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REVISTA DA ARMADA | 572


                                                               Notas
                                                               1   Estima-se que os custos diretos e indiretos da pirataria e das ações de contra
                                                               pirataria, rondem os 2 mil milhões de dólares por ano.
                                                               Os custos diretos são as perdas financeiras que estão imediatamente ligadas a
                                                               incidentes de pirataria e atividades de contra pirataria, incluindo despesas decor-
                                                               rentes da projeção de meios navais, resgates pagos e o valor da carga roubada.
                                                               Os custos indiretos compreendem os danos financeiros às economias dos países
                                                               causados pela ameaça de pirataria e pela aplicação de medidas antipirataria. In-
                                                               cluem, entre outras, a redução do tráfego marítimo para as zonas de alto risco, o
                                                               aumento dos custos dos seguros, o aumento dos vencimentos dos tripulantes qua-
                                                               lificados para aceitarem trabalhar na região e a diminuição da atividade pesqueira.
                                                               Há  especialistas  que  consideram  ainda  uma  terceira  classificação,  os  custos  de
                                                               oportunidade. Neste caso incluem-se as consequências da ação política e dos re-
                                                               cursos financeiros concentrados na pirataria, em vez de outras prioridades poten-
                                                               cialmente atrativas para maior investimento.
                                                               2   Dados da Direção Geral de Energia e Geologia (DGEG).
          Figura 6 – Participação na 2ª Reunião do Subcomité da CEDEAO dos Chefes das Mari-  3
          nhas e das Guardas-Costeiras. Abijan, Costa do Marfim, 15 e 16 de novembro de 2021  O mecanismo das PMC visa aumentar a capacidade da UE enquanto parceiro de
                                                               confiança e como garante da segurança marítima, proporcionando uma maior in-
                                                               tervenção operacional europeia, assegurando uma presença e um alcance maríti-
          DESAFIOS E OPORTUNIDADES                             mos permanentes no GdG, promovendo a cooperação internacional e a parceria
                                                               no mar. Funciona numa base de voluntariado dos países interessados. Portugal
                                                               integrou o projeto-piloto, que arrancou em janeiro de 2021, associando às PMC os
           A  implementação  de  um  projeto  desta  envergadura  constitui   navios que participaram nas Iniciativa Mar Aberto 21.1 (NRP Setúbal – vide edições
          uma oportunidade recheada de desafios para todos os elementos   562 e 563 da RA) e 21.2 (NRP D. Carlos I – vide edição 571 da RA).
          da UIC e, certamente, também para a Marinha e a AMN. As razões   4   O projecto “Deep Blue” pretende constituir uma estratégia integrada de seguran-
          são muitas e diversificadas e enquadram-se essencialmente em   ça marítima visando combater os crimes no mar. Integra uma vasta panóplia de
          três dimensões de gestão:                            meios terrestres, marítimos, aéreos e de comando e controlo, com o objetivo de
                                                               vigiar, recolher informação e intercetar as atividades criminosas.
           – Gestão do tempo, procurando o cumprimento do planeamento   5
          para evitar a necessidade de solicitar à UE a extensão do período   6   ECOWAS na versão anglo-saxónica.
          de  implementação  do  projeto.  A  tarefa  revela-se  exigente,   7   ECCAS na versão anglo-saxónica.
                                                                Na  edição  565  (AGO21)  da  RA  foi  publicada  uma  figura  com  o  Yaoundé
          sobretudo  atendendo  ao  elevado  número  de  intervenientes,   Architecture for Maritime Safety and Security.
          ao  distanciamento  da  UIC  da  região  (apesar  da  enorme  mais   8   A Estratégia Marítima Integrada e o Plano de Implementação da CEDEAO foram
          valia  que  constitui  a  presença  do  oficial  de  ligação  em  Abuja)   adotados em Yamoussoukro, na Costa do Marfim, a 29 de março de 2014.
          e à complexidade e morosidade dos processos de decisão, em   9   Com o apoio logístico da Technical Assistance Team (TAT), uma equipa de assistên-
          especial na CEDEAO.                                  cia técnica ao projeto. À TAT cabem responsabilidades gerais de: (i) coordenação
           –  Gestão  orçamental,  para  garantir  a  suficiência  das   da implementação das diferentes componentes; (ii) acompanhamento e apresen-
          verbas  atribuídas,  sem  degradação  dos  requisitos  técnicos   tação atempada à UE, CEDEAO e SC de relatórios sobre as atividades e resultados
                                                               pelos parceiros de implementação; e (iii) contactos regulares com os outros proje-
          dos  equipamentos,  encontrando  soluções  para  necessidades   tos financiados pela UE no GdG.
          inicialmente  não  previstas  e  contornando  os  efeitos  da  inflação,   10   Com este objetivo, o TCC pode convidar parceiros de implementação de outros
          sobretudo após o período da pandemia.                programas em curso na região.
