Page 269 - Revista da Armada
P. 269

Notícias do “Tridente”
                            Notícias do “Tridente”

            e bem se lembro, como diria o saudoso   Até ser içada a bandeira nacional, todas as na-  ou cota periscópica em caso de alagamento ou
            Vitorino Nemésio, pai dum ilustre sub-  vegações efectuadas pelos navios – no decurso  avaria nos lemes horizontais.
         Smarinista, o CMG M Ref. Manuel Mon-  das Provas de Mar e do treino das guarnições –     Tronco de Escape – Este sistema é uma das
         jardino de Azevedo Gomes Nemésio, o “Tri-  sê-lo-ão sob pavilhão mercante alemão, tendo o  novidades introduzidas nesta classe de sub-
         dente” foi baptizado e colocado a nado em 15  estaleiro construtor HDW como armador.  marinos e vai permitir que os elementos da
         de Junho de 2008, no estaleiro da HDW, em   Terminadas as provas a cais ou HAT’s, o  guarnição possam “escapar” do submarino,
         Kiel – Alemanha.                   “Tridente” iniciou em 16 de Março de 2009  um a um, sem estarem sujeitos à pressão de
           A partir dessa data iniciou oficialmente as  as denominadas Provas de Aceitação no Mar,  imersão mais do que o tempo necessário para
         denominadas Provas de Aceitação a Cais,  também chamadas de SAT’s (Sea Acceptance  alagar o tronco e subirem à superfície a par-
         também conhecidas como HAT’s (Harbour  Trials), em numero de 60 por navio. Parte des-  tir da profundidade de 180 metros, equipados
         Acceptance Tests).                 tas provas decorreram na proximidade de Kiel,  com um fato próprio. É um sistema vital para
           Estas provas, em número de 157 por navio,  tendo o submarino partido em 05 de Maio para  a sobrevivência da guarnição em caso de ala-
         destinam-se a comprovar o bom funcionamen-  a Noruega - Kristiansand, onde iniciou as pro-  gamento parcial;
         to dos sistemas e equipamentos após a sua ins-  vas de mar em águas profundas.    Produção de água doce – é também uma
         talação e integração a bordo.        O “Tridente” voltou de novo a Kiel em 8  novidade nesta classe de submarinos, permi-
           De referir, que as Provas de Aceitação a Cais  de Julho para pequenas reparações e correc-  tindo que pela primeira vez se possa tomar
         são realizadas em condições muito idênticas ás  ções, para retornar a Kristiansand – Noruega,  banho a bordo com maior frequência. A água
         de um navio de superfície, dado não estarem  em 21 de Julho.          doce é produzida por “osmose inversa”, méto-
         preenchidos os requisitos que                                                   do já em utilização nos restantes
         só as Provas de Mar impõem a                                                    navios da Marinha;
         um submarino, como a profun-                                                        Fuel Cell – Este sistema, de
         didade e a pressão hidrostática,                                               Foto cedida pela HDW  concepção e fabrico Siemens,
         mas são fundamentais para que                                                   permite que o submarino pro-
         o submarino possa mergulhar e                                                   duza a sua energia eléctrica
         governar em imersão com intei-                                                  debaixo de água e a qualquer
         ra segurança.                                                                   cota, através da utilização de
           De entre as 157 Provas de                                                     Oxigénio (armazenado no es-
         Aceitação a Cais, cuja enume-                                                   tado líquido) e Hidrogénio (ar-
         ração seria fastidiosa, referem-se                                              mazenado no estado gasoso),
         as que são exclusivas dum navio                                                 libertando água doce a 80ºC
         desta natureza:                                                                 como sub-produto. Os subma-
             prova de estanqueidade às                                                   rinos de construção alemã são
         anteparas;                                                                      os únicos no mundo a utilizar
             provas ao snorkel ou snort;                                                 este sistema, que difere do sis-
