Page 279 - Revista da Armada
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PROVAS DE EXTINÇÃO guinada do navio, assim como minimizar a
DE BALANÇO EM ÁGUAS influência do leme quando desviado da sua
TRANQUILAS posição neutra.
A velocidade do teste (10 nós) foi a me-
(MOVIMENTO AMORTECIDO nor possível de modo a poder-se obter um
LIVRE)
adornamento inicial capaz de produzir uma
Os testes no navio decorreram curva de amortecimento livre bem definida.
durante o mês de Abril de 2006. É natural que a velocidade do navio influen-
O navio principal aonde foram cie as características do movimento, apesar
realizados os testes foi a corve- de, com esta velocidade, as influências se-
ta “João Roby”, que faz parte de rem mínimas.
um conjunto de 7 navios simila- Foram efectuados vários testes de extinção
Oscilação ideal e não amortecida.
res operacionais. de balanço em águas tranquilas, e o resulta-
Uma comparação interessante é o equilíbrio As condições iniciais do navio para a re- do médio obtido foi o ilustrado no Gráfico 1
no trapézio de circo, em que se uma pessoa alização dos testes de extinção de balanço (para um deslocamento de 1350 tons).
utilizar uma vara comprida (aumenta o raio de foram as seguintes: Ao se fazer uma extrapolação para outros
giração, e consequentemente o momento de - Imersão média = 3,30 m; deslocamentos, próximos do deslocamento
inércia), o “período de balanço” aumenta, e a - Deslocamento médio (navio carregado) de teste, e com recurso às provas de estabili-
pessoa tem mais estabilidade no equilíbrio. = 1350 tons; dade do navio, obtém-se o seguinte quadro:
Qualquer alteração na distribuição de pesos - Velocidade = 10 nós;
que provoque alteração da altura metacêntrica - Vento relativo = 5 nós; Wnavio GMnavio T f
GM ou do momento de inércia I, provoca uma - Mar: sem ondulação; (tons) (m) (s) (f. estabilidade)
alteração no período de balanço T. Como regra - Profundidade no local de testes: mais 1257 0,95 7,15 0,674
geral, o movimento vertical de pesos provoca de 200m. 1290 0,84 8,04 0,713
maior efeito no período de balanço, do que a Antes de se retirar a curva de amorteci- 1350,85 1,015 7,14 0,699
movimentação igual na horizontal, para pesos mento de balanço, em águas tranquilas, co- 1387,24 1,046 7,06 0,698
do mesmo valor. locou-se todo o leme a um bordo de modo 1400 0,89 7,82 0,714
a provocar um adornamento inicial ao na- Altura metacêntrica (GM), período (T) e factor de estabi-
DETERMINAÇÃO DA lidade (f) em função do deslocamento, nas Corvetas.
ALTURA METACÊNTRICA Obteve-se um factor de estabilida-
GM ATRAVÉS DA de médio de: f médio = 0,7; para um
nível de confiança = 95% e um erro
MEDIÇÃO DO PERÍODO máximo no cálculo da altura meta-
DE BALANÇO cêntrica GM de 6,5%.
A fórmula empírica seguinte TESTES EM MAR REGULAR
permite calcular a altura metacên- (MOVIMENTO AMORTECIDO
trica através do período de balan- FORÇADO)
ço, sabendo-se a boca (“beam”) do
navio (esta fórmula é apropriada Os testes deste tipo foram efectua-
para navios de comprimento su- dos a seguir aos testes de extinção
perior a 60 metros):
de balanço, e para o efeito foram es-
colhidos dias em que a ondulação
era regular e com características se-
Gráfico 1 – Movimento amortecido livre do NRP “João Roby”.
melhantes às características médias
vio, e, posteriormente colocou-se o leme a padrão de ondulação do Atlântico Norte,
Em que “f “ é conhecido como coefi- meio. O rumo final do navio foi escolhido ou seja com um período de ondulação de
ciente de balanço, e pode tomar valores de modo a se obter a menor influência pos- cerca de 8 segundos, e com amplitude en-
entre 0.60 e 0.88 consoante o tipo de na- sível do vento. O início da medição da os- tre cerca de 1m a 2,5 m.
vio (com monocasco convencio- A resposta do sistema-navio de-
nal). Para cada tipo de navio, este pende do “modo particular” solici-
coeficiente, depende também da tado pela força exterior, neste caso,
condição de carga na altura da a agitação marítima. A cada tipo de
experiência. força excitadora corresponde uma
Quando um navio oscila em determinada “resposta” em termos
águas tranquilas, o casco sub- de comportamento do navio.
merso está sujeito à fricção com a O momento de excitação depen-
água (que resulta no movimento de de uma frequência de encontro
da própria água). O resultado é entre o navio e o sistema de ondas.
uma oscilação amortecida. Esta frequência de encontrodepende
O período de balanço do navio da velocidade do navio, da frequên-
é independente da amplitude da cia das ondas e do ângulo de encon-
oscilação enquanto o movimento Gráfico 2 – Movimento amortecido forçado com ondas regulares, do tro entre a linha de proa do navio e a
for estável e contínuo. NRP “João Roby”. direcção de avanço das ondas.
Obviamente que quanto maior fôr a am- cilação em função do tempo, só teve lugar Obtiveram-se diversas curvas do compor-
plitude de balanço, mais rápido será o mo- alguns instantes depois do leme se encontrar tamento do navio, consoante o seu rumo, e
vimento de oscilação do navio (o período a meio, e o rumo do navio estabilizar, de ma- para um período de onda de 8 s e amplitudes
de balanço mantém-se constante, para as neira a diminuir a taxa de erro por influência de 0,8m e de 2,5m (velocidade do navio =10
mesmas condições de carga). de vórtices produzidos pelo movimento de nós) entre as quais a ilustrada no Gráfico 2.
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