Page 21 - Revista da Armada
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aos decisores políticos um (o) instrumento forma Continental das Nações Unidas, uma tânico, o HMS Dauntless, para o arquipélago.
poderoso e flexível de resposta rápida a uma proposta de extensão da plataforma conti Para a líder argentina o envio do navio «repre-
crise, onde quer que ela despolete. nental que incluiu as ilhas Malvinas (ver fi senta um grave perigo para a segurança nacional».
gura retirada dessa proposta). Tal ousadia,
5. O exemplo do almirante Leach, de de gerou, naturalmente, protestos diplomáticos Os britânicos tinham em 1982 uma guarni
terminação e coragem, mostra-nos que não do Reino Unido. Além disso, começou a in ção insignificante nas Falkland (70 militares).
se pode hesitar quando chega a hora de ser sistir na abertura de negociações sobre a so Habitam atualmente nas ilhas aproximada
clarividente. Há que reconhecer que o acon berania das Ilhas Falkland/Malvinas, mas o mente 3000 pessoas e uns 1500 militares. An
selhamento técnico dos militares em ques governo britânico diz que não há nada para tes da guerra os custos eram ínfimos, na déca
tões de segurança nacional, envolvendo, en se discutir, até porque não há consentimento da de 1980 passaram dos 5 milhões de euros e
tre outras, questões de política externa e de dos habitantes. Por outro lado, a Grã-Breta atualmente são de 76 milhões de euros. Têm
segurança interna é fundamental para que se nha acusa a Argentina de tentar impor um crescido ao ritmo de 2,5 milhões de euros por
tomem as decisões que melhor defendem o bloqueio à população local, ao proibir a en ano. Além disso, cada cidadão da ilha custa
interesse nacional. trada nos seus portos às embarcações com a ao Reino Unido entre 20 a 30 mil euros ano.
bandeira das Falkland.Amedida também foi
TRINTA ANOS DEPOIS adotada pelos demais países do Mercosul. Este caso não está definitivamente encer
rado, em especial depois de se terem desco
Nas cerimónias de comemoração dos 30 A disputa pela soberania das ilhas atingiu berto muitos recursos valiosos no fundo do
anos do conflito, o Primeiro-Ministro britâ um novo ímpeto no ano passado quando, no mar e de ter sido autorizada a exploração de
nico prestou homenagem ao que chamou seu discurso na 66ªAssembleia Geral das Na petróleo a uma empresa britânica. Além dis
de “heroísmo” dos soldados britânicos que ções Unidas, a PresidenteArgentina Cristina so, o Reino Unido está atento às perspetivas
libertaram as Falkland da Argentina e disse Kirchner afirmou que os recursos naturais que se estão a abrir naAntártica e precisa dos
que a Grã-Bretanha está orgulhosa por ter pesqueiros e petrolíferos das Malvinas estão seus pontos de apoio logístico.
«corrigido um erro profundo». a ser «subtraídos e apropriados, ilegalmente, por
quem não tem nenhum direito». Acrise financeira, tal como há 30 anos, está
Por seu lado, a Presidente da Argentina, a ditar cortes em vários sectores do Estado.As
Cristina Kirchner, visitou o porto de Ushuaia No campo militar também há pressão por forças armadas nunca escapam, estão sempre
para uma cerimónia de homenagem aos sol parte daArgentina e até mesmo do Brasil. Es na linha da frente. Até quando o Reino Uni
dados argentinos mortos no conflito.Aí acen tes países acusam os britânicos de militariza do vai resistir? Estaremos de novo em 1981?
deu uma «chama eterna». rem o Atlântico Sul. Por exemplo, foi muito
criticado o envio do moderno destroyer bri
Em 2009, a Argentina teve a audácia de
apresentar, à Comissão de Limites da Plata Armando J. Dias Correia
CFR
Jornadas do Conhecimento Situacional Marítimo
“Realizou-se no dia 01 de Junho, a todo o momento, mas que deve ser capaz da Universidade do Algarve, da Critical Sof
no Centro Integrado de Treino e de atuar onde e quando necessário, seja em tware, da Edisoft, do CINAV e da Faculdade
Avaliação Naval, a segunda edi cumprimento das competências que lhe são de Engenharia da Universidade do Porto.
ção das Jornadas do Conhecimento Situacio próprias, seja em apoio a outros agentes ou Com este painel procuraram conhecer-se as
nal Marítimo (CSM), dedicadas ao tema “A departamentos do Estado. Apelou por isso a atuais tendências tecnológicas e as perspeti
vigilância no domínio marítimo”. A iniciati uma maior consonância de esforços, à promo vas para o futuro.AsAcademias e a Indústria
va, preparada, em parceria, pelo EMA , SSTI ção de um ambiente de confiança e à colabo partilharam as atividades que têm em curso,
e Comando Naval, contou com a presença ração, aspetos que, em génese, consistiam o relevando que, em muitos projetos, já existe
de inúmeros convidados civis, entre repre mote das presentes jornadas. cooperação entre as comunidades.
sentantes de empresas, do meio aca
démico e militares, oriundos de di No painel da manhã, dedicado à “Vigilân Coube ao Superintendente dos
versos setores da Marinha, da Força cia e Segurança”, foram oradores o Comando Servicos de Tecnologias da Informa
Aérea e da Armada espanhola. Naval, a Força Aérea, o Instituto Hidrográfi ção, o encerramento das jornadas.
co, a Direção-Geral de Autoridade Maríti Nas suas palavras realçou a ideia de
Enquadrada pela Diretiva de Po ma e um representante do Estado-Maior da que só se conseguirá complementar
litica Naval de 2011, especificamen Armada espanhola. Com este painel, a co a presença física no mar e mitigar a
te pelo Programa Intersetorial para munidade de utilizadores, enriquecida pela relativa pequena dimensão de Portu
o CSM, a ação contemplou dois pai experiência da Marinha espanhola, procurou gal (face à dimensão do espaço ma
neis com o propósito de partilhar in apresentar as lacunas e desafios que enfren rítimo sob jurisdição nacional), com
formação, difundir o pensamento da tam no âmbito do tema das jornadas. um profundo conhecimento sobre o
Marinha sobre esta matéria e promo mar português. Salientou ainda que,
ver a troca de conhecimento sobre No painel da tarde, dedicado à “Economia ao investir nesta vertente, se estará a
o tema em apreço entre os diversos e Inovação” contou-se com oradores oriundos contribuir para o desenvolvimento
participantes. económico e cientifico nacionais. Para tal, alu
diu que é necessário transformar boas ideias
O chefe da divisão de planeamento do Es em bons protótipos, e, em última instância,
tado-Maior da Armada deu as boas vindas em bons produtos que as empresas nacio
aos presentes e fez uma pequena apresenta nais possam exportar com a marca de «Por
ção, onde explorou os desafios estratégicos e tugal Nação Marítima». Por fim, agradeceu a
a dimensão das áreas marítimas sob sobera presença de todos os participantes desejando
nia, jurisdição e responsabilidade nacionais, que este tipo de iniciativas dê o mote para a
para relevar a necessidade de cooperação e de partilha de conhecimento, pois conhecimento
partilha de informação e do inerente conheci partilhado é poder.”
mento nesse espaço. Aeste propósito, salien
tou que a Marinha não tem nem a pretensão,
nem a possibilidade, de estar em todo o lado
Colaboração do EMA e SSTI
Revista da Armada • AGOSTo 2012 21