Page 121 - Revista da Armada
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Batalhas e combates




        da Marinha portuguesa (XXIV)







         MALACA (Janeiro de  1513)         não  chegou  a  surtir  efeito  porque  os   desistiu do seu projecto. antes pelo con-
                                           Portugueses,  depois de  terem conquis-  trário, pois sabia perfeitamente que estes
               a  guerra  naval,  a  qualidade  é,   tadO' Malaca, destruíram todos os núcleos   não tinham mais de duzentos homens na
               geralmente, mais importante do  de Javos que não acatavam imeiramente   fortaleza e outros tantos navios, o que the
         N que  a  quantidade.  Através  dos   a  sua autoridade.             parecia  uma  insignificância comparado
         tempos. as annadas mais pequenas, mas   Quanto à composição da armada de   com as  imensas forças de que dispunha.
         dispondo  de  material  mais  moderno  e   Pateonuz,  os  cronistas  divergem.  Ao   E  em  fins  de  151 2.  tendo concluído  o
         pessoal mais competente, bateram quase   certo,  pode concluir-se que a sua capi-  aprontamento  da  sua  frota,  pôs-se  a
         sempre as annadas mais numerosas. mas   tânia  era  um junco de  grandes  dimen-  caminho daquela cidade.
         que utilizavam material antiquado ou que   sões. com um costado fortíssimo, consti-  Quando  começou  a  constar  em
         tinham  pessoal  menos  bem  adestrado.   tuído por vários forros  colados  uns aos   Malaca que uma grande annada de Javos
         Um exemplo flagrante desta regra Foi  a   outros que  faziam  dele  uma espécie de   tinha  passado  pelo  estreito  de  Sabão.
         batalha travada entre os Portugueses e os   couraçado de madeira. Além deste, havia   rumo ao Norte, Fernão Peres de Andra-
         Javos.  ao largo de Malaca, em Janeiro   um outro junco que embora de menores   de,  capitão-mar  da  nossa  frota.  saiu
         de  1513.                         dimensões era igualmente forte.  O gros-  imediatamente em  sua  busca  com sete
            Pateonuz,  senhor  de  Japorá.  um   so da annada era composto por quarenta   navios.  Mas.  nada  tendo  encontrado.
         reino da ilha de Java, desde há muito que   a  sessenta juncos nonnais. cinquenta a   regressou  à  base  convencido  de  que  a
         ambicionava  apoderar-se  de  Malaca.   cem lancharas e um  número indetermi-  vinda dos Javos nâo passava dum boato.
         Nesse sentido, tinha começado  a cons-  nado  de  calaluzes,  nos  quais  iriam   O que acontecera é que Pateonuz. depois
         truir uma grande armada, com a  ajuda   embarcados  para  cima  de  dez  mil   de  passar  o  estreito  de  Sabâo.  tinha
         doutros reis seus parentes e vizinhos,  e   homens.  O  ponto  fraco da armada java   metido pelo canal existente entre a  ilha
         tinha induzido muitos javos a irem viver   era a pouca quantidade e a má qualidade   de Samatra e um certo número de outras
         para aquela cidade a fim de constituírem   da  sua artilharia.       ilhas  situadas  ao  longo  da  sua  costa
         aquilo  a  que  hoje  chamaríamos  uma   Apesar de  Malaca  ter passado para   oriental ,  o  que  lhe  pennitiu chegar até
         «quima coluna_. Mas esta parte do plano   as mãos dos portugueses. Pateonuz não   jumo de  Malaca sem ser detectado por

                                                                      ~- ~--
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                                                                             ', MALACA - 1513
                                                                                           ,
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                                                                     ,
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