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REVISTA DA ARMADA | 556
CENÁRIO DO ESCAPEX 20
De forma a tornar o exercício mais
próximo da realidade, foi criado o
seguinte cenário:
• Durante um exercício de guerra
anƟ ssubmarina (ASW), devido a
um incêndio elétrico no motor
principal, o submarino perdeu o
controlo da sua fl utuabilidade,
tendo colidido com o fundo e
fi cado assente a uma profundi-
dade de 53 m;
• Uma vez que o submarino se
encontrava em exercícios com uma
fragata, a posição exata de assen-
tamento no fundo era conhecida;
• Após 4 dias de contactos com par-
ceiros internacionais não foi possí-
vel, em tempo, disponibilizar um
veículo de salvamento . Fruto do NRP Tridente posicionando-se na bacia de manobra da BNL.
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incêndio elétrico a atmosfera fi cou
contaminada e, ao fi m de 4 dias, a respiração da guarnição era lado de submarino acidentado, mas sem qualquer arƟ fi cialismo na
cada vez mais diİ cil. Foi assim decidido pelo CTG 443.10 em ascensão dos militares ao longo da coluna de água de 5,4 metros,
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conjunto com o comandante do submarino que a guarnição iria desde a escoƟ lha do submarino à superİ cie da água.
abandonar o submarino por AL. Pese embora o assentamento no fundo seja uma manobra já
executada várias vezes, fazê-la dentro da BNL, requer um pla-
PREPARATIVOS I neamento ainda mais rigoroso e detalhado. As correntes de
maré ơ picas do Tejo, o escuro e lodoso fundo da BNL, a extrema
Eram exatamente 11h30 quando o NRP Tridente, auxiliado por proximidade aos cais e outras unidades navais, não deixavam
rebocadores, largou do cais 6N. Determinada e orgulhosa, a guar- nenhuma margem para erro!
nição do NRP Tridente preparava-se para assentar o seu submarino Em terra fi caram cerca de 80 militares , consƟ tuindo as equipas
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na posição planeada e “largar” oito militares, num cenário simu- de apoio e coordenação de um exercício de monta, cujo primeiro
objeƟ vo era a salvaguarda da vida humana.
Desde a admissão na Marinha que os marinheiros são prepara-
dos para dar resposta em momento cruciais e de crise. Dos vários
ditados e chavões navais, a palavra “preparaƟ vos” vem sempre
à tona. O ESCAPEX 20, não foi exceção! Todos os procedimen-
tos foram amplamente treinados e verifi cados durante a semana
antecedente para que, no momento necessário, tudo corresse de
acordo com a expectaƟ va e real necessidade.
PREPARATIVOS II
Na posição defi nida para o assentamento o submarino iniciou
os procedimentos de verifi cação de deriva; após a largada dos
cabos passados aos rebocadores, adequou-se e compensou-se
a infl uência das condições meteo-oceanográfi cas no posiciona-
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mento. Depois, à voz de “ALERTA!” gritada na conferência de
comando, seguiu-se o procedimento de entrada em imersão.
“É agora! Vamos fazer aquilo para o qual nos treinámos.” – foi
o pensamento de toda uma guarnição. Ordem dada e escoƟ lha
superior fechada, o submarino iniciou a sua descida controlada
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para o fundo, abrindo as saídas de ar dos tanques de lastro a
vante e a ré. Passados poucos minutos do “Alerta!” o Tridente
assentou no fundo com graciosidade.
Após verifi cação da estanqueidade do submarino, com a ơ pica
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ronda a todas as passagens de casco , iniciaram-se os procedi-
mentos de AL na escoƟ lha de vante. De notar que a classe Tri-
dente está munida de dois locais com capacidade para realizar
ascensão livre, a vante e a ré da antepara resistente.
O procedimento começou com o teste do tronco telescópico ,
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sem nenhum “escapado” no seu interior; corrida a check list, foi
Aguardando a saída do primeiro “escapado”.
possível aferir o tempo necessário para efetuar cada manobra.
NOVEMBRO 2020 7