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Notícias do “Tridente”
Notícias do “Tridente”
e bem se lembro, como diria o saudoso Até ser içada a bandeira nacional, todas as na- ou cota periscópica em caso de alagamento ou
Vitorino Nemésio, pai dum ilustre sub- vegações efectuadas pelos navios – no decurso avaria nos lemes horizontais.
Smarinista, o CMG M Ref. Manuel Mon- das Provas de Mar e do treino das guarnições – Tronco de Escape – Este sistema é uma das
jardino de Azevedo Gomes Nemésio, o “Tri- sê-lo-ão sob pavilhão mercante alemão, tendo o novidades introduzidas nesta classe de sub-
dente” foi baptizado e colocado a nado em 15 estaleiro construtor HDW como armador. marinos e vai permitir que os elementos da
de Junho de 2008, no estaleiro da HDW, em Terminadas as provas a cais ou HAT’s, o guarnição possam “escapar” do submarino,
Kiel – Alemanha. “Tridente” iniciou em 16 de Março de 2009 um a um, sem estarem sujeitos à pressão de
A partir dessa data iniciou oficialmente as as denominadas Provas de Aceitação no Mar, imersão mais do que o tempo necessário para
denominadas Provas de Aceitação a Cais, também chamadas de SAT’s (Sea Acceptance alagar o tronco e subirem à superfície a par-
também conhecidas como HAT’s (Harbour Trials), em numero de 60 por navio. Parte des- tir da profundidade de 180 metros, equipados
Acceptance Tests). tas provas decorreram na proximidade de Kiel, com um fato próprio. É um sistema vital para
Estas provas, em número de 157 por navio, tendo o submarino partido em 05 de Maio para a sobrevivência da guarnição em caso de ala-
destinam-se a comprovar o bom funcionamen- a Noruega - Kristiansand, onde iniciou as pro- gamento parcial;
to dos sistemas e equipamentos após a sua ins- vas de mar em águas profundas. Produção de água doce – é também uma
talação e integração a bordo. O “Tridente” voltou de novo a Kiel em 8 novidade nesta classe de submarinos, permi-
De referir, que as Provas de Aceitação a Cais de Julho para pequenas reparações e correc- tindo que pela primeira vez se possa tomar
são realizadas em condições muito idênticas ás ções, para retornar a Kristiansand – Noruega, banho a bordo com maior frequência. A água
de um navio de superfície, dado não estarem em 21 de Julho. doce é produzida por “osmose inversa”, méto-
preenchidos os requisitos que do já em utilização nos restantes
só as Provas de Mar impõem a navios da Marinha;
um submarino, como a profun- Fuel Cell – Este sistema, de
didade e a pressão hidrostática, Foto cedida pela HDW concepção e fabrico Siemens,
mas são fundamentais para que permite que o submarino pro-
o submarino possa mergulhar e duza a sua energia eléctrica
governar em imersão com intei- debaixo de água e a qualquer
ra segurança. cota, através da utilização de
De entre as 157 Provas de Oxigénio (armazenado no es-
Aceitação a Cais, cuja enume- tado líquido) e Hidrogénio (ar-
ração seria fastidiosa, referem-se mazenado no estado gasoso),
as que são exclusivas dum navio libertando água doce a 80ºC
desta natureza: como sub-produto. Os subma-
prova de estanqueidade às rinos de construção alemã são
anteparas; os únicos no mundo a utilizar
provas ao snorkel ou snort; este sistema, que difere do sis-
provas à bateria e ao sistema de arrefeci- Relativamente às Provas de Mar, vamos ago- tema MESMA (Module d’Energie Sous-Marin
mento e de mistura do electrólito. Refira-se que ra debrucarmo-nos um pouco sobre algumas Autonome) de concepção francesa. As provas
esta bateria pesa 230 toneladas e é composta das provas mais importantes já realizadas pelo à FC permitem comprovar que as temperaturas
por 638 elementos; submarino. e pressões de funcionamento estão dentro dos
Provas ao motor eléctrico de propulsão. Ida à cota ou profundidade máxima – Esta valores normais e que a voltagem e intensida-
Este motor pesa 54 toneladas e é de ímans prova destina-se a testar o casco e elementos de da corrente produzida está de acordo com
permanentes; estruturais do submarino, os equipamentos co- os valores contratuais. A título de curiosidade
Provas a todos os sistemas de segurança e locados no exterior e os circuitos com ligação ao refira-se que, tanto as naves espaciais america-
de combate a incêndio; mar, em termos de estanqueidade e elasticidade, nas como os actuais Space Shuttles, utilizam a
Provas aos tanques de lastro, que quando comprovando que não “existe entrada de água” Fuel Cell para a produção de energia eléctrica
cheios de ar mantém o submarino à superfície, e/ou “deformação permanente”. É uma prova e água doce.
e que são esvaziados desse mesmo ar para o muito morosa e efectuada por patamares; Muitas outras provas foram realizadas até à
submarino entrar em imersão; Sistema de propulsão – Esta prova sujeita data, todas de igual importância para um sub-
Provas aos tanques de regulação em peso o motor propulsor Siemens “Permasyn” a di- marino, nomeadamente: Ejecção de lixo, ejec-
e em caimento; versos regimes de velocidade e de sentido de ção de fachos luminosos, prova de capacidade
Provas ao sistema de ventilação, de controlo rotação, comprovando que o mesmo satisfaz às bombas de esgoto a várias cotas, ruído emiti-
da atmosfera e de respiração de emergência; os requisitos de vibração, ruído, consumo e do pelo submarino, tanques sanitários, sistema
Provas de funcionamento ao telefone sub- velocidade exigidos contratualmente; de regeneração do ar ambiente, carga da bate-
marino; Sistema de Governo – permite-nos confir- ria, navegação ao snorkel ou snort, utilização
Provas aos mastros içáveis. Esta prova per- mar o bom funcionamento dos três lemes do do periscópio e do mastro optrónico.
mite testar o periscópio, mastro optrónico, ante- submarino. O leme vertical, horizontal a vante Para terminar, refira-se que está previsto o
nas de comunicações e de guerra electrónica. e horizontal a ré. Ao contrário dos anteriores regresso do “Tridente” a Kiel durante o mês de
Provas aos tubos lança torpedos; submarinos Classe “Albacora”, no “Tridente” Outubro para ser empenhado no Treino a Cais
Prova ao ejector de sinais, fundamental basta um homem para manobrar o submarino e no Mar da sua primeira guarnição, que se
para o submarino possa indicar a sua posição em rumo e em cota ou profundidade, através prevê estar concluído no início de 2010.
em situação de perigo. da utilização de um único comando seme- Será então sujeito a um período destinado
Em simultâneo com as provas a cais, houve lhante ao dos aviões; ao seu apresto final, prevendo-se a sua entre-
necessidade de preparar o pessoal da Missão Ar de emergência aos tanques de lastro – ga ao Estado Português durante o primeiro tri-
de Construção dos Submarinos (MCSUB) para este sistema é fundamental para que o submari- mestre de 2010.
as provas de mar, de acordo com as regras da no possa ganhar flutuabilidade positiva a vante, Z
marinha mercante alemã. permitindo a sua subida rápida para a superfície Colaboração da MCSUB
REVISTA DA ARMADA U AGOSTO 2009 15