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O Farol de Santa Catarina
Farol de Santa Catarina instalado em
1888 no forte com o mesmo nome, cons-
Otitui um verdadeiro “ex-libris” da Figueira
da Foz, sendo uma referência obrigatória na pro-
moção turística da Cidade e ocupando um lugar
muito especial no coração dos Figueirenses.
Em 1969 foi desactivado como infraestrutura de
assinalamento marítimo, tendo-se mantido no
mesmo local por pressão da população que não
suportava a ideia de ver o velho Forte amputado
do seu Farol.
Contudo, após mais de trinta anos a sofrer a acção
agressiva do vento e do mar, com episódicas acções
de manutenção que na maior parte das vezes se
resumiram a retoques de pintura exterior, entrou em
acelerado processo de degradação, constituindo um
problema grave de segurança para viaturas e peões
que circulavam nas áreas adjacentes.
Eram sobretudo as peças metálicas pontiagudas
do varandim, projectadas para os espaços públicos
arborizados que constituíam o principal motivo de Varanda do Farol mostrando o seu estado degradado.
preocupação.
Era óbvio que alguma coisa tinha de ser feita e rapidamente... sido previsto, já que o estado de degradação da chapa obrigava à sua
Estando o Farol tradicionalmente associado à Marinha, de substituição integral. Para além disso, a reconstrução do varandim
pouco valeria a explicação da impossibilidade de afectar verbas implicava a manufactura de moldes que permitissem reproduzir inte-
para a manutenção de uma estrutura já desactivada da sua gralmente a estrutura anteriormente existente, mesmo nos pormenores
função de assinalamento marítimo, restando a hipótese de sensi- mais simples. Nesta fase foi crucial o empenhamento dos admi-
bilização das Entidades Oficiais para a obtenção dos apoios nistradores dos Estaleiros Navais “NAVALFOZ” que suportaram
necessários à execução dos trabalhos. maioritariamente uma verba superior a cinquenta mil euros neste
Do IPPAR e da Direcção Geral dos Monumentos Nacionais nem conjunto de obras. De realçar que para além dos administradores da
sequer foi obtida resposta, da Autarquia Figueirense, foi manifestada “NAVALFOZ” a Comissão de Amigos do Farol de Santa Catarina
sensibilidade para o problema e forte vontade de ajudar, embora era constituída pela Administração da “CONSULFOZ”, pelo
numa perspectiva de médio prazo. artista plástico Mário Silva, para
Perante este quadro, restaria além do Capitão do Porto da
numa primeira fase, procurar a Figueira da Foz.
nível local um conjunto de boas Na parte final da obra foi
vontades que permitissem uma rá- extremamente importante o
pida e adequada intervenção. contributo do Pessoal Faroleiro
Depois de obtida a concordância em serviço no Farol do Cabo
do Senhor Almirante Director-Geral Mondego, que substituíram
da Autoridade Marítima para esta vidros partidos, reconstruíram cir-
linha de acção, foram iniciados os cuitos eléctricos e até montaram
contactos e desde logo ficou mar- uma pequena réplica da lanterna
cada a primeira iniciativa com um que permite manter uma luz de
caracter algo inovador e com forte presença na estrutura do Farol.
envolvência dos Meios Culturais Foi este alargado conjunto de
Figueirenses. Pretendia-se reunir boas vontades locais, que permiti-
um grupo alargado de artistas plás- ram a execução desta obra que no
ticos, que a partir de um rebocador dia 4 de Abril foi simbolicamente
fundeado na Foz do Mondego, pin- entregue à cidade da Figueira da
tassem o Forte e o Farol sendo as Foz na pessoa do Senhor Presi-
obras posteriormente leiloadas e dente da Câmara Municipal, pelo
parte da verba apurada entregue à Senhor Almirante Director-Geral
Comissão informal entretanto cons- da Autoridade Marítima.
tituída: Os Amigos do Farol de O Farol de Santa Catarina total-
Santa Catarina. mente reconstruído e remodelado
Esta iniciativa reuniu vinte e vai continuar a marcar presença no
cinco artistas plásticos e permitiu Forte, onde foi montado há mais de
angariar os primeiros apoios para cento e catorze anos, para contenta-
as obras de recuperação do Farol. mento de todos os Figueirenses e de
Contudo estas obras, após terem todos os amigos da Figueira da Foz.
sido iniciadas, vieram a revelar um
trabalho bem mais complicado, do (Colaboração da Capitania
que aquele que inicialmente tinha O Farol após a sua recuperação. do Porto da Figueira da Foz)
REVISTA DA ARMADA • NOVEMBRO 2002 11