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REVISTA DA ARMADA | 556











































              ESCAPEX 20





              O dia 17 de setembro de 2020 consƟ tuiu um marco histórico para a Esquadrilha de Subsuperİ cie (ES) e para a capacidade submarina
              nacional. Pela primeira vez um submarino da classe Tridente assentou no fundo na bacia de manobra da Base Naval de Lisboa (BNL)
              para realizar o exercício de Ascensão Livre (AL), denominado ESCAPEX 20, onde 8 militares da ES abandonaram o NRP Tridente através
              do método de escape livre. O exercício contou com a presença do CEMA, ALM Mendes Calado, e do COMNAV, VALM Silvestre Correia,
              que puderam presenciar no local e por meios virtuais o posicionamento do NRP Tridente assente no fundo e a chegada à superİ cie de
              um dos elementos que efetuou o escape.


              O SALVAMENTO DE UM SUBMARINO                        permanência da vida a bordo (através de caixas estanques levadas
                                                                  e recolhidas por mergulhadores). Por fi m, realizam-se os prepa-
                             salvamento de submarinos é, por si só, uma   raƟ vos para a saída da guarnição, seja por uƟ lização de veículos
                         O  operação de elevada complexidade, pela   de salvamento (se os houver disponíveis em tempo úƟ l), seja por
                         quanƟ dade e variedade de meios necessários.   abandono por meios próprios. Paralelamente é preciso perceber
                         Numa primeira fase, para encontrar um submarino   se há violação da estanqueidade do submarino, se a atmosfera
                         assente no fundo é necessário recorrer a diversos   está contaminada, se há feridos e baixas na guarnição.
              meios; há que realizar buscas à superİ cie e no leito do mar com   O salvamento das guarnições (trazendo-as do submarino aci-
              recurso a equipamentos de sondagem, que permitam fazer o «var-  dentado até à superİ cie de forma segura e controlada) recor-
              rimento» do fundo até se encontrar o submarino acidentado, e   rendo a veículos especifi camente concebidos para tal fi m é uma
              tentar estabelecer comunicações através de telefone submarino.   manobra de extrema complexidade porque engloba o correto
              Esta é, eventualmente, uma das fases mais diİ ceis e mais morosa.   posicionamento do navio-mãe para posterior colocação do veí-
              O tempo é sempre escasso e crucial à sobrevivência dos submari-  culo de salvamento na água, a condução do veículo até ao sub-
              nistas reƟ dos e contra ele joga o facto de o submarino ser um meio   marino, o acoplamento em escoƟ lha própria (que garante estan-
              que é desenhado e construído para não ser detetado.  queidade) do submarino sinistrado, o transbordo dos militares e,
               Depois de se encontrar o submarino, passa-se à segunda fase,   por fi m, a navegação até à superİ cie.
              em que é realizada uma avaliação da situação usando mergulha-  Infelizmente poderá não haver tempo sufi ciente para a chegada
              dores, Remotely Operated Vehicle (ROV) ou Autonomous Under-  de um veículo de salvamento, seja por violação da estanqueidade
              water Vehicle (AUV) – profundidade, se está intacto, estável e com   do submarino, seja pela degradação da atmosfera ou outros fato-
              as escoƟ lhas desobstruídas, permiƟ ndo o uso de veículos de sal-  res de risco, pelo que o Comandante poderá ter de ordenar o
              vamento. Estabelecem-se comunicações e, se necessário, faz-se a   abandono do submarino. Foi precisamente esta situação que foi
              entrega de bens e produtos que permitam aumentar e melhorar a   simulada no exercício ESCAPEX 20.


              6    NOVEMBRO 2020
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