Page 313 - Revista da Armada
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vez o destino histórico: quilhas portugue- S. Martinho do Porto. O capitão da guinte continuei a navegar e às 24 horas
sas eram as primeiras ao oriente por um Viajante, José Sabino Gonçalves foi ali dei fundo em Ismaília, aonde estive fun-
novo rumo...” que nasceu. E como há benesses que vêm deado 2 dias, por causa de não se poder
E continua dizendo que o país delirou do céu, Tarcísio Trindade possui o Diário passar o Canal, por estar uma draga no
com tão ousada façanha. Delirou o país, Náutico da Viajante, precisamente o vo- dito. No dia 1 de Dezembro pelas 2 horas
delirou ele, Armando de Aguiar, delirou o lume que tem o registo da passagem por da tarde larguei de Ismaília a donde
jornalista que o copiou e deliraram todos Port Said. cheguei a Suez no dia seguinte pelas 4
aqueles que cegamente seguiram o texto Tarcísio não quer desfazer-se desta horas da tarde dando fundo em 5 braças,
de O Occidente atrás mencionado, sem o peça da sua colecção, mas ao fim de lodo (...) esperando pela carga que
mais pequeno respeito pela verdade. alguns anos de conversa, admite que o descarreguei em Port Saïd para passar o
melhor local para conservar a memória Canal, tendo no dito porto navios [de]
FINAL do primeiro navio português que atraves- bastante diferentes nações. Sem mais
sou o canal de Suez, é a Biblioteca novidade, Sabino Gonçalves”.
De novo, um dia de Sol radiante vem Central da Marinha. E cede-o.
animar as pessoas e as coisas. As pessoas Agora, podemos ler o que o capitão da
ficam mais felizes, as coisas mais bri- Viajante escreveu pela sua própria mão: NR: Ver do autor “O Canal de Suez”,
lhantes. Ouve-se ao longe a Celeste Aida, “No dia 27 de Novembro de 1869 (dez publicado nesta revista nos números 292
dessa bela ópera de Verdi que também dias depois da inauguração, dizemos nós) e 293, respectivamente, Nov. e Dez. de
não chegou a tempo da inauguração do às 20 horas, larguei de Port Said a reboque 1996.
canal. do vapor, às 5 horas dei fundo no canal.
Um bem conhecido livreiro da rua do Com ferro pela pôpa e um virador pela A. Estácio dos Reis
Alecrim colecciona obras ligadas a proa para terra, às 21 horas do dia se- CMG
Oferta à Marinha
Oferta à Marinha
da Dissertação de Doutoramento
da Dissertação de Doutoramento
do Professor Contente Domingues
do Professor Contente Domingues
o passado dia 24 de Julho o ao longo dos tempos sobre esta
Professor Francisco Contente matéria, com destaque para os
NDomingues deslocou-se à realizados por Fernando Oliveira,
Biblioteca Central para oferecer à João Baptista Lavanha e Manuel
Marinha a obra “Os Navios da Fernandes. A par dos Tratados e
Expansão”, a qual constituíu a dis- Regimentos Gerais ou Especiais,
sertação do seu recente doutora- que constitui a base da documen-
mento. tação técnica portuguesa de Arqui-
Docente da Faculdade de Letras tectura Naval, são igualmente
da Universidade de Lisboa, onde salientadas as Instruções dos
lecciona, entre outras, as disci- Mestres do Ofício. As questões do
plinas de História da Marinha método na caracterização tipológi-
Portuguesa e da História da Náu- ca dos navios portugueses e a
tica e da Arte de Navegar, temas descrição dos vários tipos de
estes que não constam no plano de navios e embarcações auxiliares
estudos de mais nenhuma univer- são detalhadamente estudadas,
sidade portuguesa, o Professor Con- assim como o poder naval por-
tente Domingues é autor de inú- tuguês nos séculos da Expansão.
meros trabalhos relacionados com Este volume é completado por um
a Expansão Portuguesa dos séculos vocabulário técnico de Arqui-
XVI e XVII, membro de várias insti- tectura Naval e finaliza com uma
tuições de carácter cultural, no- extensa relação das fontes e bibli-
meadamente da Academia de ografia consultadas. O segundo
Marinha, e também colaborador da volume é constituído por apêndices
Revista da Armada (1). O trabalho documentais relativos ao “Livro da
em questão, agora ofertado, com- Fábrica das Naos” de Fernando
põe-se de dois volumes, sendo o Oliveira, a Regimentos Gerais de
primeiro constituído por um estudo Arquitectura Naval e a Orçamentos
pormenorizado sobre a Arqui- e Regimes Especiais.
tectura Naval Portuguesa dos sécu-
los XVI e XVII, onde é feita referên- Nota:
cia às obras que foram efectuadas (1) R.A. n 342 e 343.
os
REVISTA DA ARMADA • SETEMBRO/OUTUBRO 2001 23