Page 23 - Revista da Armada
P. 23
REVISTA DA ARMADA | 573
se, ignorar o mundo, viver à margem dele. Não foi assim em representaram o melhor que tinha Portugal, representar o melhor
Portugal, não é assim em Portugal hoje, não será assim Portugal que tinham as Forças Armadas, representar o melhor que tinha
no futuro. Estamos por todos os continentes, portuguesas e a nossa ciência e a nossa tecnologia, era a sua Bravura e a nossa
portugueses, não há uma família portuguesa que não conheça coragem e o nosso espírito de partir e afirmar Portugal no mundo.
essa aventura. Vale a pena celebrar este passado, sim vale!, mas só vale a
Estamos, Forças Armadas portuguesas, por todos os continentes, pena se retirarmos lições para o futuro, só vale a pena celebrar
a defender a paz, a defender o futuro, a defender a justiça, a o passado, se para além daquelas centenas ou milhares de
defender o direito, a defender aquilo que é fundamental no portuguesas e portugueses que aqui estão hoje, para além dos
respeito da dignidade humana. Não é um lugar qualquer, mas nossos bravos militares, jovens militares que aqui estão hoje, se
também não foi um feito qualquer. Foi daqui que partiram e acaba Portugal a entender, o que foi esse feito, como foi, o que significou,
de ser contado aquilo que foi verdadeiramente algo de único, de o que quis dizer e se passar de geração em geração, porque é com
novo no começo do século XX. a memória do passado que construímos a glória do futuro. Só vale
Não foi um feito qualquer, porque mostrava a excelência do a pena se apostarmos mais na ciência, mais a tecnologia, mais
que era a nossa Armada, a nossa Marinha, porque mostrava nas Forças Armadas.
a excelência que haveria de ser da nossa Força Aérea, então Porquê, então estaremos a honrar o passado que hoje
nascente a partir da Armada. Não foi feito qualquer que trouxe celebramos, só vale a pena se levarmos mais longe a fraternidade
consigo a ciência portuguesa, a tecnologia portuguesa, a que nos une, a países tão próximos por onde passaram os dois
capacidade de dois homens excecionais, um mais virado para a heróis, como a Espanha, como Cabo Verde, mas sobretudo,
teoria, outro mais virado para a prática e que se completavam, se neste ano, do bicentenário da independência do Brasil,
Artur de Sacadura Cabral e Carlos Gago Coutinho. reafirmarmos os laços de fraternidade. Se o Brasil sentir este feito
Eles eram um só sendo dois e como foi lembrado quando como sentiu há 100 anos, se nós sentirmos a fraternidade entre
partiram estavam poucos à partida, quando chegaram estava um portugueses e brasileiros como sentimos há 100 anos.
país inteiro à sua espera, mas a história é assim, partiram e o país Precisamos de sair daqui hoje e por isso é tão importante a
começou a vibrar com a sua aventura, por cada embate, por cada expedição Lusitânia, que irá partir para terras do Brasil, com a
revés, sofria, por cada recomeço e sucesso, rejubilava e chegaram certeza que valeu a pena aquilo que fizeram Gago Coutinho e
ao Brasil e a pátria irmã que comemorava 100 anos, abriu- Sacadura Cabral, valeu a pena, e vale a pena termos as Forças
lhes os braços, recebeu-os por todo o Brasil, foram multidões e Armadas que temos, valeu a pena e vale a pena apostarmos
multidões. Foi o Presidente brasileiro, foram homenagens e aí a na educação, na formação e na qualificação, na ciência na
Pátria portuguesa percebeu o que se tinha passado. tecnologia, valeu a pena e vale a pena, olharmos para o passado
A Pátria que há 100 anos era uma pátria doente, saída dorida para construirmos o futuro.
da Grande Guerra, com as Forças Armadas dilaceradas, com Glória, hoje e sempre a Gago Coutinho e Sacadura Cabral.
assassinatos políticos dos mais graves, com crise económica e social. Glória, hoje e sempre às nossas bravas Força Armadas.
Num ambiente que mais tarde ou mais cedo conduziria a ditadura. Glória, hoje e sempre à fraternidade entre Portugal e Brasil.
Pois, foi nesse ambiente que Gago Coutinho e Sacadura Cabral Glória, hoje e sempre ao nosso Portugal.
MAIO 2022 23