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Navios de Patrulha Oceânica
              Navios de Patrulha Oceânica



               o passado dia 15 de Outubro foi cele-  O Primeiro-Ministro, Dr. Durão Barroso,  ção, sempre que possível, de componentes
               brado em Viana do Castelo entre o  reafirmou a intenção do Governo da Repú-  COTS (1) e tendo em vista a adopção de um
        NEstado Português e os Estaleiros   blica de fazer tudo quanto estiver ao seu  elevado grau de automatismo numa base de
         Navais desta cidade, um contrato de forneci-  alcance na actual conjuntura económica para  simplicidade de operação, por forma a mi-
         mento de bens e serviços que compreende o  continuar a incentivar, promover e financiar o  nimizar a guarnição do navio.
         desenvolvimento do projecto do navio patru-  reequipamento das Forças Armadas, con-  O conceito tecnológico do NPO assenta
         lha oceânico (NPO), a construção de uma  siderando que a assinatura do contrato em  num navio pouco exigente quanto a sensores
         primeira unidade e, opcionalmente, de uma  causa era um primeiro passo no sentido de  e sistemas de armas, por oposição a uma pla-
         segunda, e ainda o fornecimento do apoio  concretizar essa intenção, ao qual outros se  taforma de grande robustez e boas qualidades
         logístico inicial, de base e de bordo.  seguiriam no sentido de permitir completar a  náuticas, com capacidade para se manter efi-
           A cerimónia, teve lugar nas próprias                                    caz em condições de mar muito severas
         instalações dos Estaleiros Navais de                                      que, com frequência, o Inverno impõe
         Viana do Castelo SA, e foi presidida                                      na sua área de operações, em particular
         pelo Primeiro-Ministro, acompanhado                                       na Região Autónoma dos Açores. Este
         do Ministro de Estado e da Defesa                                         conceito proporcionou e permitiu a
         Nacional, do Secretário de Estado da                                      adopção de princípios construtivos com-
         Defesa e dos Antigos Combatentes, da                                      patíveis com regras de Sociedades Classi-
         Secretária de Estado da Indústria,                                        ficadoras do tipo “Naval”, que recen-
         Comércio e Serviços, do Almirante                                         temente têm vindo a ser desenvolvidas e
         Chefe do Estado-Maior da Armada, do                                       publicadas, aplicáveis a navios de na-
         Governador Civil e do Presidente da                                       tureza militar com moderadas exigências
         Câmara de Viana do Castelo e ainda do                                     de segurança e de sobrevivência em
         Presidente e de um vogal do Conselho                                      avaria, complementadas por um número
         de Administração dos Estaleiros. Entre                                    reduzido de princípios e padrões típicos
         os convidados contavam-se quatro dos                                      de navios militares, adoptados e norma-
         seis deputados à Assembleia da Repú-                                      lizados na Marinha Portuguesa.
