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REVISTA DA ARMADA | 522
CAÇA-MINAS ROBERTO IVENS
EVOCAÇÃO DO AFUNDAMENTO (1917-2017)
o passado dia 26 de julho, a Marinha realizou uma
Ncerimónia militar a bordo do NRP Bartolomeu Dias,
evocativa do afundamento do seu primeiro navio per-
dido na Grande Guerra por ação inimiga. Esta cerimó- Foto: CAB A Evans de Pinho
nia, que contou com a presença do Primeiro-Ministro,
Doutor António Costa, e do Ministro da Defesa Nacional,
Professor Doutor José Azeredo Lopes, serviu para evocar
o afundamento do arrastão, convertido em caça-minas,
Roberto Ivens, perdido em “combate” contra uma das
cerca de meia centena de minas que os submersíveis
alemães colocaram ao largo de Lisboa. Na explosão que
afundou o caça-minas, perderam a vida, para além do
seu comandante, o então 1TEN Raúl Cascais, outros 14
elementos da guarnição.
Na cerimónia estiveram presentes os investigadores
do Instituto de Arqueologia e Paleociências/Instituto
de História Contemporânea da Universidade Nova de
Lisboa, responsáveis pelos estudos que levaram à identificação No dia anterior, e com o objetivo de enquadrar o momento his-
dos destroços do navio, e cuja localização ocorreu em 2016, tórico do trágico evento, realizaram-se um conjunto de palestras
através dos meios do Instituto Hidrográfico. Estiveram também evocativas, que decorreram no Pavilhão das Galeotas do Museu
presentes a bordo da fragata alguns familiares de Raúl Cascais, de Marinha, e que elucidaram os presentes acerca dos trabalhos
que ficaram muito sensibilizados com a cerimónia, que incluiu que levaram à identificação do local onde repousam os despojos
o lançamento ao mar de uma coroa de flores, no local de afun- do navio e dos trabalhos que a Marinha também tem realizado no
damento, em simultâneo com a execução de tiros de salva pelo âmbito da salvaguarda, estudo e valorização do Património Cultural
NRP João Roby. Marítimo Contemporâneo em águas nacionais.
PATRIMÓNIO CULTURAL MARÍTIMO NA
ENTRADA DA BARRA DE LISBOA
PROTOCOLO DE COOPERAÇÃO
pós a cerimónia e ainda a bordo da fragata Bar-
Atolomeu Dias, foi assinado um protocolo entre a
Marinha e os municípios de Almada e de Cascais, com
o principal objetivo de impulsionar e implementar a Foto: CAB A Evans de Pinho
cooperação entre os signatários, no que se refere ao
estudo, identificação e valorização do Património Cul-
tural Marítimo e da Paisagem Cultural Marítima na
entrada da barra de Lisboa. Pretende-se que este desi-
derato seja alcançado através da realização conjunta de
projetos de investigação histórica e arqueológica relati-
vos à navegação e à interação entre o Homem e o Mar
nessa importante área.
Para os municípios de Almada e de Cascais este tipo
de protocolo permite materializar medidas concretas no
âmbito da gestão, salvaguarda, estudo e valorização do
património arquitetónico e arqueológico dos concelhos,
contribuindo, deste modo, para o conhecimento das res-
petivas histórias locais. Irá também possibilitar a valorização e o âmbito da navegação e de outras realidades relacionadas com a
aproveitamento turístico-cultural deste património marítimo. interação entre o Homem e o Mar, para a área da barra de Lisboa,
Da parte da Marinha, irá competir à Escola Naval, através do em particular.
Centro de Investigação Naval (CINAV) e, mais concretamente, do
Programa de Investigação em História e Arqueologia dos Con- Alves Salgado
flitos (HistArC), a execução de um projeto de investigação no CMG
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