Page 380 - Revista da Armada
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O Colégio Militar e a Marinha
O Colégio Militar e a Marinha
Oficiais ex-alunos e o seu contributo para a Nação
(1ª Parte)
Por ocasião das comemo- uns tantos “ex-meninos da Luz” que, referir-se ao nosso curso da escola Naval
rações do Bicentenário do nestes últimos dois séculos, muito con- num artigo publicado nos Anais do
tribuíram para o prestígio da Marinha e
Clube Militar Naval, comenta:
Colégio Militar, em 3 de da Nação. “Eram 32. Havia de tudo: altos e
Março de 2003, a Revista da Recordo, já lá vão 50 anos, o relativo baixos, gordos e magros, meninos bem e
Armada não pode deixar de “à vontade” com que os “ex-meninos da meninos mal criados, mazombos e fol-
se associar a tão importante Luz” do meu curso de marinha enfren- gazões, loiros e morenos, bonitos e
taram as primeiras “militarices” na sua
feios... e sete do Colégio Militar que
efeméride, porquanto aque- qualidade de candidatos, na chamada eram um caso à parte... Nada do que
la Instituição contribuiu de viagem de adaptação a bordo da eram os outros; apenas do Colégio
forma muito significativa “Sagres”, em paralelo com os candidatos Militar.”
É evidente que tanto o oficial instrutor
para enaltecer a própria paisanos. Tal descontracção daria lugar como o meu camarada de curso, um e
à frase desconfiada de certo oficial
Armada, através dos seus instrutor, quando o pai de um “menino outro; à distância de meio século,
servidores, antigos alunos da Luz” lhe comunicava, referindo-se ao estavam a fazer blague. E ter-se-iam cer-
daquele prestigiado estabe- curso do seu filho, que os oriundos do tamente apercebido, depois, que o
“virus” do Colégio Militar não os tornou
Colégio Militar eram sete ao todo.
lecimento de ensino. “Serão as sete virtudes teologais ou afinal, aos sete, diferentes dos demais.
Neste sentido, pelo seu va- antes os sete pecados mortais?”, interro- 1 – De certo modo o Colégio Militar
lor histórico, oferece-se como gava o oficial em resposta. diz pouco à Marinha. Estabelecimento
Passado meio século, um dos tais can-
oportuno dar conhecimento didatos paisanos, hoje almirante, ao militar fundado pelo Exército e a si per-
tencente, nunca pelo seu professorado
a toda a Corporação de um
artigo do Contra-Almirante
António Horta Galvão de Combatentes no Ultramar no Fim do Séc. XIX
Almeida Brandão, publica-
do há vinte anos nas
Revistas “Independência” e
da “Associação dos Antigos
Alunos do Colégio Militar”,
que ainda hoje mantém
completa actualidade.
INTRODUÇÃO
A Marinha que, na frase de um mari-
nheiro ilustre, não gosta de gostar, foi
sempre parcimoniosa e discreta quanto
CALM
CMG
CTEN
à apreciação e recompensa dos actos dos J. J. Almeida Carvalho Caetano Pereira Hopffer Gomes
seus elementos. 1862-1917 1865-1949 1866-1938
E se de tempos a tempos venera a
memória dos que mais se distinguem –
os poucos que, transcendendo a corpo-
ração se afirmaram a âmbito nacional –
muitos são os que, embora de carreira
brilhante e contributo valioso, têm
quando muito, a sua história discreta-
mente registada nos arquivos e livros-
-mestres, onde só os curiosos a farão
reviver, de quando em quando.
É neste sentido que, em comemoração
do 180º. Aniversário da fundação do
Colégio Militar e a convite do meu velho
amigo Carlos Vieira da Rocha me propo-
as
nho nesta singela palestra que V. Ex . CFR CFR CTEN
paciente e benevolamente, estou certo, Fragoso Pereira Branco Martins Castro Moreira
vão escutar, homenagear a memória de 1868-1936 1869-1922 1868-1915
18 DEZEMBRO 2002 • REVISTA DA ARMADA