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REVISTA DA ARMADA | 556







              TIMOR-LESTE


              COMPONENTE DA FORÇA NAVAL LIGEIRA





























              A IMPORTÂNCIA ESTRATÉGICA DO MAR
              DE TIMORLESTE

                             uão fundamental é o mar para este jovem
                         Qpaís? Como é sabido, Timor-Leste tem uma
                         fronteira terrestre desconơ nua com o vizinho
                         Indonésia e uma extensa fronteira maríƟ ma,
                         caracterísƟ ca de país arquipelágico. Ora,  o mar é
              um fator permanente do sistema internacional, quer sob a pers-
              peƟ va económica, quer no plano da segurança.
               A políƟ ca externa dos Estados, em geral, e dos estados costei-
              ros em parƟ cular, deve contemplar o mar com um senƟ mento
              reforçado e com interesse especial. Deve ser dada especial
              atenção ao mar, mais a mais num país fortemente dependente
              da exploração de hidrocarbonetos para o equilíbrio das suas
              contas externas e para o seu desenvolvimento sustentável. Para
              além disso, mar enquanto capacidade pode signifi car  poder,
              basta haver vontade para dele Ɵ rar o devido parƟ do.   CFR João da Silva, Comandante do CFNL.
               Atente-se às palavras do atual Presidente de Timor-Leste
              (Dr. Francisco Guterres Lú Olo) na Conferência Internacional   A IMPORTÂNCIA DUMA MARINHA
              “Timor-Leste: O Século do Mar”, promovida pelo InsƟ tuto  de
              Defesa Nacional de Timor-Leste (IDN-TL) em agosto de 2018:   Para marcar presença nas águas sob soberania ou jurisdi-
              “Timor-Leste é um pequeno país quando, na verdade, a sua pla-  ção Ɵ morense, há que dispor de meios – humanos e materiais
              taforma conƟ nental é bastante grande e o país deve ser visto não   (navais) – que por sua vez necessitarão duma infraestrutura
              como um país periférico, mas sim como um país de arƟ culação   portuária e logísƟ ca na retaguarda. Em suma, toda uma estru-
              transoceânica, que se situa numa das quatro rotas comerciais   tura maioritariamente virada para a segurança maríƟ ma. Daí a
              maríƟ mas mais uƟ lizadas na ligação entre os oceanos Índico e   importância de Timor-Leste ter uma Componente Naval sólida e
              Pacífi co, facto que acentua o seu potencial geoestratégico”.   pronta para acompanhar o desenvolvimento do país e controlar
               Há, porém, que ter atenção, pois o sistema internacional não   as águas sob sua jurisdição.
              se compadece com vazios; quando algo não existe, quando uma   Naturalmente uma Marinha não se cria num dia; é sim algo
              capacidade é mal explorada ou uma área oceânica não é ocupada   que se semeia (dar vida), rega (fortalecer), deixa crescer (robus-
              numa base efeƟ va e permanente, tal dá azo a que outrem daí Ɵ re   tecer), poda (rejuvenescer), trata (não defi nhar) e pereniza
              parƟ do. Ou seja, não basta estabelecer as fronteiras maríƟ mas   (eternizar, garanƟ r conƟ nuidade no tempo). Tal como foi refe-
              com a Austrália (março de 2018) e com a Indonésia (processo em   rido no discurso do Presidente aquando das comemorações do
              curso); há que marcar presença no seu vasto território maríƟ mo.  16º aniversário da Componente Naval Ligeira, em Hera, dando


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