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CRÓNICA DE TIMOR
Missão da 4ª Força de Fuzileiros
Missão da 4ª Força de Fuzileiros
(Outubro 2001 a Junho 2002)
ais uma força de fu- forma rigorosa para combate, estes
zileiros esteve destacada homens tinham agora entre mãos
M no território de Timor uma missão completamente dife-
Leste. Esta força foi constituída rente, missão essa que contava com
pela Companhia de Fuzileiros inúmeras adversidades, só pos-
Nº22, sob o comando do 2TEN FZ síveis de ultrapassar graças à sua
Eduardo Vaqueiro e por uma disciplina, tenacidade e capacidade
equipa de ligação ao Estado-Maior de improviso. À companhia de
do Batalhão Português, chefiada fuzileiros foi atribuída uma das
pelo CTEN FZ Mariano Alves. mais extensas Áreas de Respon-
No âmbito dos compromissos sabilidade (AOR´s) que contem-
assumidos por Portugal, as Forças A 4ª Força FZ Timor iniciou o seu plava os distritos de Ainaro, Manufahi e
Armadas Portuguesas contribuíram aprontamento para esta missão, numa mais tarde, a partir de 12 de Dezembro,
para a componente militar da Peace primeira fase, durante os meses de Abril e incluiu também, os sub-distritos de
Keeping Force da United Nations Maio de 2001, no Corpo de Fuzileiros, por Soibada e Natarbora, na faixa sul do distri-
Transitional Administration in East forma a aferir e uniformizar procedi- to de Manatuto, por força do Contingente
Timor (PKF/UNTAET) e sua sucessora mentos a nível individual e de secção, Filipino ter terminado a sua missão.
United Nations Mission In Support of bem como para realizar a preparação Se considerarmos o território de Timor
East Timor (PKF/UNMISET), com um sanitária de seus militares. Posterior- Leste dividido em metade Norte e metade
Contingente Nacional para Timor Leste mente numa segunda fase, a partir do dia Sul, por força da orientação Este-Oeste da
(CNT), do qual entre outras forças, fazia 21 de Maio, concentraram-se em Vila cordilheira Central do Ramelau, o distrito
parte uma Companhia de Fuzileiros Real (RI13), com as restantes sub-uni- de Manufahi fica situado sobre a metade
(CF22), integrada num Batalhão de dades do 1BI/BLI. Este período prolon- meridional da região central do território
Infantaria do Exército (1BI/BLI). A ac- gou-se até ao embarque para o teatro de e conta aproximadamente com cerca de
tuação enquadrou-se no cumprimento operações (T.O.), e teve como principal 2.500km2. A par desta enorme extensão
das seguintes missões: garantir um ambi- objectivo, o entrosamento colectivo, a territorial, a morfologia, a dispersão das
ente seguro; manter a integridade do ter- nível de pelotão e de companhia, orienta- localidades e o clima constituíram, sem
ritório e apoiar a transferência de res- do para a missão em Timor. dúvida, as maiores dificuldades no de-
ponsabilidades de segurança para a Na 2ª quinzena do mês de Outubro, já sempenho dos Fuzileiros.
Força de Defesa de Timor Leste (FDTL) e no T.O., ainda mal refeitos da chegada, os De facto Timor é uma ilha de formação
para as autoridades locais. Este batalhão nossos fuzileiros da 4ªForça deparam-se recente, pelo que a acção modeladora da
foi constituído por um efectivo de 848 com uma realidade bem diferente, ultra- erosão ainda é manifestamente insipiente
militares, sendo 711 do Exército e 137 da passando a imaginação e as histórias que no modelado da paisagem, o que faz com
Marinha. tinham ouvido até então. Treinados de que a orografia da área de responsabili-
dade da CF22 seja o resultado de uma
conjugação de uma série de factores, dos
quais se destacam principalmente o clima
e a constituição rochosa do terreno, carac-
terizando-se esta região por montanhas
de declives acentuados e de elevações
com altitudes assinaláveis, o que implica
fortes limitações na mobilidade das
forças, agravada pelas degradadas e
quase inexistentes vias de comunicação.
De referir que, nos terrenos mais planos,
a densa rede hidrográfica, apresenta-se
também como um sério desafio, na trans-
posição dos caudais dos cursos de água
em plena época das chuvas.
Com a sua base principal situada em
Same, na qual encontraram boas con-
dições de habitabilidade, deixadas pelo
contingente anterior (CF21), cedo os
fuzileiros agarraram a parte operacional,
iniciando um criterioso reconhecimento
da sua área de responsabilidade, por
forma a enquadrarem a sua actuação às
missões que lhes foram atribuídas.
12 JULHO 2002 • REVISTA DA ARMADA