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Soeiro de Brito, cabendo à APORVELA as
         funções de coordenação a par das partici-
         pações da Federação Portuguesa de Vela,
         Associação Nacional de Cruzeiros, Associa-
         ção Naval de Lisboa e o Yacht Club do
         Porto. LGL não quer deixar de assinalar o
         precioso apoio que lhe foi dado pelo
         comandante Canelas Cardoso.
           O percurso escolhido para esta via-
         gem/regata foi o seguinte: largada de Lisboa,
         no dia 8 de Março, com escalas no Funchal,
         Mindelo, Salvador, Cabrália, para aqui se
         realizarem as cerimónias comemorativas da
         chegada de Pedro Álvares Cabral e, por fim,
         Rio de Janeiro, onde se realizou o desfile
         naval de encerramento.
           A regata, devido talvez à pouca divul-
         gação, teve a participação de, apenas, 6
         veleiros (2 portugueses e 4 brasileiros) e o
         vencedor foi Gabriel Basílio, no Marujo,
         espírito da Madeira. Quanto à viagem  O Engenheiro Guimarães Lobato e esposa a bordo do Jolie Brise.
         comemorativa, tivemos a Sagres, o Cisne
         Branco, navio escola da Marinha do Brasil  No regresso, a caravela Boa Esperança,  Para participar nesta viagem comemorati-
         e, naturalmente, a caravela Boa Esperança,  efectuou uma longa viagem, escalando  va, a APORVELA ainda se empenhou na
         já citada. Acompanharam estes navios cerca  Salvador, Recife e Fortaleza, no Brasil, e,  construção de uma outra caravela que, infe-
         de 30 embarcações de recreio que. por  seguidamente, Barbados, Bermudas, Faial,  lizmente, não foi possível terminar a tempo
         razões técnicas escalaram Tenerife em vez  chegando a Lisboa depois de 12 000 milhas  Não queremos deixar as caravelas da
         do Funchal.                        navegadas em cinco meses.          APORVELA sem referir que, quando a Boa
                                                                               Esperança não está a navegar, é visitada por
                                                                               quem quer conhecer o navio que há meio
                                                                               milénio contribuiu para descobrir o Mundo.
                                                                               Além disso, cumprindo um programa orien-
                                                                               tado pelo Dr. Amaral Xavier e apoiado pela
                                                                               CNCDP, são recebidos por ano, na Boa
                                                                               Esperança, 50 000 alunos do ensino básico
                                                                               e secundário. A APORVELA teve ainda um
                                                                               curso por correspondência, que abrangia
                                                                               não só a iniciação náutica como, também, a
                                                                               história da navegação. Este curso, de que é
                                                                               autor o Comandante Saturnino Monteiro, foi
                                                                               operado pelo Contra-Almirante Gama Higgs
                                                                               e chegou a ter 800 alunos, espalhados por
                                                                               todo o país.
                                                                                 Deixámos para o fim um aspecto que
                                                                               merece um destaque especial e que se
                                                                               prende com o antigo lugre bacalhoeiro
                                                                               Creoula. De facto, um longo processo teve
                                                                               início quando a APORVELA, criada, como
                                                                               vimos, em 1980, considerou a indispensa-
                                                                               bilidade de possuir um navio para treino de
                                                                               mar e de vela, que fosse adequado para
                                                                               fazer viagens com alguma duração.
                                                                                 Quando se procurava uma solução que,
                                                                               naturalmente, não era fácil, o arquitecto
                                                                               Lixa Filgueiras, conceituado estudioso de
                                                                               embarcações tradicionais, deu a notícia que
                                                                               o Creoula ia ser vendido para o Canadá
                                                                               pelo preço simbólico de 5 000 contos. Em
                                                                               resultado de diligências efectuadas por
                                                                               aquele arquitecto, infelizmente já desapare-
                                                                               cido, foi possível alterar o rumo das coisas.
                                                                               De facto, o Engenheiro Ferreira de Lima,
                                                                               então secretário de estado da Administração
                                                                               Interna e sintonizado com as ideias da
                                                                               APORVELA, concretizou a aquisição do
                                                                               navio evitando a sua saída para o es-
                                                                               trangeiro, como já tinha sucedido com o
                                                                               Gazela II, sem que ninguém lhe deitasse a
         O Wilma, o último veleiro do Engenheiro Guimarães Lobato.             mão. O Creoula tinha uma característica
                                                                                      REVISTA DA ARMADA • AGOSTO 2001 11
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