           –  Gestão das sensibilidades,  perante  um  quadro  de  dezenas   11  Neste rol há:
          de  organismos  intervenientes  nos  vários  processos  e  atividades,   - 2 países lusófonos - Cabo Verde e Guiné-Bissau;
          de  diferentes  países,  com  diferentes  interesses,  prioridades  e   - 5 países francófonos - Benim, Costa do Marfim, Guiné, Senegal e Togo; e
                                                               - 5 países anglófonos - Gâmbia, Gana, Libéria, Nigéria e Serra Leoa.
          disponibilidades.                                    Por não serem países costeiros, o Burkina Faso, o Mali e o Níger apenas são abran-
                                                               gidos por outras componentes do SWAIMS.
          CONCLUSÃO                                            12   Define o estatuto dos militares nomeados para participarem em ações de coope-
                                                               ração técnico-militar concretizadas em território estrangeiro.
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           Ao  assumir  a  gestão  delegada  de  uma  das  componentes  do   Despacho n.º 70/MDN/2020, de 30 de dezembro.
          SWAIMS, Portugal reforça a sua posição de ator ativo na promoção   14   Nomeado ao abrigo da Lei n.º 13/2004, de 14 de abril, que estabelece o enqua-
          da  segurança  marítima  no  GdG,  dando  assim  expressão  visível  à   dramento jurídico do agente da cooperação portuguesa e define os princípios e as
                                                               normas integrantes do seu estatuto.
          política de cooperação para o desenvolvimento, um dos principais   15   Através do Despacho n.º 21/SEADN/2021, de 26 de abril, do Secretário de Estado
          vetores da política externa portuguesa.              Adjunto e da Defesa Nacional.
           A  particularidade  do  envolvimento  de  três  entidades  de  dois   16   United Nations Office on Drugs and Crime.
          ministérios constitui uma mais valia que tem sido fundamental para   17   O Grupo Intergovernamental de Ação contra o Branqueamento de capitais em
          mitigar  as  dificuldades.  A  experiência  do  Camões,  I.P.  na  gestão   África (GIABA) é uma instituição especializada da CEDEAO responsável pela pre-
          e implementação de projetos da UE, as competências e as bases   venção e controlo do branqueamento de capitais e financiamento do terrorismo
          orientadoras  da  DGPDN  na  política  de  cooperação  no  domínio   na Região Oeste Africana.
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                                                                 O Institut de Sécurité Maritime Interrégional (ISMI) está integrado na Académie
          da defesa e o know how da Marinha nos assuntos da segurança   Régionale des Sciences et Techniques de la Mer (ARSTM) e foi criado em 2015, na
          marítima,  nos  aspetos  técnicos  do  equipamento  naval  e  a  sua   sequência da Cimeira de Yaoundé de 25 de junho de 2013, para apoiar os Estados
          presença  no  terreno  em  África  há  dezenas  de  anos,  reúnem  um   da África Ocidental e Central na implementação do reforço das capacidades maríti-
          conjunto de valências e competências único, robusto e consistente   mas. O ISMI é um centro de formação sedeado em Abidjan, na do Costa do Marfim,
          para levar a bom porto o SWAIMS, na componente que Portugal   que forma civis e militares nos domínios da segurança marítima e proteção do
                                                               ambiente marinho.
          assumiu para reforçar a sua presença e credibilidade no quadro da   19   A Regional Maritime University (RMU) é uma instituição terciária com estatuto
          cooperação no domínio da defesa.                     diplomático sedeada em Acra, no Gana. A RMU tem por objetivo a promoção da
                                                               cooperação regional na indústria marítima, centrando-se na formação para asse-
                                                               gurar o crescimento e desenvolvimento sustentado da indústria.
                                                               20   Ação referida no artigo INICIATIVA MAR ABERTO 21.2, incluído na edição 571
                                          Carlos Rodrigues Campos  (MAR22) da RA.
                                                        COM


          16  ABRIL 2022
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