             provas à bateria e ao sistema de arrefeci-  Relativamente às Provas de Mar, vamos ago-  tema MESMA (Module d’Energie Sous-Marin
         mento e de mistura do electrólito. Refira-se que  ra debrucarmo-nos um pouco sobre algumas  Autonome) de concepção francesa. As provas
         esta bateria pesa 230 toneladas e é composta  das provas mais importantes já realizadas pelo  à FC permitem comprovar que as temperaturas
         por 638 elementos;                 submarino.                         e pressões de funcionamento estão dentro dos
             Provas ao motor eléctrico de propulsão.     Ida à cota ou profundidade máxima – Esta  valores normais e que a voltagem e intensida-
         Este motor pesa 54 toneladas e é de ímans  prova destina-se a testar o casco  e elementos  de da corrente produzida está de acordo com
         permanentes;                       estruturais do submarino, os equipamentos co-  os valores contratuais. A título de curiosidade
             Provas a todos os sistemas de segurança e  locados no exterior e os circuitos com ligação ao  refira-se que, tanto as naves espaciais america-
         de combate a incêndio;             mar, em termos de estanqueidade e elasticidade,  nas como os actuais Space Shuttles, utilizam a
             Provas aos tanques de lastro, que quando  comprovando que não “existe entrada de água”  Fuel Cell para a produção de energia eléctrica
         cheios de ar mantém o submarino à superfície,  e/ou “deformação permanente”. É uma prova  e água doce.
         e que são esvaziados desse mesmo ar para o  muito morosa e efectuada por patamares;  Muitas outras provas foram realizadas até à
         submarino entrar em imersão;           Sistema de propulsão – Esta prova sujeita  data, todas de igual importância para um sub-
             Provas aos tanques de regulação em peso  o motor propulsor Siemens “Permasyn” a di-  marino, nomeadamente: Ejecção de lixo, ejec-
         e em caimento;                     versos regimes de velocidade e de sentido de  ção de fachos luminosos, prova de capacidade
             Provas ao sistema de ventilação, de controlo  rotação, comprovando que o mesmo satisfaz  às bombas de esgoto a várias cotas, ruído emiti-
         da atmosfera e de respiração de emergência;   os requisitos de vibração, ruído, consumo e  do pelo submarino, tanques sanitários, sistema
             Provas de funcionamento ao telefone sub-  velocidade exigidos contratualmente;  de regeneração do ar ambiente, carga da bate-
         marino;                                Sistema de Governo – permite-nos confir-  ria, navegação ao snorkel ou snort, utilização
             Provas aos mastros içáveis. Esta prova per-  mar o bom funcionamento dos três lemes do  do periscópio e do mastro optrónico.
         mite testar o periscópio, mastro optrónico, ante-  submarino. O leme vertical, horizontal a vante   Para terminar, refira-se que está previsto o
         nas de comunicações e de guerra electrónica.   e horizontal a ré. Ao contrário dos anteriores  regresso do “Tridente” a Kiel durante o mês de
             Provas aos tubos lança torpedos;  submarinos Classe “Albacora”, no “Tridente”  Outubro para ser empenhado no Treino a Cais
             Prova ao ejector de sinais, fundamental  basta um homem para manobrar o submarino  e no Mar da sua primeira guarnição, que se
         para o submarino possa indicar a sua posição  em rumo e em cota ou profundidade, através  prevê estar concluído no início de 2010.
         em situação de perigo.             da utilização de um único comando seme-  Será então sujeito a um período destinado
           Em simultâneo com as provas a cais, houve  lhante ao dos aviões;    ao seu apresto final, prevendo-se a sua entre-
         necessidade de preparar o pessoal da Missão     Ar de emergência aos tanques de lastro –  ga ao Estado Português durante o primeiro tri-
         de Construção dos Submarinos (MCSUB) para  este sistema é fundamental para que o submari-  mestre de 2010.
         as provas de mar, de acordo com as regras da  no possa ganhar flutuabilidade positiva a vante,         Z
         marinha mercante alemã.            permitindo a sua subida rápida para a superfície      Colaboração da MCSUB
                                                                                     REVISTA DA ARMADA U AGOSTO 2009  15
   264   265   266   267   268   269   270   271   272   273   274