         blica pelo distrito de Viana do Castelo,  série de doze navios previstos no Programa de  As características principais do navio serão,
         incluindo um dos membros da Comissão  Aquisição de Navios Patrulhas Oceânicos.  em termos aproximados, as seguintes:
         Parlamentar de Defesa, bem como proe-  O contrato ora assinado ascende ao valor  •Comprimento de Fora a Fora - 79,80 m;
         minentes representantes da indústria naval  aproximado de noventa milhões de euros a  •Boca Máxima - 12,90 m;
         nacional. A Marinha Portuguesa fez-se repre-  preços de Março de 2002, excluindo os mon-  •Deslocamento - 1500 ton;
         sentar através de numerosa delegação.  tantes relativos ao IVA e a eventuais ajusta-  •Velocidade Máxima - 20 nós;
           A cerimónia, que durou cerca de uma  mentos dos pagamentos face à evolução da  •Autonomia - 5.000 milhas a 15 nós;
         hora, foi iniciada pelo Presidente do Con-  taxa de inflação em Portugal.  •Guarnição - 35;
         selho de Administração dos Estaleiros,  O NPO destina-se prioritariamente à rea-  •Convés de voo para helicópteros ligeiros
         CALM Martins Guerreiro, dando as boas vin-  lização de tarefas de Interesse Público, decor-  Os navios serão dotados com um Sistema
         das a todos os presentes e proferindo uma  rentes das missões da Marinha, nas áreas de  Integrador de Informação (SII), estando prevista
         breve alocução onde sublinhou a importân-  jurisdição ou responsabilidade nacionais, entre  a integração dos seguintes sistemas principais
         cia atribuída pelos ENVC ao contrato de  as quais se destacam:        sobre uma única infra-estrutura física (SLAN -
         fornecimento dos primeiros patrulhas para a  • Execução de operações de assistência a  Ship Local Area Network): Sistema integrado
         Marinha, como forma de diversificar o seu  pessoas e embarcações em perigo, no âmbito  de gestão da plataforma (SIGP); Sistema inte-
         produto e de alcançar um mercado com  da Busca e Salvamento no mar;   grado de comunicações (SIC); Sistema integra-
         maiores exigências técnicas e de qualidade.  • Patrulha, vigilância e fiscalização, no exer-  do de navegação (SIN); Sistema integrado
         Segundo o seu Presidente, esta reorientação  cício da autoridade do Estado, das águas cos-  administrativo-logístico (SIAL); Serviços de
         permitirá não só melhorar a produtividade  teiras e oceânicas de jurisdição nacional;  rede diversos (Telemedicina, SIFICAP, etc.).
         dos Estaleiros, mas também obter valências  • Apoio, protecção e controlo das activi-  Tendo em consideração o tipo de missões
         que garantam, no futuro, a manutenção da  dades económicas, científicas e culturais liga-  para as quais está concebido, o NPO não dis-
         capacidade nacional estratégica de constru-  das ao mar e subsolo marinho;  porá de qualquer sistema de combate, sendo
         ção naval militar, constituindo-se, paralela-  • Colaboração na defesa do ambiente,  apenas dotado com uma única peça de arti-
         mente, como uma iniciativa que contribui  nomeadamente na prevenção e combate à  lharia convencional de 40 mm, de comando
         para o desenvolvimento económico e social  poluição marítima;         local. O sistema de sensores será muito simpli-
         no distrito de Viana do Castelo.   • Execução de acções de socorro e assistên-  ficado, de natureza eminentemente comercial,
           O Chefe do Estado-Maior da Armada,  cia, designadamente em colaboração com o  merecendo especial relevo o multisensor elec-
         ALM Mendes Cabeçadas fez incidir a sua  Serviço Nacional de Protecção Civil, em situa-  tro-óptico, capaz de detecção, gravação e re-
         intervenção na importância do Programa dos  ções de catástrofe, calamidade ou acidente;  gisto de imagem nas condições atmosféricas
         Patrulhas Oceânicos na dinamização das  • Colaboração com as autoridades civis na  mais adversas, incluindo a banda infra-verme-
         indústrias navais portuguesas, em especial  satisfação das necessidades básicas e na me-  lha. O sistema de comunicações internas e
         daquelas que se encontram a montante dos  lhoria da qualidade de vida das populações.  externas terá características idênticas à de um
         estaleiros construtores, salientando ser uma  Das 12 unidades, duas destinar-se-ão simul-  navio militar propriamente dito, constituindo-
         oportunidade a não perder no estabeleci-  taneamente a combater a poluição e a dar  -se de certa maneira como a excepção à regra.
         mento de uma rede de relações técnicas e  apoio à balizagem.
         comerciais que constitua uma base sólida de  O NPO foi concebido em obediência a           R. Rapaz Lérias
         sustentação da construção naval militar e  princípios de economia de construção, ope-            CFR ECN
         comercial em Portugal.             ração e manutenção, recorrendo à utiliza-  Notas: (1) Commercial of the shelf.

         24 DEZEMBRO 2002 • REVISTA DA ARMADA
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