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REVISTA DA ARMADA | 483

ACADEMIA DE MARINHA

Sessão solene de entrega do

Prémio «Almirante Sarmento Rodrigues»

Em 14 de janeiro, em sessão solene presidida pelo Chefe do           Fotos 1SAR FZ Horta Pereira
   Estado-Maior da Armada, foi entregue o Prémio «Almirante
Sarmento Rodrigues» de 2013, e foi apresentada uma comunica-                                        Após a muito aplaudida comunicação do Professor Doutor
ção pelo académico Adriano Moreira.                                                               Adriano Moreira, o CEMA proferiu breves palavras, nas quais
                                                                                                  salientou a importância do papel que a Academia de Marinha
   Após agradecer a presença do Almirante CEMA, o Presidente                                      tem desempenhado e continuará a desempenhar na difusão cul-
Nuno Vieira Matias usou da palavra para saudar os familiares do                                   tural do mar e dos assuntos com ele relacionados.
Almirante Sarmento Rodrigues, que se encontravam presentes,
fazendo de seguida a apresentação das obras premiadas.                                                                                      Colaboração da ACADEMIA DE MARINHA

   A cerimónia prosseguiu com a entrega do Prémio Almirante
Sarmento Rodrigues/2013, atribuído ex aequo às obras “O fim
das naus e a Marinha de transição – Um Inquérito da Câmara
dos Deputados (1853-1856)” e “Do controlo do Mar ao contro-
lo da Terra. A Marinha entre a acção contra o tráfico negreiro e
a imposição de soberania portuguesa no norte de Moçambique
1840-1930”. Os autores, respetivamente o académico Fernando
Carvalho David e Silva e o Dr. João Moreira Freire, receberam os
prémios das mãos de uma das filhas do Almirante Sarmento Ro-
drigues, patrono do galardão.

   Seguiu-se a apresentação de uma comunicação pelo académi-
co honorário Adriano Moreira, intitulada “A Renovação do Con-
ceito Estratégico Nacional e o Mar”.

   Começando por dizer que a “redescoberta de que um Esta-
do, sobretudo quando baseado na comunidade de afetos que é
uma Nação, precisa de um conceito estratégico nacional”, o Prof.
Adriano Moreira prosseguiu com vários exemplos de redefini-
ções daquele conceito ao longo da história do nosso país, em que
a política foi orientada no sentido de consolidar a independência
nacional e a reconquista, e se olhou pela primeira vez para o Mar
definindo aquilo a que hoje se chamaria o Conceito Estratégico
Nacional (CEN).

   Após as duas guerras mundiais, o período colonial, a nossa inte-
gração europeia e o fenómeno da globalização, urge encontrar –
disse o Professor – um CEN em que o mar desempenhe um papel
fulcral. Referiu a importância que outros países, como o Brasil, os
EUA e a China, têm atribuído ao mar e o consideram como um valor
estratégico fundamental, e assim vão redirecionando a sua política
geoestratégica em conformidade.

   Quanto à União Europeia e à sua política marítima, disse não ha-
ver quaisquer dúvidas que caberá ao nosso país, independentemen-
te da atual conjuntura económica, um papel fundamental, sendo do
máximo interesse que Portugal o faça sentir junto da comunidade
internacional, nomeadamente a União Europeia e a OTAN.

   Ao mar estará certamente reservado um papel crucial no sentido
da Humanidade aí encontrar recursos que poderão ajudar a salvar o
planeta, compensando as agressões ambientais a que tem conduzi-
do alguns excessos do desenvolvimento.

   É precisamente nesta área de pesquisa dos recursos do mar
para a protecção ambiental e da riqueza da biodiversidade que
Portugal, com as suas Universidades e com a sua Marinha, tem
toda a capacidade para produzir contributos de elevada qualida-
de técnico-científica.

   Referindo-se ao atual momento que vivemos sob a tutela da
Troica, o orador expressou o seu desejo de que as preocupações
decorrentes da imperiosa necessidade de controlo orçamental não
sirvam de pretexto para destruir a identidade nacional e levem a
que a UE e a Espanha passem por cima dos nossos legítimos interes-
ses, na mesma linha de atuação que conduziu à questão do mapa
cor-de-rosa, no século XIX.

16 MARÇO 2014
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