Page 9 - Revista da Armada
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No Cais das Colunas em Lisboa estão as Sarilhense e da Associação Náutica da Marina ao meio aquático e o seu uso sem restrições, ou
portas por onde entrou o destino que do Parque das Nações se dignaram solenizar seja, de libertação da via da água, manifesto vital
Portugal ousou dar ao Mundo. Foi lá com a assinatura do termo de abertura do Livro em que estão empenhados a Marinha do Tejo
este ano de 2012, a 23 de junho, o Dia da Ma- de Registos da Marinha do Tejo. e outros companheiros mareantes. Neste ano
rinha doTejo. E aí será esse Dia doravante. Com de 2012 a fraternidade mareante foi ampliada
o apoio da Marinha dos Portugueses, a Arma- No ano de 2012, este livro de Registos que pelos camaradas das rias da Galiza e dos rios
da, o empenho dos Patrocinadores, a alegria está depositado no Museu de Marinha foi tra- Minho, Lima, Cávado e Ave, da ria de Aveiro e
das festas de Lisboa e a parceria de Câmaras zido pelo seu Diretor para que o Almirante do estuário do Sado.
Municipais de Lisboa, da Moita, de Alcochete Chefe do Estado-Maior da Armada mandasse
e do Ecomuseu do Seixal, mas sobretudo, com proceder à assinatura das embarcações que fa- E porque no Dia da Marinha doTejo foi, tam-
o amor e dedicação de Proprietários, arrais e zem parte na época 2012/2013 e à entrega das bém, tempo para recordarmos com saudade
tripulações e deAssociações e Centros Náu- cadernetas e distintivos da Marinha do Tejo. dois dos nossos melhores que recentemente
ticos, assim navegou a Marinha doTejo, por
desejo de Governo de Portugal e abraço, A inscrição de uma embarcação típica no Li- nos deixaram: O Senhor Manuel Francisco
que apoia, da Marinha dos Portugueses, a vro de Registos da Marinha doTejo culmina um Amador de Matos, Proprietário e Arrais da
Armada, Pólo Vivo do Museu de Marinha. processo de aferição de autenticidade patrimo- canoa Benfica deVila Franca de Xira e o Se-
nial em que a sua operacionalização é essen- nhor José Fernandes, fundador da Associa-
Estiveram presentes cinquenta e quatro cial para a salvaguarda do mesmo património ção Naval Sarilhense foi guardado um mi-
embarcações, canoas, faluas, catraios, va- como obra de arte, como testemunho histórico nuto de silêncio em sua Memória.
rinos, de 1900 até 2011, com a sua cor, as e como forma de preservar saberes tradicionais.
suas velas, dos Fados e das Canções e dos É que a navegação, a marinharia e o trabalho Finda a cerimónia de assinatura pelos
Séculos, vieram de Abrantes, de Vila Fran- marítimo estão intimamente associados no quo- Proprietários e Arrais, o Livro de Registos
ca de Xira, de Lisboa, de Paço de Arcos e tidiano da vida marítimo-fluvial, requerendo as da Marinha do Tejo foi de novo entregue
de Cascais, de Rio de Moinhos, de Rossio atividades extintas ou em vias de extinção um pelo Almirante Chefe do Estado-Maior da
ao Sul do Tejo, de Salvaterra de Magos, de conhecimento especial que será perdido se não Armada ao Almirante, Diretor do Museu de
Alcochete, do Montijo, de Sarilhos Peque- se persistir na continuidade da sua prática, o que Marinha para ficar em exposição e à guar-
nos, da Moita, de AlhosVedros, do Seixal e contribuirá para a conservação e recuperação da do Museu.
do Ginjal em Almada. São um atractor, um de artefactos, mesteres e usos tradicionais. Im-
Pólo. O Pólo Vivo do Museu de Marinha. porta, portanto, ver reconhecido um conceito A razão de ser da Marinha doTejo são as
Vieram, de novo, ligar o Mar, a Terra, o Ar adequado de embarcações tradicionais que pri- embarcações típicas, com os seus proprie-
e a Luz na beleza da quintessência que Lisboa vilegie a autenticidade e funcionalidade e ao tários e os arrais que conjuntamente com
tem. E daqui se descobriu o Mundo, afinal com mesmo tempo acautele a sua sustentabilidade. os camaradas as mantêm vivas e autênticas,
um só Oceano, e através dele se ligaram, pela Todavia, todo este esforço pode ser infrutífero se gente simples, que quotidianamente assu-
primeira vez, todas as raças da Humanidade. previamente não for assegurada a acessibilidade me os valores mais profundos do património
do Tejo com cor e alegria, sem esquecer to-
Foram recebidas pelos Almirantes Chefe do dos quantos nele lutaram e labutaram, ontem
Estado-Maior da Armada, Comandante Naval, e hoje, exemplo magnífico de fraternidade, de
e Diretor do Museu de Marinha e pelos Capi- esperança e de partilha. Neste ano de 2012,
tão do Porto de Lisboa e Comandante da Base simbolicamente, refez-se a ligação até Abran-
Naval de Lisboa, a quem foram dadas as boas tes e Rossio ao Sul do Tejo com a presença do
vindas pelo Almirante Castanho Arrais de embarcações de água acima, Senho-
Paes, Presidente da Assembleia Ge- res Armando Ferreira e Jacinto Abreu. Os últi-
ral da Marinha doTejo e pelo CALM
Pinto Bastos Saldanha, Presidente da mos que fizeram até 1950Abrantes,
Direção da Marinha doTejo. Estive- barra fora.Aliás, a prova viva com os
ram presentes os Presidentes das Câ- que lá estavam de vinte anos de que
maras da Moita e Lisboa, bem como com a Marinha dos Portugueses, a
o Secretário de Estado do Mar e o Armada, a Marinha doTejo estão em
Chefe da Representação da Comis- estuários e no Mar e esperam que
são Europeia em Lisboa. outros entendam que só, de quando
em vez, são dos estuários e do Mar.
A Marinha do Tejo, uma realida-
de longeva anterior à Nacionalida- Ficou bem patente que, na Ma-
de, reencontrou-se simbolicamente rinha do Tejo, parte humilde, grata
no Século XXI, no dia 28 de junho e tão honrada por ser recebida e
de 2008, em cerimónia pública rea apoiada no seio da Marinha dos Por-
lizada no Cais de Pedra da Moita tugueses como PóloVivo do Museu
que Suas Excelências o Secretário de Estado de Marinha, sabemos que se no Cais
da Defesa Nacional e dos Assuntos do Mar, das Colunas em Lisboa está o Cais
Dr. João Mira Gomes, o Chefe do Estado-Maior da Europa que ousou dar destino ao
da Armada, Almirante Fernando Melo Gomes, Mundo. Foi nas canoas, nas faluas, nos catraios
o Presidente da Câmara Municipal da Moita, e nos varinos que foram transportadas pelaVia
Eng. João Lobo, o Presidente da Academia de da Água, gentes, bens e o essencial da vida.
Marinha, Almirante António Ferraz Sacchet- Mas foi, sobretudo, nelas e nos Navios da Ar-
ti, o representante da Sociedade de Geografia mada que carregámos por Portugal, a História,
de Lisboa, o Diretor do Museu de Marinha e a Cultura e a Fé que estão atracadas aos cais do
os presidentes da Associação dos Proprietários Tejo e a todos os cais e docas que Portugueses
e Arrais das Embarcações Típicas do Tejo, do espalhámos pelo Mundo.
Centro Náutico Moitense, daAssociação Naval
Revista da Armada • AGOSTO 2012 9