Page 382 - Revista da Armada
P. 382

te, julga-se que envene-  pequenas lanchas e canhoneiras que,
          Combatentes no Ultramar no Fim do Séc. XIX     nado. Passavam-se então  com algumas corvetas mistas adquiridas
                                                         acontecimentos trágicos:  no surto da Regeneração, constituíram
                                                         além das mortes segui-  uma pequena e modesta Armada que,
                                                         das dos dois governa-  até final do século, se voltou exclusiva-
                                                         dores, vai pelos ares, por  mente para o Ultramar. Teve no entanto,
                                                         explosão nos paióis, a  essa pequena força naval uma acção re-
                                                         fragata “D. Maria II” e  levante na gesta da ocupação, que até à
                                                         com ela grande parte da  Conferência de Berlim era fundamen-
                                                         sua guarnição.        talmente da faixa costeira e margens dos
                                                           Com Pedro Alexan-   rios, onde as pequenas unidades conse-
                                                         drino tomaram parte na  guiam chegar.
                                                         guerra civil os segun-  Com a simbiose da Marinha e do Ul-
                                                         dos-tenentes, seus con-  tramar no mesmo ministério, e dada a
                                                         temporâneos na Luz,   disponibilidade dos oficiais na Metró-
                                                         Rafael Alencourt Braga e  pole, é nas províncias ultramarinas que
                                                         José Tompson. Serviram  se verifica a sua maior actividade, tanto
                   CMG                   CMG
                Azevedo Costa         Carvalho Crato     na esquadra do usur-  nas estações navais como em funções de
                 1874-1940             1867-1947         pador, como consta dos  governo e nos mais variados cargos.
                                                         documentos da época. O  Deram, nessa fase da vida nacional uma
                                                         primeiro deixa a mari-  valiosa contribuição ao país, entre ou-
                                                         nha, pelo que não chega a  tros:
                                                         ser demitido e o segun-  - Carlos Maria Pereira Viana, na ocu-
                                                         do apresentando-se em  pação do Ambrisete em 1885, como
                                                         Lagos, após o combate  comandante da esquadrilha de lanchas
                                                         de 5 de Julho, ao Duque  no distrito do Congo e no comando das
                                                         da Terceira, seguirá a  forças navais da Guiné nas campanhas
                                                         sua carreira naval até  contra os papéis em 1891 e 1894, sendo-
                                                         capitão-de-mar-e-guerra.  -lhe atribuída a comenda da Torre e
                                                           É também dessa época  Espada.
                                                         distante António de     Este ilustre oficial atingiria o posto de
                                                         Sampaio e Pina Brede-  vice-almirante.
                                                         rode que, pelo seu casa-  - Capitão-tenente Eugénio Soares
                   1TEN                  2TEN            mento, viria a ser o ter-  Andrea, governador da Zambézia, do
                Bivar de Sousa      Barcelos Nascimento   ceiro duque de Palmela.  Zumbo e de Tete. Era oficial da Torre e
                 1877-1911             1887-1917
                                                         Em segundo-tenente    Espada.
                                                         embarca na esquadra     - 1º. Tenente Augusto de Melo Pinto
         meado para comandar a última nau que  inglesa tomando parte na campanha do  Cardoso que foi o companheiro de
         saiu dos estaleiros portugueses: a  Báltico e é citado pelo Almirantado  Serpa Pinto na expedição de 1884 ao
         “Vasco da Gama”, que, na sua primeira  Britânico como “dando provas de  Niassa, substituindo-o na parte final da
         viagem ao Brasil e sob o seu comando,  sangue-frio e valor militar”. Tendo sido  expedição, devido a doença deste, e
         desarvora frente ao Rio de Janeiro.  ajudante de campo de D. Luís e desem-  terminando em Quelimane um percur-
           O Governo nomeia-o, de seguida, para  penhado missões diplomáticas de rele-  so de 2.500 quilómetos. Ajudante de
         governar Macau em ocasião particular-  vo, não deixou de ter passado por subal-  campo de D. Luís e governador de
         mente crítica, pois vai substituir um seu  terno do Corpo de Marinheiros e outras  Inhambane, pediu a sua demissão de
         camarada morto pelos chineses nas  funções de rotina. Terminou a carreira  oficial da Armada, após o 5 de Outubro
         Portas do Cerco. Só governará a provín-  naval a seu pedido em 1878, no posto de  de 1910.
         cia dois meses e morre inexplicavelmen-  capitão-tenente.               - Guarda-marinha João Baptista
                                                                               Ferreira promovido a 2º tenente por
                                                           3 – Finda a guerra  distinção em combate, em 1887, na
                                                         civil, a Armada Nacional  acção para a conquista de Tungue,
              Combatentes na 1ª Grande Guerra
                                                         entra em período de   comandando uma força de desembar-
                                                         franca decadência. No  que da canhoneira “Vouga”. É agracia-
                                                         Tejo acabavam de arrui-  do com o grau de cavaleiro da Torre e
                                                         nar-se as derradeiras  Espada.
                                                         naus e fragatas do antigo
                                                         regímen. A instabilidade                A. Almeida Brandão
                                                         política, produto de                               CALM
                                                         constantes pronuncia-
                                                         mentos militares, a brus-  N.R.
                                                         ca passagem da nave-    Face à dificuldade em posicionar as fotografias
                                                         gação à vela para a de  dos oficiais junto do texto onde são referidos os
                                                         vapor, com a conse-   seus nomes, optou-se por agrupá-los de acordo
                                                         quente evolução do    com as funções mais importantes exercidas. Ao
                                                                               mesmo tempo, para além do nome, vai indicado o
                                                         armamento dos navios, e  posto máximo atingido, assim como as datas de
                                                         a ausência de uma     nascimento e falecimento.
                                                         capacidade industrial
                   1TEN                  CTEN
             Azeredo e Vasconcelos    Santos Moreira     mínima, apenas nos per-                (Fotos do Arquivo Central –
                 1889-1918             1891-1938         mitiu a construção de               – Biblioteca Central da Marinha)
         20 DEZEMBRO 2002 • REVISTA DA ARMADA
   377   378   379   380   381   382   383   384   385   386   387