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REVISTA DA ARMADA | 573

ACADEMIA DE MARINHA

SESSÃO CONJUNTA COM FUNDAÇÃO OCEANO AZUL

No cumprimento da sua missão de promover, desenvolver
e divulgar os conhecimentos relacionados com o mar e as
atividades marítimas, a Academia de Marinha colabora com
outras entidades ou instituições culturais; tal tem em vista não só
aprofundar o conhecimento do mar, mas também contribuir para
o prestígio da Marinha e do País.
Isso faz com que a Academia seja uma ponte importante entre
dois mundos, uma porta aberta da Marinha à sociedade no geral,
um importante elo de ligação entre aqueles que escolheram
o mar como modo de vida e os que, através dos seus estudos,
construíram uma relação com ele.
Uma das mais importantes ligações da Academia é com a
Fundação Oceano Azul, organização fundada com o intuito de
reaproximar Portugal do mar e de o auxiliar a tornar-se um dos
líderes da agenda relacionada com o mar e a sustentabilidade
dos oceanos através da educação, literacia, capacitação e
conservação.
Juntando-se as valências de ambas as instituições e a
preocupação e vontade de contribuir para um futuro mais
sustentável para os oceanos, realizou-se no dia 8 de fevereiro
uma sessão conjunta no Auditório da Academia dedicada aos
Desafios do Mar na perspetiva da sustentabilidade.
Nessa sessão foram oradores o Professor Ricardo Serrão Santos,
então Ministro do Mar, e o Dr. Tiago Pitta e Cunha, diretor da
Comissão Executiva da Fundação Oceano Azul. Ambos são
membros desta Academia, tendo nas suas intervenções públicas
dado provas de dedicação às causas do mar, da sua conservação
e sustentabilidade.
O Dr. Pitta e Cunha debruçou-se sobre a conservação dos
oceanos e a sua importância estratégica para Portugal,
começando por uma curta resenha da reaproximação do país ao
mar e continuando com referências à adoção de um novo foco
nacional na Economia do Mar.
A este despertar para o mar, o Dr. Pitta e Cunha associou a
crescente consciencialização para os vários perigos e desafios que
ameaçam os oceanos, como a poluição por plásticos, a gradual
perda de biodiversidade e o aquecimento das águas, justificando
a cada vez maior importância da conservação, até mesmo para
a soberania sobre os espaços marítimos, através da ideia de que
quem cuida, usufrui.
De seguida foi apresentada a ação da Fundação Oceano Azul no
sentido de colocar a conservação na agenda nacional, através da
criação de áreas marinhas protegidas, que podem contribuir para A desinformação e desconexão com o oceano constitui a razão
o valor acrescentado das economias locais. de ser do segundo eixo, destacando o Professor Serrão Santos
Esta ideia foi relacionada com o crescimento de conceitos como a necessidade de construir uma sociedade do conhecimento
o de «capital natural», onde a natureza, e por extensão as áreas em relação ao mar, juntando a ciência e conhecimento à boa
marinhas protegidas, têm um papel essencial no assegurar das governação.
economias do futuro e contribuir para um novo conceito de Relativamente ao terceiro eixo, focou as oportunidades que
sustentabilidade, tornando-se na reserva nacional do futuro, a recuperação pós-pandemia apresenta para a construção de
através de realidades como o carbono azul. uma economia sustentável, baseada num hub azul, apostada na
Após a intervenção do Dr. Pitta e Cunha, o Professor Ricardo descarbonização, algo que já se vislumbra em diplomas recentes
Serrão Santos incidiu a sua comunicação sobre O Oceano para como o Plano de Ação para o Mar e a Estratégia Nacional para o
a Década – contextos, desafios e respostas, que apresentou Mar, onde a participação da sociedade no seu geral é essencial.
seguindo três eixos. E nessa participação, a Academia de Marinha apresenta-se
O primeiro desses eixos tem a ver com o meio ambiente na linha da frente, pronta e apostada a cumprir a sua missão e
marinho, mais concretamente a sua importância para o estudo contribuindo para a sociedade do conhecimento.
das alterações climáticas e para a crescente consciencialização e
iniciativas de conservação. Colaboração da ACADEMIA DE MARINHA

36 MAIO 2022