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REVISTA DA ARMADA | 522






























            este ano em que a Marinha celebra o   dirigíveis editado nos Anais do Clube Militar   maioria oficiais do Exército, da arma de Enge-
         Nseu sétimo centenário, celebra-se tam-  Naval,  da  autoria  do  2TEN  José  Nunes  da   nharia, mas logo começou a atrair a si outros
          bém o primeiro centenário da criação da sua   Mata, no qual o autor, embora num estilo   militares e civis entusiastas da causa do ar,
          Aviação Naval, outra forma inovadora que a   algo romantizado, faz previsões muito inte-  entre eles alguns oficiais da Armada, aliás,
          Marinha adotou para que Portugal pudesse   ressantes  sobre  aquilo  que  mais  tarde  se   entre os 30 sócios fundadores encontramos
          assegurar o uso do seu mar, numa época em   designaria de poder aéreo e aviação comer-  logo o 2TEN Eduardo Lopes Vilarinho.
          que este estava seriamente ameaçado.  cial. Até 1917, os Anais iriam publicar mais   Para além de cativar o interesse da imprensa
           Em 28 de setembro de 1917, é promul-  outros quatro artigos sobre aviação e aeros-  e opinião pública na aviação, o Aero Club vai
          gado o Decreto 3395 que cria formalmente   tação naval que, não sendo uma quantidade   também influenciar a classe política. Será o
          o Serviço e Escola de Aviação da Armada. O   significativa, confirma que havia na Armada   então deputado José de Almeida que, em 26
          texto do Decreto deixa a impressão de que   oficiais a acompanhar de perto a evolução   de junho de 1912, vai propor uma lei para
          a Aviação Naval nasce de “geração espontâ-  aeronáutica, assim como confirma que está-  a criação do “Instituto de Aviação Militar”,
          nea”, apenas motivada pela urgência que o   vamos  bem  informados  relativamente  aos   num debate no qual o futuro Presidente da
          estado de guerra impunha. Sem dúvida que   seus progressos.          República  demonstra  um  nível  impressio-
          a guerra foi o principal catalisador da sua   A  aviação  chegou  a  Portugal  em  1909,   nante de conhecimento sobre o potencial do
          criação, mas só veio a acelerar um processo   pois foi em outubro desse ano que foi feita   avião nas operações navais. Em agosto desse
          que já tinha começado a dar os primeiros   a primeira demonstração de um aeroplano   ano o Ministro da Guerra vai nomear uma
          passos em 1912, em conjunto com a Aero-  no hipódromo de Belém mas, mais do que   comissão para estudar a implementação de
          náutica Militar e com grande influência do   isso, foi também em 11 de dezembro que foi   uma escola de aviação militar, e mais tarde,
          Aero Club de Portugal.            fundado o Aero Club de Portugal, instituição   em fevereiro de 1913, uma segunda comis-
           O  primeiro  “vestígio”  conhecido  do  inte-  cujo principal objetivo era fomentar e desen-  são para continuar os estudos da primeira.
          resse  na  aeronáutica  dentro  da  Marinha,   volver a aviação (civil e militar) no nosso país.   Praticamente  foram  os  mesmos  oficiais  a
          surge em 1882, através de um artigo sobre   Os  fundadores  do  Aero  Club  eram  na  sua   integrar ambas as comissões, sem grandes



























           2TEN José da Silva Migueis          2TEN Eduardo C. Lopes Vilarinho     2TEN Manuel da Cunha Rego Chaves



          18  SETEMBRO/OUTUBRO 2017
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