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REVISTA DA ARMADA | 483

e moral destinado a conduzir os formandos ao patamar que é         Fotos 1SAR FZ Horta Pereira
exigível a quem quer ser Fuzileiro.
                                                                                                   É de salientar também o desenvolvimento das perícias de
  A preparação para as novas exigências começou com as aulas                                    remo exigidas a qualquer fuzileiro, materializada na descida
de Educação Física, culminando com os crosses dos 6, dos 9 e                                    do rio Sado, desde Alcácer do Sal até às Instalações Navais de
dos 15 km, com arma, a travessia da pista de lodo, a defesa pes-                                Troia, na Península de Troia, que inclui navegação em botes,
soal, o fast-rope e o rappel.                                                                   patrulhas em águas interiores e inúmeros embarques e desem-
                                                                                                barques, diurnos e noturnos, em costa aberta.
  A técnica de tiro foi aperfeiçoada, nomeadamente com es-
pingarda automática G3, e desenvolveram técnicas de manu-                                         O ponto alto do curso é o exercício final, designado por Mar
seamento de armamento coletivo (metralhadora ligeira MG3,                                       Verde, onde os formandos colocam em prática, durante 10
canhão sem recuo Carl-Gustaf e morteiro de 60mm) e de utili-                                    dias e em ambiente de campanha, todas as técnicas, táticas e
zação de minas, armadilhas e explosivos.                                                        procedimentos apreendidos durante os nove meses de curso.

  Sendo um curso de cariz muito técnico e prático, a formação                                     Nesta altura, já com a Boina Azul Ferrete no pensamento, o
ministrada contou com a aplicação consolidada nos diversos                                      desafio final, após 10 dias de intenso desgaste físico e psicoló-
exercícios de campo. Estes estão encadeados de forma evolu-                                     gico: a marcha dos 50 km, com a mochila módulo de marcha,
tiva, desde a componente mais técnica e individual, passando                                    que termina com a chegada à EF, onde os futuros fuzileiros são
pelo emprego dos diversos sistemas de armas já referidos, até                                   recebidos, em ambiente de satisfação e de orgulho, pelos for-
uma componente mais tática onde o enfoque é a aplicação das                                     madores, familiares e amigos.
diversas valências colocadas à disposição do formando.
                                                                                                                         Colaboração do COMANDO DO CORPO DE FUZILEIROS
  Nos primeiros exercícios o formando adquire as ferramen-
tas mais robustas do foro psicológico, que lhe permitam, em
situações de stress de combate, ser uma mais-valia para a so-
brevivência coletiva e não um problema para o grupo. Para tal,
é ensinado a utilizar o equipamento individual de combate, as
técnicas de camuflagem, de marcha e de proteção individual,
sendo, em simultâneo, submetido a situações distintas do dia-
-a-dia, como os graus de prontidão e a famosa ração de comba-
te, que o acompanha até ao final do curso.

  A partir de julho todos os exercícios de tiro passaram a ser
realizados com munição real, incluindo as armas coletivas e os
disparos de munições de Carl-Gustaf.

  Terminada a fase técnica, que inclui aulas de comunicações
táticas, iniciou-se a fase tática do curso com o exercício da de-
fensiva, em conjunto com o Estágio do 5º ano dos alunos da
Escola Naval, que visa a prática das funções de comandante de
pelotão.

  Os formandos praticam todas as perícias de combate e de so-
brevivência, desde patrulhas de combate, de reconhecimento,
de combate em áreas edificadas e de operação e sobrevivência
em ambientes Nucleares, Biológicos, Químicos e Radiológicos.

                                                                                                MARÇO 2014               9
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