Page 159 - Revista da Armada
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Sistema da Autoridade Marítima confir-  A Marinha não deve ser designada como  da Armada; Revista da Armada; Banda da
         ma esta afirmação, porque altera o já citado  Marinha Militar, Marinha de Guerra ou  Armada; “aumento ao efectivo dos navios
         Decreto-Lei n.º 464/74, de 18 de Setembro,  Marinha de Guerra Portuguesa, simples-  da Armada”; etc.
         mantendo a redacção dos preceitos em que  mente porque esses termos já não têm qual-  Talvez se possa afirmar que a tradição
         a Armada é considerada uma parte da Ma-  quer cobertura legal. Todavia, essa termino-  tem raízes muito profundas e que a histó-
         rinha, conforme acima descrito. Mantém-se  logia está firmada na linguagem informal e  ria faz sentir a sua presença.
         também o Estatuto do Oficial da Armada.                                  Por vezes, uma boa opção é consagrar
           A situação era deveras intrincada e assim                           de alguma forma o que o sentimento e a
         se vai manter mais algum tempo.                                       palavra corrente adoptaram como acerta-
           Para aumentar a confusão, em 1990 publi-                            do. Assim, a Marinha e a Armada seriam
         ca-se o primeiro Estatuto dos Militares das                           considerados termos equivalentes, face à
         Forças Armadas (EMFAR), aprovado pelo                                 memória do tempo.
         Decreto-lei n.º 34-A/90, de 24 de Janeiro, que                          Outras hipóteses são possíveis, haven-
         revoga e substitui os Estatutos de Pessoal                            do vários argumentos para ressuscitar
         dos três Ramos das FA. Perante a dificulda-                            a Armada como uma parte da Marinha,
         de de saber se o pessoal deve ser da Marinha                          definindo-se também a parte restante. A
         ou da Armada, arranja-se uma solução deve-                            dificuldade está em delimitar as partes
         ras engenhosa, que ainda perdura no actual                            com rigor.
               7
         EMFAR . O Capítulo apropriado intitula-se                               Seja como for: Viva a Marinha!
         Marinha, mas começa “Os oficiais do QP da                                Por mim, terei muito orgulho em con-
         Armada distribuem-se pelas seguintes clas-                            tinuar a ser Oficial da Armada, sempre. E
         ses e postos:” A mesma receita é aplicada aos                         também em prestar serviço na Marinha.
         Sargentos e Praças.                                                                                   Z
           Finalmente produz-se algum esclareci-  tem a sua utilidade, como já referido, para   Victor M. B. Lopo Cajarabille
         mento com a chamada Lei Orgânica da Ma-  proporcionar uma fácil distinção com a Ma-                VALM
         rinha (LOMAR), através do Decreto-Lei n.º  rinha Mercante.            Notas
         49/93, de 26 de Fevereiro. Neste diploma a    Também alguns diplomas antigos, ainda   1  Vide “A primeira lista da  Armada”, colecção
         Marinha é confirmada como Ramo das FA,  em vigor, usam a expressão “Marinha de   estudos, edição do Ministério da Marinha, Lisboa,
         mas a Armada, ao não ser sequer mencio-  Guerra”, como é o caso do Código Penal e   1973.
                                                                                 2  Sobrinho de D. João V, com o título de Capitão
         nada, extingue-se naturalmente.    Disciplinar da Marinha Mercante de 1943.   General da Armada Real dos Galeões de Alto Bordo
                                            Paralelamente, as Convenções Internacio-  do Mar Oceano.
         CONCLUSÕES                         nais usam frequentemente o termo “War   3  Vide Decreto n.º 26148, de 14 de Dezembro de
                                            Ship”, traduzido por “Navio de Guerra”.  1935 e “A Marinha nos últimos 40 anos”(1926-1966),
           Assim, depois de tantos anos e muitas   Mas, quanto ao pessoal, as designações   Edição do Ministério da Marinha.
                                                                                 4  Vide Decreto n.º 6/72, de 5 de Janeiro.
         centenas de normativos legais, o problema  correctas são oficiais, sargentos e praças,   5  Por exemplo, Navy e Merchant Navy ou Marine
         está agora quase resolvido.        da Armada. Isto porque o EMFAR assim   Nationale e Marine Marchande.
           A Marinha é um Ramo das FA com a es-  o determina.                    6  Este artigo foi posteriormente revogado pela
         trutura constante da respectiva Lei Orgâ-  Permanecem nos normativos legais de-  LOBOFA, Lei n.º 111/91, de 29 de Agosto, a qual
         nica, onde nada consta sobre a Armada.  signações, tais como: Chefe do Estado-  assumiu as mesmas designações dos Ramos no seu
                                                                               Art.º 5º.
         Consequentemente, a Armada não existe  Maior da Armada; Estado-Maior da Ar-  7  Aprovado pelo Decreto-Lei n.º 236/99, de 25 de
         como tal.                          mada; Conselho Superior de Disciplina   Junho.



                   A Associação de Fuzileiros comemora
                   A Associação de Fuzileiros comemora
                                     o seu 32º aniversário
                                     o seu 32º aniversário

         A                                                                           o ALM Vieira Matias fez a apresen-
               Direcção da Associação de
                                                                                     tação do Professor, focando várias
               Fuzileiros dando cumpri-
               mento aos objectivos por si
                                                                                     de académico e salientando o longo
         propostos entendeu promover, por                                            fases da sua carreira de político e
         ocasião da passagem do seu aniver-                                          período em que foi um distintíssimo
         sário, um evento, o primeiro de um                                          docente no Instituto Superior Naval
         ciclo de actividades de âmbito cul-                                         de Guerra..
         tural, com vista a proporcionar aos                                           O CALM Leiria Pinto, presiden-
         seus associados e convidados a au-                                          te da Mesa da Assembleia Geral,
         dição de individualidades de eleva-                                         terminou a cerimónia felicitando e
         dos e reconhecidos saberes.                                                 agradecendo ao palestrante o bri-
           Assim, na sede da Associação, em                                          lhantismo da sua exposição que,
         27 de Março passado, o Professor                                            afirmou, decerto tinha tocado pro-
         Doutor Adriano Moreira proferiu                                             fundamente no espírito dos fuzilei-
         uma palestra que intitulou “Men-  O Prof. Doutor Adriano Moreira proferindo a sua alocução.  ros presentes.
         sagem aos Fuzileiros”.             ves, presidente da Direcção, que realçou a   Por fim, um Porto de Honra reforçou a Ca-
           Perante numerosa assistência, onde se en-  importância da efeméride e a relevância da  maradagem entre aqueles que seguem o lema
         contrava o VALM Saldanha Lopes em repre-  exposição oral que se seguiria, dada a ex-  Fuzileiro uma vez Fuzileiro para sempre.
         sentação do ALM CEMA, a sessão foi aberta  cepcional estatura intelectual do orador, a                Z
         com umas breves palavras do Dr. Ilídio Ne-  quem agradeceu a presença. Seguidamente   (Colaboração da ASSOCIAÇÃO DE FUZILEIROS)
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