Page 87 - Revista da Armada
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lhados na Oficina de Carpintaria, de Nossa Senhora da Guia, o
já no extremo nascente dos edifí- primeiro dos seis verdadeiros
cios oficinais, onde também são faróis mandados construir por
reparadas as embarcações e fa- Pombal, dum total de 50 que se
bricadas portas, janelas, etc.. por foram construindo e assinalam as
um carpinteiro feito na DF mas nossas costas.
já próximo da reforma. Ele e o Depois sucedeu-se a adopção
médico, um entusiasta que não do petróleo, do vapor de petró-
abandona o seu posto, são dois leo, do acetileno(5) e, em mea-
veteranos particularmente esti- dos do século XX, a sua definiti-
mados. va electrificação.
Claro que nos planos de reno- A par da evolução das fontes
vação dos equipamentos a DF de luz ocorreu a das ópticas e
não descurou a gradual adopção assim os sistemas catóptricos
de bases e de bóias em plástico, deram lugar aos aparelhos dióp-
mais leves e, sobretudo, muito tricos e catadióptricos(6) de
mais resistentes à agressividade cristal e depois às ópticas de
do meio, mais valias a considerar. vidro talhado, mais tarde prensa-
Na Oficina de Serralharia, Lancha “Guia” suspendendo uma bóia. do e ao, hoje vulgarizado, acríli-
onde, de máscara de soldadura e co. Sempre presentes as formas
máquina de electrogénio em punho, se sol- normalmente arreliante, nunca é pouco e desenvolvidas por Fresnel(7) que permitem
davam as peças triangulares dos novos alvos, invariavelmente determinante. Claro que lhe obter feixes de luz intensa com ópticas de
fabricam-se ainda os reflectores radar a insta- compete a concepção e instalação dos meios menor volume e peso.
lar nas bóias, designando-se por cegas as e a formação do pessoal no que respeita a es- Hoje, com as ópticas acrílicas consegue-se
cerca de 20 que não carecem de lanterna. tas matérias, nomeadamente no combate a obter feixes muito concentrados (maior inten-
Agregado a este Serviço funcionam ainda incêndios em instalações, normalmente, sidade luminosa) ou seja, um alto rendimento
as Oficinas de Mecânica Auto, a de Motores geograficamente isoladas e estruturalmente com um consumo muito mais baixo para um
a Diesel e uma Secção de Limitação de pouco acessíveis. alcance de 20 mn nos grandes faróis, menos
Avarias. A diversidade de acções impõe ainda a 10 mn que os obtidos com as então moder-
A primeira apoia o Serviço de Transportes este Serviço de Mecânica a análise técnica nas ópticas de cristal de Fresnel instaladas até
que dispõe de onze veículos ligeiros, dois das situações, a preparação do pessoal das 1856, mas muito mais económicos.
pesados, uma grua e um empilhador que oficinas e, nomeadamente, da frente de Sabia que, durante o dia, a normal luz
asseguram as actividades da DF e ainda uma faroleiros (160). A isto acresce o controlo das solar, fazendo um trajecto inverso, concen-
embarcação para balizagem, a UAM «Guia», actividades e a permanente actualização trando-se, arruinaria as fontes de luz das ópti-
e duas outras de apoio que, no Tejo, fazem dum banco de dados que permite estabelecer cas? Que, para as proteger, há, a cada nascer
as inspecções mensais que noutros portos são um pormenorizado Plano de Actividades e a do sol, a necessidade de correr cortinas?
asseguradas pelos faroleiros locais. adequada gestão de stocks em termos de Numa fase intermédia, há vinte anos atrás,
A de Motores ocupa-se da manutenção e materiais e dos sobressalentes, rigorosamente adoptaram-se sistemas iluminantes rotativos
reparação dos grupos geradores instalados acondicionados no vasto Depósito, sem (PRB), dispondo de várias lâmpadas embuti-
nos faróis e dos motores das embarcações ao esquecer os combustíveis e lubrificantes. das em parábolas seladas que tinham, além
serviço da DF. Se considerarmos a dispersão Uma vez que a idade média dos edifícios de um muito maior consumo, maior
dos faróis, que alguns chegam a ter três ge- dos faróis ronda o século, naturalmente divergência, logo menor intensidade lumi-
radores (Albernaz na ilha das Flores) e que sucessivas e escalonadas modernizações nosa e que têm vindo a ser substituídas,
20% dos 62 geradores a diesel se encontram foram introduzindo «novos» equipamentos regressando-se ao antigo sistema de luz fixa e
no seu limite de vida ou mesmo obsoletos, que formam uma panóplia em constante re- uma lente de Fresnel rotativa.
compreender-se-á que a tarefa não dê muito novação tecnológica que, aliás, a DF conti- Mas os desafios continuam. Em 1978 ini-
descanso ao pessoal. nua empenhadamente a acompanhar. ciou-se a automatização dos faróis e farolins
A Limitação de Avarias (LA) faz, pois, isso Os farolins e faróis impõem ainda a assis- mais isolados. Hoje o telecontrolo e teleco-
mesmo. O que sendo sempre imprevisto e tência às cúpulas, estruturas metálicas, vidra- mando é o objectivo que, desde 1985, acom-
ria e aos sistemas panha a introdução da energia fotovoltaica,
de rotação das ópti- de que o mais recente exemplar é o das
cas. Berlengas e o mais antigo (1980), o da
As ópticas dos fa- Selvagem Grande, na Madeira, a par de um
róis são um enorme aumento progressivo de fiabilidade e, impor-
avanço sobre as fo- tantíssimo, da diminuição de custos de ope-
gueiras de madeira ração.
ou de carvão de pe- É, pois, aqui que o Serviço de Electrotecnia
dra que até ao sécu- entra em acção. No momento presente mais
lo XVII guiavam os com trabalhos realizados ou a realizar do que
navios (4), sendo, su com actividades de vulto em curso, pois as
põe-se, o mais anti- que decorrem da própria informatização dos
go (1528) o da Can- serviços da DF constituem já uma rotina.
tareira, na Foz do Isto, porque, concluída a monitorização
Douro. Posteriores, dos três farolins de Leixões pelo farol de
de 1537, são as lu- Leça, do farol de Sagres pelo de S. Vicente
zes de azeite ins- e os dos ilhéus Ferro e de Cima pelo de S.
taladas no mesmo Jorge, na Madeira, e completada a automati-
local onde, em 1761, zação da Central de Controlo dos principais
Uma bóia em manutenção. se construiu o farol faróis da aproximação e entrada da barra de
REVISTA DA ARMADA • MARÇO 2002 13