Page 297 - Revista da Armada
P. 297
tiveram ainda oportunidade de apresentarem di-
versos briefings ao comando. Além disso, foi dado
especial realce à navegação astronómica, para os
cadetes da classe de Marinha, e participação nas
actividades dos respectivos serviços técnicos, para
as restantes classes. Foram ainda ministradas ins-
truções e palestras sobre a organização do navio e
sobre alguns assuntos de interesse geral.
A viagem iniciou-se com a participação dos ca-
detes nas comemorações do Dia de Portugal, em
Viana do Castelo. Seguiu-se uma tirada ao longo
da costa portuguesa, durante a qual embarcaram
alguns jornalistas. Durante este percurso realizou-
-se a cerimónia de honras junto à Ponta de Sagres,
tal como previsto no Cerimonial Marítimo. Foi
durante esta tirada que se deu uma das primeiras Aulas de instrução no NRP “Sagres”.
provas de fogo dos cadetes: A subida aos mastros, Outro momento marcante da viagem, para os de bordo, integrando os quartos. Simultaneamen-
em que alguns chegaram até ao ponto mais alto cadetes, foi a oportunidade única de assistir e par- te, os cadetes participam nas mais variadas tare-
do navio, aproximadamente 45 metros de altura. ticipar no embarque de S. Exa. o «Rei Neptuno» fas, destinadas à sua instrução, nomeadamente a
Prova que superaram com distinção. e respectiva comitiva que, cumprindo com tão elaboração de diversos tipos de mensagens; pre-
Durante as estadias nos diferentes portos, os profunda e intemporal tradição marinheira, jul- paração e execução dos exercícios, tanto a nível
cadetes tiveram oportunidade de participar em garam aqueles que ousaram cruzar as suas águas. táctico como em situações de emergência a bor-
actividades de cumprimentos protocolares às au- Esta festa implica, de acordo com a tradição, que do; desempenho de várias funções de adjunto na
toridades locais, em várias recepções onde foram se realize o «Jantar do Rei dos Mares» – refeição ponte e a nível táctico e operacional e apresenta-
recebidas diversas entidades civis, militares e reli- alusiva à passagem da Linha do Equador, em que ção de briefings ao comando. Um dos momentos
giosas locais, bem como militares portugueses par- se estenderam mesas no poço do navio com o altos deste treino foi a realização de exercícios de
ticipando em actividades de Cooperação Técnica- respectivo repasto, permitindo assim o convívio tiro real com a artilharia de 40 mm, que contou
-Militar e cidadãos portugueses radicados ou com são entre toda a guarnição e cadetes. No final foi com a participação activa dos cadetes. Foram ain-
actividades empresariais nos países visitados. entregue, a cada um dos «julgados», o certifica- da realizadas diversas palestras pelos oficiais das
Os portos praticados foram: Cidade da Praia, do comprovativo dessa tão marcante passagem. guarnições de ambos os navios, com o objectivo
em Cabo Verde, entre 21 e 25 de Junho; diversos Mas desenganem-se os mais inexperientes, que de dar a conhecer aos cadetes a forma como se or-
fundeadouros nas ilhas de São Tomé, Príncipe e tal comprovativo possa, numa próxima passagem ganiza o navio para o cumprimento das diferentes
Ilhéu das Rolas, entre 10 e 15 de Julho; os portos por aquelas águas, vir a servir de «safa» a novo e tarefas que lhe podem ser atribuídas.
angolanos de Luanda, de 20 a 24, e do Lobito, en- merecido julgamento. Dia 19 de Julho realizou-se um exercício de
tre 26 e 30 de Julho e finalmente a Cidade passagem com o navio da Marinha tu-
de Cabo, onde o navio chegou a 13 de nisina Khaireddine. O referido exercício
Agosto. Na costa sul-africana foram ain- teve início na entrada da Barra de Lisboa.
