Page 344 - Revista da Armada
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o  . Wilma.  em Alcoutim visto da ponte sobre a ribeira. Na outra margem vtrsa o castaJo e a  vila 6SpanhOJa  de SanJucar (foto do autor).

                Apesar de ser considerado o mais navegável dos
            rios portugueses ainda não foi devidamente estudado.
                Antes dos árabes e dos romanos, o Guadiana tam·
            bém foi utilizado pelos fenícios, gregos e cartagineses
            no escoamento de minério para os portos do Mediter- .
            rAneo.
                Com o início em moldes modernos da exploração
            das pirites de cobre em 1859 na serra de S. Domingos,
            pela firma inglêsa Mason & Barry, Ltd. que dispW]ha
            de uma via  férrea  privativa até Pomarão,  o  tráfego
            flutrial aumentou muito, chegando a estarem em Poma-
            rão ao mesmo tempo 20 barcos de minério de 200 a
            1.500 tons.
                Nos  últimos  anos  da  exploração  das  minas  de
            S.  Domingos, entre 1950 e 1964, subiram até Pomarão,
            em média,  11  navios por mês.
                As  minas  espanholas  também  estiveram  muito
            activas aumentando o  tráfego no rio e  ainda hoje se
            vêem no Puerto de La Laja. na margem esquerda, as
            instalações mineraleiras abandonadas.
                As  dificuldades  de  navegação  nas  curvas  mais
            apertadas,  localmente  designadas  «tornas)),  e '  as
            manobras no porto de Pomarão, limitavam o compri·
            menta dos navios a  55  metros.  A utilização de rebo-
            cadores facilitou a  navegação nas tomas e  as mano-
            bras em Pomarão, chegando a  estarem ali navios de
            95 metros de comprimento com 5 metros de calado.
                O tráfego no rio era principalmente condicionado
            pelos assoreamentos na barra de entrada e, a  partir
            de dada altura,  as  dragagens passaram a  ser quase
            permanentes.
                                                                o tronco de ulmeiro referido no teno (foto do autor).
               O transbordo do minério para navios maiores ~ra
            em geral feito fora da barra, o que encarecia a  explo-  Durante as cheias a  subida do rio era impraticá-
            ração e  estava sujeito às incertezas do tempo.     vel, chegandO a  corrente a  atingir 13 nós.
               O Guadiana era antigamente sujeito a cheias, hoje   As marés fazem-se  sentir até à  área de Serpa, a
            muito menos acentuadas devido ao controle nas bar-  140 km da foz, mas acima de Mértola não têm signifi-
            ragens.  Em  1876  houve  uma  cheia de  proporções   cado. Em relação a  Vila Real de S.  António as marés
            extraordinárias que fez subir o rio em Pomarão e Mér·   têm um retardo sensível. No Pomarão a enchente dura
            tola, algumas dezenas de metros acima do baixa-mar.   cerca de 4 horas e a vazante 8 horas. As alturas máxi·

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