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REVISTA DA ARMADA | 562

COMBATE À “DESINFORMAÇÃO” desenvolve, habitualmente, seguem na esteira dessa perceção,
produzindo ações e reações com igual e, tendencialmente, cres-
Esta breve reflexão procura observar o fenómeno idêntico que cente proporcionalidade. Consequentemente, não é incomum
ocorre no seio das empresas ou das instituições que contam com ver surgir antagonismos assentes em juízos construídos em per-
uma grande pegada humana nas suas estruturas orgânicas. As- ceções ou entendimentos, que podem ser considerados menos
sim, distanciando-nos um pouco da comunicação mais ou menos precisos ou desajustados pelo percecionado.
explícita, com recurso aos métodos e sistemas mencionados, não
é de somenos importância observar que determinadas ações ou
comportamentos, menos explícitos ou mais discretos, procuram A PROJEÇÃO PSICOLÓGICA
ter como resultado final a mesma criação de perceções que po-
tencialmente podem deturpar as realidades. As organizações e Neste âmbito específico e de forma telegráfica, aflora-se o que
os responsáveis que nelas operam não devem, pois, é conhecido como sendo a projeção psicológica. Na consciência
ignorar a sua existência; devem, sim, re- humana podem existir pensamentos e senti-
conhecer que essas distorções não mentos que se preferia negar, sequer,
são convenientes e, em última existirem. Esses desejos e im-
análise, constituem uma in- pulsos são conscientemente
desejável perturbação ao agressivos, gerando-se
desempenho global da mecanismos psicoló-
estrutura, constituin- gicos de defesa para
do, assim, uma ame- os eliminar. A forma
aça organizacional humana mais natu-
que importa não ral de o alcançar é
só não ignorar, projetar esses sen-
como também, timentos nos ou-
estando presente, tros, em eventos
procurar eliminar ou objetos, ten-
ou, pelo menos, tando externalizar
mitigar. o problema e trans-
É por certo uma ver- ferindo a proprieda-
dade universal que uns de dessas sensações
veem os outros, através para um qualquer agente
da sua própria lente, neces- externo. Não é, pois, inco-
sariamente condicionada, para mum projetar nos outros o que,
não dizer desgraduada, e como re- na verdade, se é, de bom e de mau.
sultado dos seus próprios desejos, vonta- É precisamente nesta resolução do confli-
des e prioridades. A perceção é, em grande medida, to interior que a geração da perceção, distinta da
como uma primeira impressão, frequentemente identificada realidade em presença, assume maior relevância.
como sendo a mais importante; e é igualmente comum dizer-se Em tom conclusivo, poder-se-á dizer que quem perceciona en-
que não há nunca uma segunda oportunidade para causar uma tende estar a agir corretamente e quem é percecionado pode ter
boa primeira impressão. Contudo, não havendo alguma cautela, que enfrentar um juízo apreciativo menos justo ou correto. Corri-
esta primeira impressão acaba por convidar ao erro, em regra gir as perceções e alinhá-las com a realidade conduz ao bem-estar,
por força da celeridade com que habitualmente é estabelecida. à justiça e à harmonia, elementos essenciais para a eficiência e o
Tal perceção, por vezes desfasada da realidade, quase sempre equilíbrio dos sistemas organizacionais, constituídos predominan-
constitui a base para o conflito de interesses ou de desencontros temente por seres racionais iminentemente emocionais e que, em
pessoais, porquanto as atitudes e os comportamentos que se grande medida, constroem as organizações de sucesso que as res-
petivas lideranças sempre desejam.
Assim, a manutenção das perceções condizentes com as realida-
des em presença conduz à eficiência e eficácia no trabalho, de que
todas as partes envolvidas beneficiam e permite obter os deseja-
dos dividendos organizacionais.

Amaral Mota
CMG

Notas
1 A noção que deriva de um processo sensorial na presença de um estímulo ou a
função cerebral que atribui significado a estímulos sensoriais, a partir do histórico
de vivências passadas. Fonte aberta.
2 O estado que algo apresenta ser ou aparenta ser, em vez daquilo que a pessoa
desejaria que fosse. Fonte aberta.

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