da praticados dois fundeadouros, nome- Começou com a transferência, através da
adamente a mítica baía de Santa Helena, semi-rígida, de 2 cadetes da Tunísia para
onde Vasco da Gama fundeou na sua pri- o a General Pereira d’Eça” e mais 2 para
meira viagem para a Índia. A 11 de Agosto a Baptista de Andrade, sendo simultanea-
tiveram o privilégio de avistar outro marco mente transferidos 2 cadetes de cada um
histórico da saga dos descobrimentos por- destes navios da Armada Portuguesa para
tugueses, o «Gigante Adamastor», Cabo o navio tunisino. Foram realizados diver-
da boa Esperança. Da Cidade do Cabo, sos exercícios de manobra e de comuni-
os cadetes regressaram de avião para Por- cações, mas a fraca visibilidade obrigou
tugal. Quanto à Sagres, continuou a sua ao cancelamento de alguns dos que es-
viagem para Moçambique só chegando tavam planeados.
a Portugal em Novembro. Os portos de escala praticados durante
Uma experiência interessante para os NRP “Baptista de Andrade”. a viagem foram: Funchal, Ponta Delga-
cadetes foi a passagem pelo ponto do da e Portimão. Serviram para retemperar
globo terrestre onde a latitude e longitude têm o CURSO «VICE-ALMIRANTE PEREIRA forças, por parte das guarnições dos navios e es-
valor zero. A hora já era tardia, mas deu para tes- CRESPO» – 3º ANO pecialmente por parte dos cadetes, uma vez que
temunhar a existência de uma bóia a assinalar, no os portos insulares eram novidade para a maioria
Oceano Atlântico, o local onde se cruzam o me- No período de 7 a 25 de Julho realizou-se, a deles. Além das merecidas actividades de lazer, os
ridiano de Greenwich e a linha do Equador. Tive- bordo das corvetas General Pereira d’Eça e Baptista cadetes tiveram ainda oportunidade de conhecer,
ram também oportunidade de visitar o «Marco do de Andrade, a viagem de instrução dos cadetes do de um modo formal, as instalações e atribuições
Equador», no Ilhéu das Rolas, que marca o local curso «Vice-almirante Pereira Crespo». A viagem dos Comandos de Zona Marítima da Madeira e dos
por onde passa a linha do Equador. tinha como principal objectivo a aplicação dos co- Açores. Outro momento alto da viagem iniciou-se
Esta viagem serviu também para a realização nhecimentos adquiridos ao longo do curso, com em Portimão. A General Pereira d’Eça foi empenha-
de diversas actividades no âmbito da «Operação especial incidência para as matérias leccionadas da numa tarefa de colaboração com o Zoomarine.
Mar Aberto 2008», nomeadamente workshops durante o passado ano lectivo. No dia 22 foram embarcadas 5 tartarugas que ha-
abrangendo áreas como Navegação, Marinharia, Os navios largaram da Base Naval de Lisboa viam sido entregues ao Zoomarine, anteriormen-
Logística, Abastecimento, Saúde, Mecânica/LA, na manhã do dia 7, levando a bordo, além dos te salvas na costa portuguesa por pescadores. A
Electrotecnia e Comunicações, contando sempre 47 cadetes da Escola Naval, 2 cadetes da Acade- nossa função foi libertá-las no seu habitat natural,
com a participação de elementos das forças arma- mia da Força Aérea, 2 cadetes do Instituto Supe- a cerca de 10 milhas da costa de Portimão, longe
das locais. No âmbito dessa operação, o navio foi rior de Ciências Policiais e de Segurança Interna e da poluição e ruído urbano.
visitado em Luanda pelo Vice-almirante Coman- ainda 2 cadetes ucranianos. A primeira tirada da Devido ao facto de os navios que constituíam
dante Naval. viagem serviu para adaptação dos alunos à rotina a força naval que efectuou esta viagem de instru-
REVISTA DA ARMADA U SETEMBRO/OUTUBRO 2008 7