação com as restantes nações. O caráter maríƟ mo mar, que foi, é e seguramente conƟnuará a ser determinante nos
de um território pode ser determinante para os seus habitantes, desígnios nacionais.
mas não jusƟfica, por si só, a natureza maríƟma de um povo. Esta Fundado em 22 de julho de 1863 pelo rei D. Luís I, o MM é um
resulta de uma mulƟplicidade de relações e interdependências dos mais anƟgos museus nacionais. Inicialmente foi instalado na
quoƟdianas que se materializam nas diferentes aƟ vidades rela- Sala do Risco da Escola Naval (EN), no anƟgo Arsenal de Marinha,
cionadas com o mar, mas que ao mesmo tempo formam uma com uma função essencialmente didáƟca. O grande incêndio de
vocação maríƟma que se afirma no património coleƟvo e cultural 1916 destruiu grande parte do acervo existente. Quando a EN foi
de uma nação. transferida para o Alfeite, em 1936, o MM permaneceu na Sala
A atividade marítima foi determinante para a construção da do Risco e tornou-se autónomo.
nação portuguesa, na sua independência e na sua projeção no Henrique Maufroy de Seixas foi o maior mecenas do MM e,
mundo através dos Descobrimentos Portugueses. Os 700 anos em 1948, doou uma extraordinária coleção consƟtuída por mais
de existência da Marinha Portuguesa atestam a importância de trezentas peças, entre as quais várias Ɵpologias de modelos
do mar nos desígnios nacionais. Não apenas no seu passado, de navios, a que se juntaram vários milhares de fotografi as que
mas sobretudo num presente onde o mar e o seu uso consti- Ɵnham por tema o mar, a Marinha e, de uma maneira geral, a cul-
tui um dos principais vetores de desenvolvimento para o seu tura maríƟma portuguesa. Para albergar essa coleção o Museu
futuro. transferiu-se com caráter provisório para o Palácio do Conde de
Atualmente, a par da sua componente operacional, a Marinha Farrobo, nas Laranjeiras, em 1949.
Portuguesa é herdeira de um diversificado e signifi caƟ vo patri- Contudo, a aspiração da Marinha era a instalação do Museu nos
mónio cultural, fruto de uma história secular que se confunde Jerónimos, num espaço igualmente disputado por outros museus.
com a própria idenƟdade do país. No desempenho das suas Após um diİcil processo, o Museu de Marinha é fi nalmente trans-
atribuições, o Museu de Marinha contribui aƟvamente para o ferido para o complexo dos Jerónimos em 15 de agosto de 1962,
desenvolvimento da vertente cultural da organização e consƟ tui após a construção, de raiz, do Pavilhão das Galeotas – primeira ins-
um fator de presơgio e de marcante afirmação de idenƟ dade da talação do género em Portugal – para albergar as galeotas reais e
Marinha Portuguesa. da ala poente.
Foto CMG Farinha Alves
Entrada e ala poente do Museu de Marinha.
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