Page 305 - Revista da Armada
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Apresentação do livro sobre o restauro
Apresentação do livro sobre o restauro
e a recuperação da “Fragata D. Fernando”
e a recuperação da “Fragata D. Fernando”
ob a presidência do Almirante Chefe Concluindo o trabalho relativo à mas- Após as exposições dos dois autores da
do Estado-Maior da Armada reali- treação do navio e apresentado ao Almi- obra, o Almirante CEMA, dirigindo-se aos
Szou-se, no passado dia 16 de Julho, rante Andrade e Silva, o protagonista do presentes agradeceu-lhes o terem aceite o
no Pavilhão das Galeotas do Museu de projecto de recuperação, este oportuna- convite para se associarem à cerimónia e
Marinha, a apresentação da obra “Fragata mente sugeriu que idêntico trabalho que esse facto era motivo de grande júbilo e
D. Fernando II e Glória – Restauro e Recu- devia ser feito relativamente ao casco, também de orgulho para todos os que, de algu-
peração”. tarefa que exigiu mais seis meses de estu- ma forma, participaram e se empenharam num
O Presidente da Comissão Cultural, do. Afirmou o Dr. Leitão que a feitura projecto que fez, literalmente, nascer das cinzas
CALM Leiria Pinto, reportou-se às três fa- deu aos seus autores grande satisfação e é um dos navios de maior significado para a
ses do projecto de recuperação do navio, reconfortante acreditar que pode ser um últi- nossa história marítima recente.
que foi complementada com o objectivo mo registo de uma tradição marítima que é Sublinhou que além de recordar um
de prepará-lo como museu vivo, o que difícil e complicada de manter, mas fascinante período notável da História de Portugal o
exigiu uma com- evento elucidava
plexa e profunda quão fundamental
pesquisa histórica. tem sido, ao longo
Deu a conhecer dos tempos, o papel
a génese da publi- da Marinha na
cação e sublinhou nossa sociedade, de-
o profícuo trabalho fendendo os interes-
realizado o qual ses, incentivando e
permitiu apresen- protegendo as acti-
tar uma obra de vidades económicas,
elevada qualidade. científicas e outras,
Concluiu a sua ex- salvaguardando a
posição apresen- vida humana no
tando uma breve mar e, muitas vezes,
resenha biográfica constituindo-se co-
dos dois autores. mo último deposi-
Assim, afirmou tário de valores mo-
que o Dr. Manuel rais e culturais.
Leitão sendo médi- Chamou o Almi-
co cirurgião, arqueó- rante a atenção
logo, tradutor, mo- para o facto que
delista naval e vele- muito embora a eu-
jador, com claras provas dadas em todas estas para alguém que deseje estudar o assunto foria dos primeiros sucessos tenha hoje sido
actividades, constitui um notável exemplo que mais profundamente. substituída por um sentimento de alguma
o saber individual pode simultaneamente Seguidamente o Comandante Ferdinan- apreensão por terem sido detectadas ano-
abranger diversas áreas do conhecimento. Em do Simões salientou três pontos. O pri- malias graves que afectam o casco e a própria
relação ao Comandante Ferdinando meiro referia-se à emoção ao ser convida- mastreação do navio, resta-nos para já a con-
Simões, o co-autor da obra, constatou que do para estudar e projectar o aparelho da solação de que o seu processo de reconstrução
depois de ser considerado um destacado mergu- fragata, já que ele próprio tinha chefiado a fica, a partir de hoje, muito melhor docu-
lhador e um perito em explosivos constitui hoje equipa de mergulhadores que efectuou os mentado.
também um referência no modelismo naval. trabalhos de salvação marítima de modo Declarou ser necessário promover a
Seguidamente o Dr. Manuel Leitão a permitir a reflutuação dos destroços, recuperação de um património que, por ser
declarou que após ter recebido um convite após o incêndio de 3 de Abril de 1963. O nacional e não da Marinha, deverá continuar
da Comissão Executiva da Recuperação segundo resultava no facto do interesse a merecer a conjugação de vontades e de
da Fragata para elaborar um estudo refe- que tinha no estudo do navio à vela desde esforços, afirmando que a Marinha não se
rente à sua mastreação, verificou que a a Expansão, foi substancialmente amplia- poupará a esforços em busca das soluções
tarefa implicava uma investigação em do durante os anos que durou o trabalho adequadas à preservação da fragata. Oxalá
múltiplas áreas, visto que as informações sobre a fragata D. Fernando. Por último o não venha a encontrar-se sozinha nesse
mais rigorosas estavam gravadas na Comandante Ferdinando salientou a esforço.
memória daqueles que aparelhavam os imensa alegria que sentiu quando cons- Terminou o Almirante CEMA as suas
navios e que a transmissão dos conheci- tatou que tinha contribuído para a palavras felicitando os autores pela eleva-
mentos tinha vindo a ser feita ou oral- reconstrução do navio e a sua entrega à da qualidade do trabalho produzido e
mente ou pela prática e não através de tex- Marinha. Concluindo, afirmou começam considerando que a conservação da fra-
tos escritos. Assim, qualquer estudo por as minhas dúvidas pois não me satisfaz a gata D. Fernando II e Glória era da
mais simples que fosse implicava longas palavra fim. Um navio destes, foi recons- responsabilidade de todos e não se con-
listagens de especificações, muitas delas truído, está pronto, mas os trabalhos não cluía com o estudo agora apresentado, por
em língua estrangeira sendo algumas com acabam, há sempre que fazer num navio de entender que a história do navio afinal
comprimentos pesos e medidas que tive- madeira e à vela de modo a ser conservado e tinha tido agora o seu início.
ram de ser convertidas no sistema métrico preservado, isto é que está a acontecer com a
comum. Fragata D. Fernando II e Glória. (Colaboração da Comissão Cultural da Marinha)
REVISTA DA ARMADA • SETEMBRO/OUTUBRO 2002 15